26 junho, 2025

Aqualuz Troia Mar


ANTECIPANDO 

Alameda do Zambujeiro, 7570-789 Tróia,





 

25 junho, 2025

A indiferença de Siza Vieira


 

Umas vezes digo que fui aluna do Siza durante 3 anos, outras vezes digo “carinhosamente” que levei com o Siza durante 3 anos. Tivemos uma relação de agitação da minha parte e indiferença da parte dele. Andei a fazer levantamentos de caixilharias no Passeio das Virtudes à chuva, para a cadeira de Construção II, com trama de milímetro a milímetro suada, com régua T e esquadro. Pendurei as peças desenhadas na parede da sala de aula , no dia da avaliação, produto de muiiitas horas de trabalho, poucas horas de sono e onde a minha vista começou a cansar. O Siza entrou na sala a fumar e deitou um olhar de relance pelos trabalhos dos alunos. Comecei a ferver em pouca água perante a indiferença dele. Tive assim alguns conflitos silenciosos, que depois se resolviam à hora do almoço na cantina, partilhando o café. Foi o prof mais teimoso que conheci, por vezes no meu desespero de não arranjar argumentos capazes, eu pensava, “Ele faz-se de burro! Este prof é impossível! Desesperante!”

Nunca esqueço a sua voz monocórdica, nas sessões realizadas no anfiteatro, a explicar o procêsso e o projêcto com o seu sotaque tripeiro.

A sua Bomba Amarela (Casa Beires) foi a maior lição de arquitectura que ele partilhou com todos os seus alunos. Tive a sorte de assistir a uma apresentação de uma obra dele, que agora não lembro, e entender exactamente a sua forma de ler e interpretar a malha urbana de uma cidade e abriu-se uma janelinha na minha cabeça que provocou uma verdadeira revolução interior, alterando todos os conceitos que habitavam o meu pensamento. De repente terminei o curso de arquitectura com a melhor nota, um dezasseis e adquiri uma visão diferente sobre os aglomerados urbanos, que me acompanha até hoje.

Visitei a Bomba Amarela diversas vezes, e tanto a piscina de Leça como a Casa de Chá fizeram parte dos meus momentos de lazer ao longo de alguns anos.

Obrigada Siza. São 92 anos. Que contes muitos mais!

O LIVRO DE PONTO

 

O LIVRO DE PONTO


 

Aprecio investigar sobre tipo de livros e chegou a vez dos famosos Livros de Ponto, que muitos de nós já utilizámos, apreciando ou não, e que na maioria dos locais de trabalho já foi substituído. As gerações mais jovens talvez nem conheçam.

O livro de ponto é um documento, geralmente físico, como um caderno, onde os funcionários registam os seus horários de entrada, saída e intervalos do trabalho. Ele serve como um controlo de jornada de trabalho e é utilizado para fins de cálculo do salário, horas extras e para cumprimento das obrigações legais de uma empresa, associação ou grupo.

O registo é manual sobre papel, e por vezes possibilita também a descrição da tarefa executada com preenchimento de um denominado sumário.

Ao nível formal, utilizam-se tabelas, ou grelhas com colunas, imprimidas antecipadamente, e devidamente identificadas para facilitar o preenchimento, por parte do trabalhador, em que a maioria das vezes só tem de colocar a sua assinatura no espaço certo.

No exterior, a capa e a contra-capa, são rígidas, de cor escura - preto, cinzento ou azul escuro - para não se notar marcas resultantes do manuseamento, onde se colava uma etiqueta branca com esquadria vermelha, centrada na parte superior da capa, constando em letra bem desenhada à mão, a identificação do livro. A lombada e as arestas do livro (cantos) são frequentemente reforçadas com papel vermelho ou cinzento.

A necessidade de registar surge com a revolução industrial. Na economia pré-industrial, o artesão detinha o controle sobre o ciclo completo de produção, desde a matéria-prima até o produto final e o lucro. A Revolução Industrial marcou uma profunda mudança nas relações de produção, com os operários perdendo o controle sobre o processo produtivo, com a divisão do trabalho e a produção em série, tornando-se meros executores de tarefas repetitivas, sob a direcção do capital.

O trabalho concentrou-se nas fábricas, onde máquinas pertencentes aos donos das empresas substituíram o trabalho manual, os operários, antes artesãos, passaram a executar tarefas específicas, controladas por máquinas e subordinadas aos interesses dos proprietários.

No início o controle de presença era feito por um operário que anotava os horários de entrada e saída dos demais trabalhadores, mais tarde havendo confiança de ambas as partes, era o próprio trabalhador que geria o seu registo.

O livro de ponto é importante para a empresa e para os funcionários, evitando conflitos laborais:

Para a empresa, ajuda a garantir a organização e o cumprimento das leis sobre o trabalho, além de auxiliar no cálculo correto da folha de pagamento.

Para o funcionário, garante que as suas horas trabalhadas sejam registadas correctamente, permitindo o recebimento justo pelo seu trabalho, incluindo horas extras.

Em 1888, Willard Bundy construiu o primeiro relógio de ponto em Nova York, nos Estados Unidos, deixando de haver o registo em papel e passando a ser mecânico, com um dispositivo que utilizava cartões perfurados para registar a entrada e saída dos trabalhadores, substituindo o registo manual feito por outro funcionário

O controle de ponto electrónico é um modelo ainda mais moderno, que possibilita ao funcionário o registo da sua presença através do relógio de ponto biométrico - tecnologia que regista a localização do funcionário no momento em que ele marca o ponto (lá se vai a privacidade!). Combina o registo laboral com a tecnologia GPS no ponto da sua marcação.

A evolução do relógio de ponto adaptou-se à era digital. Agora o registo de horas pode ser feito pelo computador ou pelo telemóvel do funcionário, sendo ainda mais benéfico na situação do teletrabalho.

Voltando ao livro de ponto físico, um livro totalmente preenchido ou esgotado era substituído por outro e outro e assim sucessivamente, o que exigia grandes arquivos para guardar os livros esgotados, os denominados arquivos mortos, verdadeiros cemitérios de uma organização ultrapassada.

Publicado em NVR 25|06|2025

"SER DOIDO-ALEGRE, QUE MAIOR VENTURA!" - António Aleixo



Voz: Anabela Quelhas


23 junho, 2025

"NUAMENTE TEMPO" - Maria Teresa Horta

 


"NUAMENTE TEMPO" - Maria Teresa Horta

Voz: Graça Vilela

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21 junho, 2025

MAGNA PLAZA - Amesterdão

 

Construído em 1899 como agência dos correios por CP Peters, foi convertido em shopping center em 1990 e renomeado por Magna Plaza.








18 junho, 2025

"MINISTROS DA NOITE" de Ana Barradas


 Participação no Karranca às quartas

OIÇA AQUI

"Por aqui ninguém tem sangue puro"

 

"Por aqui ninguém tem sangue puro" 


"Por aqui ninguém tem sangue puro" disse Lídia Jorge no dia de Portugal, senhora de 78 anos, membro do Conselho de Estado, escolhido pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, para o período de 2021 a 2026.

Entendi o discurso de Lídia Jorge tão impactante e tão importante que decidi lembrá-lo aqui, reforçando e refrescando a memória dos mais esquecidos, condenando o racismo e a falta de cultura sobre a nossa identidade. Este 10 de Junho teve um sabor entre o mel, a mostarda e o limão, como se nos estivéssemos a despedir da democracia, o que me entristeceu, mas isso é outro assunto.

No século XVII, cerca de 10% da população portuguesa tinha origem africana, resultado do tráfico de escravos trazidos pelos portugueses, não de invasões. Essa história de “sangue puro” é falsa, pois todos somos um mix de diferentes origens: nativos, migrantes, europeus, africanos, brancos, negros e outras cores. Somos descendentes tanto de escravos quanto de senhores, de piratas e de vítimas de roubos, de pessoas cruéis e de misericordiosos. A nossa identidade é uma mistura complexa e diversa, fazer o quê? Resta-nos apostar na diversidade e na riqueza multicultural de que somos feitos e sentir orgulho pela nossa história, porque mesmo nos momentos mais sombrios do Império, estavam em sintonia com mundo daquela época.

No dia 10 de Junho, em Lagos, uma escritora destacou a importância de reconhecer a história e a diversidade cultural de Portugal, interligando o centenário de Camões. Na sua intervenção, abordou o passado esclavagista do país, lembrando que essa história faz parte da nossa identidade colectiva. Também salientou a miscigenação que caracteriza o povo português, afirmando que “aqui ninguém tem sangue puro”. Claro que o seu discurso não foi bem acolhido por aqueles que pensam diferente e nem conhecem bem a História de Portugal para poder rebatê-la e alimentar a sua indignação e protesto. De imediato partes do seu discurso foram manipuladas e divulgadas nas redes sociais, passando a ideia exactamente oposta da intenção da escritora.

Cada um de nós é uma soma de origens ao longo a da história. Lídia focou o seu discurso em Camões, e toda a complexidade que se vivia na época de Camões, porém, a questão das origens leva-nos ainda mais longe. Sabemos que muito antes dos Descobrimentos, ainda Portugal não era Portugal e o nosso território já tinha sido ocupado por romanos, visigodos, suevos, vândalos, alanos, e posteriormente pelos mouros (árabes e berberes).

Ou seja, defender qualquer teoria da diferença entre seres humanos que vivem actualmente em Portugal é uma grande falácia, que não pode nem deve justificar manifestação de ódios racistas actuais.  Apenas somos uns mais altos e outros mais baixos, uns mais magros e outros mais gordos, mas o que nos corre nas veias é um fluido completamente misturado de cor vermelha, chamado sangue policromático, que se divide apenas em tipo A, B, AB e O, constituídos por plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas. Isto é o que a ciência nos diz. Mesmo aqueles que consideram ter sangue azul, é simplesmente vermelho e não encarnado! (ironia)

Todos somos descendentes dos invasores da Península Ibérica, e somos descendentes tanto dos escravos como dos senhores que os escravizaram, somo feitos de emigrantes e imigrados, de fortes e de fracos, de ignorantes e de sábios, de homens e mulheres, de pobres e de ricos, o que nos deve levar a praticar a tolerância, a inclusão e o respeito pelo outro.

"Por aqui ninguém tem sangue puro" (e para que raio alguém quer o sangue puro?!) Nem todos são portugueses, mas todos somos seres humanos.

Publicado em NVR 18|06|2025

"BALADA DA NEVE" - Augusto Gil

 


"BALADA DA NEVE" Augusto Gil

Voz: Manuel Afonso

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