31 março, 2021

MÁRIO VIEGAS E JORGE GINJA -----POEMAS DE LEVAR PARA A GUERRA

 


Amanhã faz 25 anos sobre a morte de Mário Viegas, e ontem tornou-se público uma bobine com poemas declamados por Mário Viegas, que Jorge Ginja evou para a guerra e conservou ao longo da vida. Depois da sua morte, a família parilha.

Dr Ginja sempre a supreender, e Mário inesquecível. Bem hajam.

A referência a Fuenteovejuna, por incrível que pareça assisti a essa peça em Luanda em 1973, representada pelo Teatro Experimental de Cascais. penso que a PIDE pensaria, que nas ex- colónias ninguém perceberia o seu conteúdo.

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PRIORIDADES


 PRIORIDADES

          Na semana passada Manuela Ferreira Leite, mulher que já teve grandes responsabilidades políticas e uma opinion maker da TV, já que lhe dão canal, afirma que não percebe porque se pretende vacinar professores e que estes estejam agora na linha das prioridades.

          Quando ouvi isto, pensei que a mulher já estava demente, mas conclui, que é mesmo mau feitio e aquela animosidade que nunca a abandonou, contra uma classe profissional.

          Será que é preciso fazer um desenho?

          Imagine que lhe entram em casa/apartamento, 25 criancinhas todas sem máscara, a querer beijocá-la, tocá-la, que se agarram a si, passam-lhe as mãos lambidas pelos móveis da casa, e que, ao mesmo tempo, se vão tocando entre si, entre abraços e retirar a ranheta do nariz. E ficam aí consigo de manhã e de tarde, na sua sala com cerca de 25m2 o máximo, e obviamente, a doutora não vai negar os afectos traduzidos em abraços, que muitos não têm em casa. E vá contando, elas pedem para ir ao quarto de banho, têm mesmo de ir, e esquecem-se de lavar as mãos, querem lanchar quando estão com fome e precisam de beber também.

          Agora, imagine que em vez de crianças, entram-lhe em casa, 25 adolescentes, todos com máscaras, aquelas máscaras que o ministério deu, 3 para usar durante um período. Nunca saberemos quando foram usadas pela primeira vez, se foram lavadas e desinfectadas devidamente. No primeiro contacto desifectam as mãos, respeitam a maioria das regras de segurança, mas depois quando ganham confiança, afinal também se abraçam entre si, trocam materiais, desde as borrachas ratadas até às esferográficas em 2ª ou 3ª mão, folhas de papel e tocam-lhe nos móveis, no computador e vão-se sentando na sua mobília Xis Vi… pousando as mochilas em cima da mesa e dos sofás e… finalmente a setora descobriu que a sua sala, não possui dimensões para que se respeite as distâncias de segurança… e depois de 90 minutos, retiram-se com grande alarido e na sua porta, já estão mais 25, prontinhos para entrar, cada vez mais impacientes, porque andar de máscara complica com os nervos e alguns deixam-na cair para o queixo, tal como fazem muitos adultos, e voltam a ocupar a sua sala, espalhando a sua pegada juvenil por toda a casa.

          A doutora nem tempo tem para passar a esfregona com lixívia, nem o desinfectante onde os anteriores tocaram… Mais 90 minutos e outros repetirão a dose até perfazer mais de 5 horas, depois saem todos e deixam-na em sossego durante a hora do almoço.

          Vai respirar de alívio, colocará o lenço sobre o penteado estruturado em ripanço e laca, abrirá as janelas, rapidamente irá à despensa organizar o material de limpeza, passar a esfregona pela casa toda, borrifar o sofá, passar toalhetes nas cadeiras e vai perceber que alguns puseram as mãos nas cortinas e não as pode lavar, outros deixaram a ranheta e a chiclete plasmadas por baixo da sua mesa ou nas costas das cadeiras.

          Tocam à campainha, que chatice recomeça este pesadelo, entra mais um grupo de 25, com a euforia de pós-almoço, querem falar consigo, querem trocar papeis, a doutora não ouve bem, pede para eles falarem mais alto, e eles vão aliviando a máscara do nariz para o som sair…ufff alguns cheiram a transpiração e a chulé, uhhhh não estava a contar, pois não? mas ainda há aquele que disfarçadamente solta uma bufa, outro espirra e tira a máscara em simultâneo, e o outro, tosse. Percebe que afinal dois ou três estão com sintomas gripais, e estão ali, desconfia também que a família de outros estão doentes, porque os viu na fila Covid do centro de saúde, mas mandaram os filhos para a sua casa. A maioria usa transporte escolar, tudo a monte e fé em Deus e lá chegam eles todos felizes à sua casa, onde a setora e os seus colegas, que se encontram também com estes e outros jovens, os recebem e que não precisam de ser vacinados.

          O problema, sabe qual é ? é que a sua casa vai ser “invadida”, na segunda-feira, na terça, na quarta, na quinta e na sexta e na semana seguinte, repete-se.

          Afinal porque é que os professores deverão ter prioridade na vacinação?

          Já percebeu? Não percebeu, então imagine que todos os seus vizinhos, espalhados por cerca de 30 apartamentos, recebem também visitas e em número semelhante, e que eles sobem e descem as escadas a cada 90 minutos, passando as mãos nos corrimãos, encostando-se… Será que assim está a ver o desenho tridimensional do contágio.

          Ainda bem! 

          Os brasileiros costumam dizer a propósito, aguarrás no cú dos outros é refresco para mim.

Publicado em NVR -  31/03/2021

30 março, 2021

JULGAMENTO DO JOÃO PINTO DE ANDRADE

Neste dia 30 de Março de 1971, os três juízes do Tribunal Plenário de Lisboa – Fernando António Morgado Florindo, Bernardino Rodrigues de Sousa e João de Sá Alves Cortês – ditavam a sentença de um processo de dez pessoas acusadas de apoio ao MPLA, Movimento Popular de Libertação de Angola.

A presença entre os arguidos do Presidente de Honra do MPLA, Padre Joaquim Pinto de Andrade – antigo chanceler da arquidiocese de Luanda e à data da prisão a frequentar a Faculdade de Direito de Lisboa – garante a curiosidade internacional e há na sala delegados da Amnistia Internacional, Associação Internacional dos Juristas Democratas, Liga Belga dos Direitos do Homem, Federação Internacional dos Direitos do Homem e Associação Internacional dos Cristãos Solidários.

O padre Pinto de Andrade fora preso pela primeira vez em Luanda, em 25.7.1960, enviado para o Cadeia do Aljube, em Lisboa, poucos dias depois; desterrado seguidamente para a Ilha do Príncipe, regressaria ao Aljube em 1961. Seguiram-se residência fixa e clausura no Mosteiro de Singeverga; nova prisão na PIDE da cidade do Porto e nova transferência para o Aljube, de onde é libertado a 5.1.1963, é libertado apenas para ser sujeito a nova prisão na cadeia de Caxias – «Completava eu 177 dias de prisão preventiva e sem culpa formada. Faltavam três dias para o máximo permitido por lei. Fui posto em liberdade, mas… preso imediatamente a seguir à porta da cadeia do Aljube e transferido para Caxias! No dia 8-1-63, conduzido à sede da P.I.D.E., fui ali informado de que fora posto em liberdade três dias antes e preso de novo à porta da cadeia… porque novas actividades subversivas haviam sido desenvolvidas dentro da cadeia ou à porta da cadeia.» Após 389 dias de prisão ininterrupta sem culpa formada, é colocado em residência fixa no interior do Alentejo. Nova prisão em 24.1.1964, nova colocação em residência fixa num seminário de Vila Nova de Gaia. Preso de novo em Abril de 1970 é finalmente levado, em 1971, a tribunal.

Com Pinto de Andrade, de 44 anos, sentam-se, no banco dos réus, sete outros homens e duas mulheres mais jovens e, com duas excepções, todos naturais de Angola. Todos eram acusados de serem militantes ou simpatizantes do MPLA.

A sentença determina 4 anos e meio de prisão maior e 2 anos de multa para Álvaro Sequeira Santos e Garcia Neto, 3,5 anos de prisão e 2 de multa para Rui Ramos, 3 anos de prisão e 2 de multa para Joaquim Pinto de Andrade, 2,5 anos de prisão e 2 anos de multa para Ferreira Neto, 20 meses de prisão e multa para Diana Andringa, 18 meses de prisão e multa para Raul Feio e Fernando Sabrosa, 16 meses de prisão e multa para José Ilídio Cruz. Maria José é absolvida, após 13 meses na prisão.

Entretanto, vários outros jovens presos em Angola com ligação ao mesmo processo, foram enviados, sem julgamento, para o campo de concentração do Tarrafal, onde lhes foi dado conhecimento de que lhes haviam sido aplicadas administrativamente penas de 6 a 10 anos de prisão.

Artigo de Diana Andringa

Hoje o Museu do Aljube Resistência e Liberdade, através deste encontro, associa-se a esta iniciativa de homenagem a Joaquim Pinto de Andrade, e a todas as mulheres e homens que lutaram pela libertação e independência de Angola.

Intervenientes: Diana Andringa, Ferreira Fernandes, Mário Brochado Coelho, Adolfo Maria e Ondjaki

Conversa transmitida online nas nossas redes sociais, dia 30 de março às 15h.



 VER AQUI

28 março, 2021

PARA ROMA MEU AMOR


 PARA ROMA MEU AMOR

Realizador e actor Woody Allen

2012

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27 março, 2021

DIA MUNDIAL DO TEATRO


Saber mais em

https://outraspalavras.net/descolonizacoes/teatro-do-oprimido-50-anos-de-desalienacao/

SAUDANDO A PRIMAVERA


 Saudando a primavera, quanto mais longe mais perto de ti, nesta inconstância da vida em que um minuto de felicidade pode representar a eternidade. Escutos os teus segredos, acaricio o teu olhar e perco-me no teu abraço.  

24 março, 2021

UTOPIAS

 

UTOPIAS


A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”– Fernando Birri, citado por Eduardo Galeano in ‘Las palabras andantes?’ de Eduardo Galeano. publicado por Siglo XXI, 1994.

            Somos sonhadores, temos esperança, porque acreditamos nestas palavras sobre a utopia. Imaginamos outro mundo, acreditamos num mundo melhor e vamos esquecendo os maus momentos e reinventamos os bons. Todos nós teremos as nossas utopias. Tudo aquilo que desejamos e temos consciência que nunca atingiremos, fica guardado numa gaveta com esse nome. Não fica esquecido, pelo contrário, é sempre aquela luzinha que brilha para nós diariamente, fazendo-nos avançar, mesmo sabendo que nunca chegaremos lá. É um farol que nos orienta no presente em direcção a um futuro, que pode não ser aquilo que desejamos. Mas ela está lá, teimosamente lembrando-se e lembrando-nos, recusando-se a integrar a memória descrita e justificativa dos nossos projectos, mas sim, desenhando a espiral do sonho que nos faz estar vivos. Se não acarinharmos essa utopia, a realidade converte-se em mais dura e incompreensível, atando-nos os movimentos e tornando-nos cegos, mergulhados no escuro desse caminho sem esperança de nada. Sem utopia caímos na resignação, o nosso sorriso desfaz-se e a tolerância mirra. São muitos os desertos que atravessamos na vida e os desertos não se atravessam sozinhos num contexto de desesperança. Se abandonarmos a nossa utopia, seremos engolidos em plena noite fria do deserto, abandonando o presente e o futuro, cairemos num vazio existencial, incapaz de se suavizar quando escutamos a nossa identidade e ou quando julgamos ver um oásis.

            Existem também as utopias da sociedade, que são tão antigas como a própria humanidade. Perdemos a utopia da República de Platão, perdemos a utopia do Jardim do Éden, apenas os cristãos ainda a possuem, perdemos a utopia de Atlântida, perdemos a utopia de  Thomas More no tempo das descobertas de novos continentes e novos mundos, perdemos a utopia do Contrato Social de Rousseau, perdemos a utopia do comunismo de Karl Marx e diáriamente perdemos a utopia da sociedade neoliberal, que cada vez mais se traduz em contrastes sociais… felizmente perdemos também as distopias do Nazismo e do Fascismo.

            Hoje o “descrédito” das utopias sociais leva-nos para a chamada retrotopia, orientada pelo individualismo e pela busca do passado, como se fosse possível enganar o tempo e repetir modelos, tal como os saudosistas pretendem e andam a suspirar pelos cantos.

            Caros leitores começou a primavera boreal, esta é a única retrotopia em que acredito, a renovação da vida e da natureza, que herdamos anualmente da tradição pagã e nos faz abrir a gaveta das utopias e gerar mudanças em nós mesmos e sempre para melhor.  

Imagem – fotomontagem a partir de: https://segredosdomundo.r7.com/utopia/

Publicado em NVR em 24/03/2021

PORTUS CALE

Olhar o rio, 

um olhar de descanso, 

após atravessar ruas e vielas, 

neste Porto sentido, 

em muitos dias festejado 

esperando-te

esperando-me, 

um toque de mãos. 

todas as vezes renascido 

numa cidade de nós.

20 março, 2021

BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR


 "BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR"

  Rupert Sanders

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19 março, 2021

GEOMETRIAS


 Secantes e tangentes asssumem-se com seduções próprias

Ora exaltando-se, ora harmonizando-se

Quem quer ser secante? Quem quer ser tangente?

Quem quer ser carmim? Quem quer ser anil?

 Quem quer ser rubi? quem quer ser água-marinha?

As secantes são movidas por paixões avassaladoras e mistério

As tangentes tocam-se como expressão do mais belo romantismo

O que será mais forte e vibrante do que uma secante?

Haverá algo mais belo que o toque suave e singelo?

Onde se adivinham novas geometrias? 

Num turbilhão de uma espiral  ou num beijo terno, doce e delicado ?

Venha o universo e escolha!

Tudo, menos um ponto perdido num quadrante qualquer.

17 março, 2021

2021 Ano Europeu dos transportes ferroviários

 


2021 Ano Europeu dos transportes ferroviários

 

            A UE definiu 2021 como o Ano Europeu do Transporte Ferroviário para promover o uso dos comboios, como modo de transporte seguro e sustentável.

            A decisão, adoptada pelo Conselho a 16 de Dezembro, está directamente ligada à intenção da União Europeia (UE) em promover modos de transporte respeitadores do ambiente e alcançar a neutralidade climática até 2050, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu.

            Aproveito para lembrar mais uma idiossincrasia desta cidade: concluiu-se a requalificação da zona da antiga estação de caminho de ferro, em nome de uma maior humanização das cidades, evidenciando o direito dos peões em detrimento dos automóveis, numa perspectiva muito dignificante de uma urbanidade inclusiva, porém, ainda não se percebeu qual será o destino do edifício da Estação dos Caminhos de Ferro e respectivos anexos.

            Passarão por aqui as Infraestruturas de Portugal ou as Águas do Norte? Ou o já anunciado hotel de charme?

            Já lhes chamam a antiga estação, para nos irmos definitivamente habituando à ideia, que a Linha do Corgo, nunca mais será reactivada, ou seja, o Pacto Ecológico Europeu, ficará na gaveta.

            A mobilidade sustentável e segura, atribuída aos caminhos de ferro, será parâmetro a desconsiderar em Vila Real, mesmo com uma pandemia que nos demonstrou que o transporte ferroviário é a garantia de transporte rápido de bens essenciais, como alimentos, medicamentos e combustível em circunstâncias excepcionais.

            Os vila-realenses, ficarão apenas com memórias induzidas por uma máquina que virou escultura de jardim, um Cais da Bila onde se pode ir beber uns copos, uma ecovia Régua | Chaves para ciclistas (no futuro todos seremos ciclistas) e o grande enigma, o edifício da estação, que tomará uma função irreversível,  bloqueando e inviabilizando qualquer intenção futura de renovação da linha, para aceitar a sua função original e a filosofia europeia. 

14 março, 2021

DIA DE ANIVERSÁRIO COM AMIGOS


 Em dia de aniversário após dezenas de mensagens de amigos, que já partilharam comigo bons momentos em vários locias e em diversas circunstâncias, deixo aqui um carinho, tentando corresponder a momentos inesquecíveis, umas vezes de luta e outras de lazer.

https://drive.google.com/.../1x5HtxXH.../view...

11 março, 2021

LABIRINTO VEGETAL




 LABIRINTO VEGETAL

AUTORA: arq. Anabela Quelhas

Localização: Escola Monsenhor Jerónimo Amaral

Data: 1998

Labirinto vegetal implantado em espaço sobrante entre pavilhões escolares, inscrito em espaço triangular com dois niveis. Um muro de suporte decorativo estabelece a transição entre as duas cotas.

Cria-se o labirinto como oportunidade de resolver espaço exterior agreste e como elemento de aprendizagem e de lazer, através de sucessivos aros de circunferencia concêntricos, ora ligados, ora interrompidos até se aceder ao espaço denominado de recompensa.

O elemento vegetal será formado por sebe  em buxo, planta da família Buxaceae, lenhosa, em geral arbustiva, com folhas inteiras e perenes, que se preve que durante 5 anos atinja a altura devida.

Recompensa - assentamento de 4 paineis de acrilico em forma piramidal, com explicação gráfica e narrada sobre a história dos labirintos e estudo de 3 casos de labirintos portugueses - Labirinto da Prelada (Porto), Jardim de S. Roque da Lameira (Porto), Conimbriga (mosaico).

"A arte reduz a agressividade dos alunos e é bom habitar na escola."



10 março, 2021

DIA DA MULHER



DIA DA MULHER


           Hoje vou escrever sobre uma aldeia que existe no Norte do  Quénia desde 1990, que foi criada só para mulheres.  Rebeca, a líder da aldeia, depois de um casamento onde era brutalmente espancada, decidiu juntar-se a outras mulheres, vítimas de violência e criou uma aldeia sem homens.

            Essa aldeia chama-se UMOJA.

            A cultura de Samburo (Quénia) permite que as mulheres sejam espancadas, estupradas, que casem ainda crianças e sejam submetidas à prática odiosa da mutilação genital. A mulher é propriedade do homem podendo violentá-la, martirizá-la e ate tirar-lhe a vida

            Algumas meninas de 12 anos são obrigadas a casar com homens que tem a idade para serem seus avôs, passando a ser sua propriedade.

            Tudo isto é demasiado mau.

            Apesar dos pedidos de protecção dirigidos às autoridades, nada mudou, porque faz parte da cultura dessas pessoas. As tradições são respeitadas mesmo que sejam desumanas e violentas para as mulheres, consideradas seres menores.

            Então, 14 mulheres sobreviventes de violência, uniram-se e criaram uma aldeia sem homens, para que pudessem viver em paz, de forma digna e podendo proteger outras mulheres e as meninas suas filhas.

            Essa acção não foi bem recebida pelos homens, que inicialmente julgavam que elas eram fracas, não conseguiriam construir as casas das aldeias e criaram vários obstáculos; mas elas conseguiram.

            Escolheram um terreno, chamaram-lhe UMOJA, e construíram tudo sozinhas, casas com estrutura feita de ramos de árvores e com barro e ainda decidiram comercializar as suas joias artesanais, exuberantes, feitas de missangas coloridas, vendendo aos turistas. Com esse dinheiro construiram uma escola, porque entenderam que a educação é muito importante no crescimento das crianças, ensinando-as a respeitar as mulheres.

            UMOJA é uma aldeia matriarcal, onde as mulheres são autónomas, cantam, dançam, criam os filhos em paz, sem a presença dos homens. Nenhum homem pode morar ali, nem mesmo os seus namorados. As mulheres têm os seus namorados e estes só podem permanecer ocasionalmente na aldeia se respeitarem as regras das mulheres líderes. As crianças do sexo masculino crescem e podem ficar na aldeia até aos 18 anos.

            Esta comunidade tem cerca de 100 mulheres, 100 mulheres sofridas que lutam pela sua dignidade e cada uma tem também uma história de sucesso. As mulheres quando têm oportunidade, tal como os homens têm capacidades para liderar, para administrar negócios, infelizmente na maioria das situações as mulheres nem sequer têm oportunidade para provar o seu valor ao mundo.

            UMOJA é considerada um exemplo reconhecido em todo o mundo como matriarcado bem-sucedido

            O Mundo talvez fosse muito melhor, se fosse orientado por mulheres, visto que faz parte da sua natureza, gerar vida, ser resiliente e proteger.

            Enquanto houver UMOJAs assinalarei esta barbárie da discriminação.

            Segundo a ONU, as mulheres continuam a ganhar menos 23% do que os homens. Mais grave ainda, são os números relativos à violência sexual contra as mulheres: 1 em cada 3 mulheres já sofreu algum tipo de violência física ou sexual; e mais de 200 milhões de mulheres e de raparigas foram vítimas da mutilação genital.

              Em Portugal, no primeiro confinamento a APAV recebeu 683 denúncias de violência. Em 2020 foram assassinadas 30 mulheres.

Publicado em NVR 10/03/2021


 

LABIRINTO DO PECADO - Lucca


 

A inscrição ao seu lado direito faz referência ao mito de Teseu e Ariana no labirinto do Minotauro. 

Estranho estar localizado junto à entrada de um templo critão -  catedral de Lucca.  Mitologia e religião cristã, não combinam bem.

2ª interpretação: dizem ser uma ligação com os Cavaleiros Templários devido à semelhança com o desenho do piso da Catedral de Chartres na França. 

3ª interpretação: o labirinto simbolizar a representação do “labirinto do pecado”, onde após entrar, é difícil sair.

Curioso!

(Diário de viagem, Lucca 2012)

08 março, 2021

05 março, 2021

MOREIAS

 

(depois de alguma investigação)

Moreia ou meda [Portugal: Trás-os-Montes] -  Monte de cereais, feno, estrume ou de paus com forma cónica. Em Trás-os-Montes é vulgar utilizar-se para proteger o feno quando chove, visto que o feno bem esticado forma uma camada exterior, impermeável , protegendo as camadas internas.

As moreias ou medas são de fácil construção e de baixo custo, podendo ser feitas no próprio campo de produção do feno ou junto ao estábulo, em local plano, bem drenado.

A sua forma cónica; com altura igual a duas vezes o diâmetro da base, assegura uma maior estabilidade da meda e protecção contra as chuvas.

O tamanho da moreia depende da quantidade de feno, devendo-se limitar a 4 m de altura. Acima disso, o manuseio do feno é dificultado, sendo apropriada a construção de maior número de medas menores, se necessário. A densidade do feno em medas varia de 80 a 100 kg/m3.

A maioria das moreias ou medas possui um mastro de madeira central que garante a estabilidade da mesma. A compactação das camadas de feno, faz-se pisando-as,  até a moreia atingir a altura desejável, observando-se a configuração recomendada.

 “Pentear a moreia”, usa-se o engaço ou o  furcado, para facilitar o escoamento da água da chuva. No final pode-se cobrir o topo com uma lona de plástico, protegendo-a contra as chuvas.

Moreia  é uma palavra de origem latina, porém, é curioso, existe a mesma palavra para designar a acumulações de fragmentos rochosos transportados pelos glaciares.

Os glaciares são enormes massas de gelo que se deslocam sob a acção da gravidade (escorrem das montanhas), arrastando consigo fragmentos que são depositados nas partes mais baixas sob a forma cónica, designadas por MOREIAS.

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