08 janeiro, 2021

ANO 2021

 


            A mudança de ano chegou sem grande festa. Ninguém manifesta nostalgia na despedida, apesar da única boa do ano 2020, as eleições norte americanas. Todos querem passar para o novo ano com esperança que será melhor que o anterior.

            Desde a tarde que nos chega a informação da passagem de ano na Austrália e na Nova Zelândia, através de imagens de um grande espectáculo com fogo de artifício, digno da escala das suas grandes cidades cosmopolitas.

            Por aqui as ruas apresentam-se quase vazias, sem brilho, com os cidadãos recolhidos em  casa, tristinhos a brindar com aqueles que veem todos os dias. Às zero horas alguns soltam a partir dos quintais, uns mini foguetes com efeitos especiais mínimos comprados nas lojas dos chineses e engolem sofregamente, as passas, alinhando desejos, uns anticovid, outros inconfessáveis e impacientes com as rotinas familiares geradas pelo confinamento. A televisão propaga em surdina a sua programação, para onde alguns fixam o olhar para matar o tempo e o ano velho, repleto de sofrimento e más surpresas. O recato, o receio, a cautela  e o civismo foram levados a sério, em pequenas festas reprimidas. Todos anseiam pela  vacina anti-covid, para tudo voltar a normalidade. As temperaturas não convidam para sair. Ainda bem

            Alguns rumaram aos hotéis para passar o fim de ano e o fim de semana num glamour condicionado, refeições gourmet, muito luxo e certamente pouca diversão.

            Consulto a Maya e as suas previsões para o signo Peixes, diz ela que temos a carta do eremita que indica que os Peiixes têm que fazer pausas na sua vida….(ainda mais?) Tudo tem que ser ponderado. Nada virá ter com os Peixes. Têm que criar estratégias, os Peixes vão estar na mão dos outros e terão um envelhecimento precoce, atenção ao reumático. Devem recuar, ponderar e contrariar a impulsividades.

            Passo os olhos pelas notícias de forma aleatória:

·      Covid, covid, covid,…

·      O Terreiro do Paço veste-se de efeitos luminosos com as cores da União Europeia (UE) para assinalar o início da presidência portuguesa;

·      Espectáculo nocturno com drones – Escócia;

·      Bruno Fernandes imparável:

·      Os desentendimentos da escolta das vacinas entre GNR e PSP;

·      Anunciam-se 11 feriados de 2021, que calham durante a semana;

·      A Serra da Estrela a produzir neve artificial, numa paisagem quanto a mim deprimente, apenas polvilhada de neve, e as famílias a inventar que estão numa estância de ski;

·      A grande interrogação, a economia portuguesa conseguirá recuperar?

·      Os Fundos Europeus de Recuperação terão impacto visível?

·      WhatsApp deixa de funcionar em milhões de telemóveis em Janeiro;

·      Informações falsas nos currículos não resultam;

·      O pai de Boris Johnson opta pela nacionalidade francesa porque quer continuar a ser europeu;

·      Para visitar o Reino Unido é necessário ter passaporte a partir de Outubro de 2021;

·      O Programa Ronda da Caridade da LBV, continua a apoiar os sem- abrigo;

·      Durão Barroso inicia funções de presidente na Aliança Global para as Vacinas (ui, desde a Cimeira das Lajes, tudo o que faz este senhor soa a alarme);

·      Electricidade mais barata e pão mais caro;

·      Ajuda humanitária portuguesa chega à Croácia;

·      Amanhecemos com a notícia do desaparecimento do fadista Carlos do Carmo;

·      Luto nacional para segunda-feira;

 

“ Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia...

Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia.

Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, morria.

Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia,

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia.

E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria,

E nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia.

Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia...”

Canção de Carlos do Carmo (poema de Ary dos Santos)

Publicado no NVR em 6/01/2021

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