22 outubro, 2025

A política está complicada.

 


A política está complicada.

Palestina | Israel - um acordo frágil, já ninguém acredita em nenhum dos lados, nem em Trump. Nós, ocidentais, não percebemos nada sobre este assunto milenar sem solução satisfatória para as partes.

É urgente a paz!

Trump é vaidoso, gostaria mesmo de um Nobel da Paz, mas penso que terá de se portar bem, durante algum tempo. Génio diplomático? Será? A caneta que assina documentos é daquelas, cinco ponto zero, adequada a míopes, e ele gostaria muito de a usar em Oslo.

[A propósito de Nobel, Lobo Antunes, mais uma vez ficou para trás – falta-lhe uma Pilar.]

Temos uma pausa, temos um cessar-fogo precário, mas não vislumbro nenhum acordo de paz. Espero estar enganada. O que haverá após um nó cego, a guerra, o caos, o inferno? O que vem aí? Não faço ideia. Talvez seja o fim do mundo; o recomeço com a fisga, a pedrada, o arco e a flecha é uma probabilidade.

Agora nós!

Favaios sai vencedor e muito bem, visivelmente mais bem preparado do que os outros, mas com pouco destaque nos orgãos de informação nacionais. Portugal continua a ser Lisboa e Porto e se querem que eu seja franca, às vezes até penso que se vive melhor assim – pensamento geriátrico que me ataca as articulações no início do Outono.

Digeridas as autárquicas apresentam-se os preparativos para as presidenciais. A sociedade movimenta-se.

Sinto-me perplexa, confusa, por vezes ponho em causa a minha própria lógica.  Não aprecio nenhum dos candidatos, por diversos motivos. Acho que vou deixar de ter leitores e espero que não me insultem na rua. Considero que nenhum tem perfil de líder carismático, capaz de seduzir multidões, com boas estratégias e bons projectos enquadrados nos poderes presidenciais. Aguardo que me façam mudar de ideias, não conheço nenhum pessoalmente, nem fora do rectângulo do meu computador.

Li num semanário:

Homens de meia-idade estão com o almirante.

Marques Mendes conquista as mulheres. (acrescento: não sei por quê)

Seguro é o preferido dos mais jovens e dos mais velhos.

O Outro, digo eu, uma incógnita.

Já me vejo a comer sapos e a engoli-los numa segunda volta, quiçá numa primeira, rematando com embalagem de kompensan-S durante todo o mandato.

O que me inquieta, e traz-me preocupada, é que aprecio mais Rui Rio e Rui Moreira como mandatários de diferentes candidatos, do que os próprios candidatos. Isto não é normal! Isto é uma inversão das circunstâncias. Nunca me aconteceu, estou a ficar com síndroma presidencial, ou insensibilidade a argumentários dejá vu, ou visão raios X Blimunda do século XXI.

Ainda faltam 3 meses, será melhor marcar consulta no psiquiatra, para meditar do divã e fazer uma regressão, para melhorar o meu auto-conhecimento? Juro que gostaria de dar o peito às balas por um candidato, mandar imprimir uma t-shirt com o rosto de um deles, distribuir panfletos, acenar com bandeirinhas e até inventar umas palavras de ordem para gritar nalguma manif. Mas não dá, estou desmotivada.

Manuel João Vieira de novo?

Para ampliar a minha desolação, Raquel Varela é dis(des)pensada (pedida) e pretendiam substituí-la pelo influencer Gonçalo Sousa, amuado daquele partido que faço questão de não escrever nunca o nome, com pensamento altamente corrosivo sobre vários assuntos, auto-titulado macho tóxico.

Venha o Almirante e os kompensans!

Vou mazé ouvir o organista Przemyslaw Kapitula – uma das coisas muito boas desta cidade, que poucos usufruem, porque não querem. E depois vou jantar, num sítio onde se possa cear por volta das 23h, que ainda não sei onde será. Há pouco por onde escolher, para além do famigerado hambúrguer. Lá se vai o glamour de uma ceia, após um concerto, em boa companhia.

Publicado em NVR 22|10|2025

AMOR ÓDIO


 

"TIMIDEZ" - Cecília Meireles




Voz: João Carlos Carranca

20 outubro, 2025