31 agosto, 2021

Amesterdão


 

Escultura Bratislava


 Em Bratislava em 2017, numa manhã com um pouquinho de chuva. 

25 agosto, 2021

O C-17


 

O C-17

              As imagens transmitidas pela televisão e web são aterradoras.

              A fuga desesperada aos talibans que ocuparam pela força, Cabul, tiradas no aeroporto chegam a ser surreais.

              A terra é deles, mas o terror gera solidariedade que deve falar todas as línguas e ser transversal ao universo.

              Apesar de se apresentarem agora 20 anos depois, como mais moderados e respeitadores, não queria estar na pele daquela gente, especialmente sendo mulher.

              O aeroporto abarrotava de gente e o que mais me impressionou, foi a invasão da pista e as pessoas subirem para o avião ou agarrarem-se na parte exterior do mesmo, em atitude de desespero, mesmo sabendo que do lado de fora do avião ninguém iria conseguir sair dali. Chama-se a isto a fuga para a sobrevivência. Uns caíram, outros foram atropelados e outros morreram. Alguns conseguiram levantar voo e ainda sobrevoar Cabul e caíram. Outros ficaram esmagados na descolagem. 

              A imagem do interior do avião parecer ser fake, mas o drama persiste. 640 pessoas a bordo deste avião preparado para uma lotação de 100 pessoas, e mais uns milhares, retiradas noutros aviões nos dias seguintes. O C-17 foi uma amostra para o mundo.

              Neste conflito, nunca sei qual é o lado da razão, nunca conheço todos os antecedentes, nem as estratégias da política internacional. Sinto-me pequenina e frequentemente manipulada, apesar do meu esforço de clarificar questões, mediante este gigantesco tabuleiro de xadrez. São os americanos, é a Rússia, são os mujahidins, é o Osama Bin Laden, é a Al-Qaeda, é a revolução afegã...  desconheço quem é a dama, o rei, os cavalos, os bispos e as torres, porque umas vezes são uns, outras vezes são outros, oscilam entre as pretas e as brancas e o tabuleiro quadriculado é um espaço ilusório e disforme, cheio de buracos negros, armadilhas e diplomacias internacionais trilhadas em caminhos miméticos e violentos. Cada um tem o seu valor e o seu movimento, ora em ataque, ora em defesa...só reconheço os miseráveis peões, as mulheres e as crianças, seres considerados menores e sem direitos, que sofrem abusos constantes, sem poderem ter uma vida digna e livre, ou melhor, se podem, na verdade, resistir e sobreviver – um drama humanitário. Por vezes tudo parece tranquilo e equilibrado até que um xeque-mate surpreende a nossa inércia boçal, sempre com a tradução em sofrimento dos peões.

              Cada vez mais gosto de viver onde vivo, onde tudo se poderá resumir, se a avenida tem árvores ou não, se temos um rego com vaporzinhos e qual a sua função, para que servem passeios tão largos na minha rua, onde não passa ninguém, as reclamações do condutor do carro dos bombeiros contra a rua larga, de acesso estreito, o muro do tribunal, o banco corrido que parece a espera da “carreira”, a calçada à portuguesa que foi à vida...

              Ufa, gosto mesmo disto, desta paz tão pouco problemática e destes confrontinhos de cacaracá, que não matam, nem ofendem ninguém. 

              Não quero outra vida!!! Como sou feliz!

Publicado em NVR, 25/08/2021

24 agosto, 2021

Carralcova



Carralcova (Arcos) - antecipando e repetindo.

Quando o silêncio completa a nossa agitação, o bálsamo dos desencontros transforma-se em diversos sorrisos.

Vale a pena viver. Aqui o tempo pára e passa depressa - uma ampulheta incompreensível. 
 

20 agosto, 2021

QUELHAS APARTMENT

 



QUELHAS APARTMENT

Ver e rever para passear numa das cidades mais belas do mundo - Porto.

18 agosto, 2021

ETIMOLOGIA DOS PAÍSES

Etimologia dos países

              Tive curiosidade em consultar um atlas etimológico, descobrindo a origem dos nomes dos países, para preencher tempo de ócio.

              Sempre achei piada ao nome de Irão, e todos que terminam em ão, dando-me ideia que seriam países muito grandes associando ao sufixo aumentativo, mas após estudar o assunto, descobri muita coisa interessante. A maioria dos nomes relaciona-se com as características do território, algo que ocorreu com a colonização ou ligada ao seu colonizador. Percebi que Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães apadrinharam muitos lugares e os países orientais apelam mais à essência da natureza, aos fenómenos solares e aos valores.

              Começando por Portugal, cuja origem Portus Cale remonta à sua fundação– Porto vem do latim e Cale é nome de território que curiosamente também significa porto, assim teremos um porto em duplicado, com a certeza que tem origem nas cidades do Porto e de Gaia.

              Cada investigador cria a sua teoria, com analogias e conclusões muito próprias e assim se faz a História.

              Ora vejam:

Espanha – terra dos coelhos, segundo os cartagineses encontraram este território infestado de coelhos, quem diria...

França – terra dos ferozes;

Inglaterra – canal estreito:

Irlanda – terra da fartura:

Itália - terra dos bezerros:

Noruega – caminho do Norte;

Rússia -. remadores;

México - umbigo da Lua:

Bahamas – baixa-mar;

Bermudas-sempre associei aos calções compridos, afinal o navegador espanhol que as descobriu chamava-se Juan Bermundêz;

Cayman – crocodilo;

Honduras - água profundas (funduras);

Argentina – terra da prata (argentum);

Brasil -- vermelho cor de brasa, proveniente do brésil extraído das árvores e serve para tingir. Curiosamente a bandeira nada tem a ver com o simbolismo do nome.

Bolívia – República de Simón Bolivar;

Venezuela  - pequena Veneza. Quando Alonso de Ojeda passou pela Venezuela em 1499, lembrou-se da cidade italiana por causa das casas onde vivam os indígenas, que ficavam à beira da água – ou, em alguns casos, no meio do rio, erguidas em palafitas – formando uma espécie de cidade alagada similar à europeia.

Angola – N’gola, rei;

Benin - terra do aborrecimento e da Irritação;   

Camarões – para quem gosta, aqui há em abundância;

Egipto - derivada de hūt-kā-ptah, “Templo (hut) da Alma (ka) do Deus Ptá”, marido da deusa Sekhmet na mitologia. Em grego, foi simplificado para Gea Ptah, “Terra de Ptah”, e daí virou Aegyptos.

Etiópia – terra dos bronzeados;

Gabão – sobretudo;

Libéria- livrelândia – o país foi fundado como assentamento de escravos libertados nos EUA que aceitaram retornar ao continente africano.

Irão – terra de nobres;

Bangladesh – país do sol;

Japão – terra do sol nascente;

China – império do meio;

Tailândia – terra dos homens livres;

Papua Nova Guiné - Nova África de Cabelo Cacheado

              Um dos nomes mais curiosos encontrados foi Nauru, sendo um país da Oceânia. O nome verdadeiro deste minúsculo país é “A-nao-ero” que significa “vou à praia para deixar os meus ossos”. Essa era a frase utilizada pelos primeiros povoadores, para indicar que os seus ancestrais, após vários dias de navegação, estavam a morrer quando chegaram a esta ilha, salvando a vida.

Publicado em NVR, 18/08/2021

16 agosto, 2021

CURADORIA DIGITAL DOS ARTISTAS PLÁSTICOS DE ANGOLA

 É um espaço em permanente construção, obviamente, e para o aumentar basta contactar a autora e sugerir-lhe os nomes que possam estar em falta.


Mais de duzentos artistas plásticos listados por ordem alfabética.
VER AQUI

AUTORA: Anabela Quelhas

AGRADECIMENTOS: João Pedro Fonseca e Tomás Gavino Coelho.

13 agosto, 2021

SEXTA-FEIRA 13 - DESENKELHANDO








Costumamos dizer que amigos de verdade são os que estão ao teu lado em momentos difíceis... Mas não!
Amigos verdadeiros são os que suportam a tua felicidade!





 

11 agosto, 2021

GUIÃO


Pintura: Anabela Quelhas

 GUIÃO 

              É tempo de passear e fazer visitas a exposições e museus.

              Como devemos agir perante estas visitas em que seremos invadidos por muita informação que não dominamos?

              Entramos ou fugimos?

              É sempre melhor entrar e aceitar todos os estímulos a que vamos ser sujeitos.

              Quem não tem formação artística, fica inseguro não sabendo distinguir o que é mais importante e receia sair dali com a sensação de não ter aproveitado na totalidade esta experiência tão particular.

              Se a visita foi programada, aconselho a que leia antes, algo sobre o que irá ver, porque assim já possuirá antecipadamente, um complemento de informação, permitindo-lhe aproveitar melhor a visita.

              Não gosto de áudio-guias, porque sei selecionar o que me interessa, mas o áudio-guia dar-lhe-á informação organizada e no tempo certo.

              Certamente será surpreendido por alguma coisa, porque normalmente, estes são espaços onde a criatividade abunda. Deixe-se surpreender, ou até emocionar, mesmo que não entenda as razões, abra o seu coração e a sua mente, para que a emoção se instale dentro de si. Depois tente perceber o que sente e como a mensagem o afectou, primeiro a emoção e depois a razão.

              Nunca tente memorizar tudo, porque somos humanos e a nossa capacidade de concentração e memorização é limitada. Quando visitar um grande museu, tente vê-lo por partes. Alguns dos maiores museus do mundo, já têm vários percursos seleccionados para o ajudar nesse sentido. É mais fácil rentabilizar pequenas exposições do que exposições gigantescas, quanto menos obras, mais seleccionadas elas estão pelo seu curador.

              Quando se tem a percepção que não irá voltar a esse lugar, fotografe, ou adquira um catálogo ou guia, com boa fotografia, que o ajudará, a arrumar a informação quando voltar a casa, favorecendo a sua aprendizagem e enriquecendo o seu mundo interior.

              Deve ir só ou em grupo? As duas possibilidades podem ser boas. Só, tem mais autonomia, pode demorar o tempo que lhe agradar, mas em grupo poderá trocar opiniões e conversar sobre o que viu.

              Leia pequenas placas informativas e outros materiais.

              Aproveite também para apreciar a envolvente, os espaços, o edifício. Faça alguns intervalos e paragens. Experimente sentar-se em algum lugar e deixar o tempo correr, fruindo a situação, apreciando também os visitantes e as suas expressões perante o que veem.

              Não se sinta frustrado se no fim já não se lembra do que viu no início, certifique-se que conseguirá partilhar parte da experiência com alguém. Isso já é bom.

              Passados uns dias, veja as fotografias e passeie pelo catálogo e verá que tudo se harmonizará na sua memória e no seu conhecimento. 

              Não resultou? Não tem problema, vá até à esplanada e tome uma bebida bem fresquinha, porém, nunca pense:  

              - Aquela pintura até eu pintaria...

              Mas, não pintou! Dahhh

              Boas férias.

Publicado em NVR, 11/08/2021

10 agosto, 2021

Antecipando

Antecipando um sonho de muitos anos. Palace Hotel do Bussaco uma pequena jóia da arquitectura portuguesa.



 

07 agosto, 2021

Segóvia


 Diário de Viagem - mais uma vez em Segóvia em boa companhia, cidade linda de Castela. Não me canso de fotografar o aqueduto romano - 160 arcos. Aqui nesta foto, vê-se lá ao longe. Desta vez é para dedicar mais tempo ao Bairro Judeu e à Sinagoga. Não perdoarei uns huevos com jámon à hora do pôr-de-sol que aqui é quase sempre esplendoroso.

04 agosto, 2021

O GLÚTEN DA LIBERDADE

 


O GLÚTEN DA LIBERDADE

            A opinião pública divide-se quanto ao luto nacional pelo desaparecimento de Otelo Saraiva de Carvalho. Nunca alguém foi tão visivelmente questionado, como este caso que, reacendeu ódiozinhos amarfanhados, recordou Abril e ainda as conturbadas acções terroristas que têm abalado a nossa jovem democracia.

            Esta agitação levou-me a investigar sobre o significado do luto nacional e o seu critério de selecção. Verifiquei que o luto nacional pode ser decretado pelo falecimento de personalidade, ou ocorrência de evento, de excepcional relevância... e segue-se uma lista enorme dos lutos já decretados. Confirmei alguns casos, surpreendi-me com outros que assinalam a nossa História. Ora vejam:

            - D. Luísa de Gusmão mereceu 2 anos de luto nacional;

            - A rainha D. Maria I. um ano de luto nacional;

            - A Rainha D. Maria II teve menos consideração, 6 meses;

            - D. Carlos apenas 4 meses ultrapassado e muito por Eduardo VII do Reino Unido, que teve direito por parte de nós, portugueses, a 6 meses de luto carregado e 6 meses de luto não carregado, sabe-se lá porquê!

            - Hitler, 3 dias, valeu-lhe as câmaras de gás e outras atrocidades;

            - Salazar, 4 dias, apenas um dia a mais do que o anterior;

            - Samora Machel e o Imperador Hirohito do Japão – 3 dias cada, desconheço se Agostinho Neto e Amílcar Cabral tiveram o mesmo tratamento;

            - General Spínola, 2 dias, não bastava 1? Mas como dirigente do MDLP teve direito a 2 dias.

            Que raio de coerência é esta?!

            - Eusébio, Amália Rodrigues, Nelson Mandela e Papa João Paulo II, levaram pela mesma medida, 3 dias.

            - António Arnaut, grande responsável pela criação do Sistema Nacional de Saúde teve 1 dia, superado pelo Manuel de Oliveira com 2 dias.

            - Carlos do Carmo, fadista, foi considerado equivalente a Álvaro Cunhal, figura histórica e carismática da resistência ao fascismo.

            As pessoas questionam-se, opinam e todos parecem ter razão. Todos lembram Otelo como o herói e o estratega do 25 de Abril, que libertou este país da guerra colonial e do antigo regime ditatorial. E todos lembram também a sua ligação às FP25, apesar de ter sido julgado e amnistiado. Dizem que uma ação não pode invalidar a outra. Mas parece que sim, que pode. A sua ação no 25 de abril não invalida o seu envolvimento nas FP, porém, a sua ligação às FP25 invalida que se considere e se atribua o ritual do luto nacional, à figura que devolveu a liberdade a este país. É uma matemática estranha.

            Pouco me interessa o luto, o que constato é a azia que tudo isto provoca a certas e muitas pessoas. Nos mais jovens, existe uma ausência de significado e simbolismo sobre a revolução. Pensam que a revolução se fez de telemóvel na mão ou no sofá, como se faz nos jogos digitais. Nos mais velhos parece não haver o entendimento, que numa revolução se pode viver ou morrer, sair-se victorioso ou derrotado e portanto, quem a faz, não são os anjinhos do céu, são homens de armas na mão capazes de as usar, matando ou morrendo. Não se pode comparar um revolucionário com a irmã Lúcia. Não se pode minimizar uma revolução, nem compará-la com uma peregrinação a Fátima. São contextos, épocas, objectivos, estratégias e agentes distintos.

            Se reflectirmos bem sobre a maioria dos nossos heróis, verificamos como são sanguinários, possuindo uma contabilidade gigantesca de mortos e feridos. O nosso rei Fundador, quantos matou e quanto roubou?

            Samora Machel teria sido presidente sem Otelo?

            Sem Otelo, estaríamos nós aqui hoje, a falar e a escrever livremente?

            O reconhecimento e o percurso da História são inalteráveis, a memória não se apaga. Não queiram converter uma revolução militar em algo “light sem açúcar, sem glúten e sem aumentar o colesterol” desta vida, que tenta viver no fio da navalha entre o Bem e o Mal.

            Penso haver um esquecimento propositado sobre os capitães de Abril. Salgueiro Maia tinha o currículo limpo, Melo Antunes também e não tiveram luto nacional. Desvalorizar a sua acção, é desvalorizar a revolução, desprovendo-a de actos simbólicos para relativizar o que foi antes.

            Faltam 3 anos para as comemorações do 25 de Abril. Muita “tinta” irá correr através dos canais de comunicação, cavar-se-á um fosso cada vez mais significativo, entre os que festejam e valorizam e os que sentem verdadeiras comichões devido ao glúten da liberdade.  E afinal o que interessa o luto nacional? NADA e se o critério for duvidoso, ainda interessa menos.

            Retiro desta amálgama política, logicamente, todos os familiares das vítimas, sejam elas quais forem, e em que época, porque a sua dor merece todo o respeito do mundo.

Publicado em NVR 4/08/2021

02 agosto, 2021

FASES DE UMA NARRATIVA

 FASES DE UMA NARRATIVA

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