“Lino, chegou a tua hora.
A tua vida há tantos meses sofrida,
numa batalha de enfermarias,
hospitais,
recobros e recaídas,
soros e morfinas,
chegou ao fim.
Ceifaram-te a vida.
A maldita doença desconstruiu-te
por dentro e por fora,
sem dó nem piedade,
subtraindo-te a este mundo
em completa solidão,
num hospital qualquer.
Recordo os nossos momentos,
de alegria,
de rebeldia,
de garra,
numa amizade multifacetada
iniciada na nossa casa de família,
bordada de infantilidades
e muitas gargalhadas.
Brincávamos às escondidas
e a vida parecia não ter fim.
Partiste.
Partiste sofredor, muito.
Partiste mártir.
Nesta manhã gélida e sombria,
deito pelo mar do Marão
um olhar molhado de despedida de ti.
Não temos pressa,
mas, espera-nos à porta do Paraíso.”
Anabela Quelhas
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