A Europa
Actualmente a Europa
com os seus defeitos e qualidades, continua a ser desejada por muitos. Este é
um dos principais focos da migração mundial. Qualquer sítio, mais seguro e com
oportunidades de trabalho, transforma-se no paraíso por parte de quem passa
mal, e não sabe se haverá o dia seguinte.
Vivemos este paradoxo,
difícil de resolver.
A
Europa está considerada como um dos melhores lugares para emigrar com a
família. Quem procura melhores condições laborais e de desenvolvimento
profissional, uma melhor qualidade de vida e um ambiente culturalmente diverso
e tolerante elege a Europa como objectivo, até porque sendo formada por vários
países, reúne no mesmo território, várias línguas e culturas que se respeitam
integralmente, e cada um com as suas valências e oportunidades.
E isto vai ser sempre assim?
A História Universal, é
uma história de migrações.
Diz o velho ditado,
quem está mal, muda-se. A Europa já foi sítio de saída e agora é sítio de
entrada.
Antigamente o conceito
de fronteira era diferente e a complexidade dos movimentos migratórios, também.
A globalização gerou impactos negativos nos países mais pobres ou em vias de
desenvolvimento, criando uma vontade colectiva não acomodada à míngua,
predisposta para a emigração.
As sociedades
relativamente bem organizadas, chegam aos mais pobres através dos meios de
comunicação. Quem não quer abandonar uma rua cheia de lixo e uma vida
insalubre?
O emprego, a segurança e o respeito pelos
direitos humanos são os grandes eixos de procura por parte destes movimentos. E
tudo poderia correr bem, porque deverá haver lugar para todos, mas não corre. A
xenofobia associada ao vínculo cultural de cada povo parecem ser algo
explosivo, originando discriminação e revolta, num cenário de descontrole
administrativo dos países que acolhem.
Segundo António
Barreto, a construção europeia foi de tal modo feita que o que é democrático
não é eficaz nem tem poder; e o que é eficaz e tem poder não é democrático.
Todos nós sofremos de
um “complexo democrático”, dificultando-nos a
estabelecer limites e linhas vermelhas em várias temáticas, e é urgente
ultrapassar este complexo.
O mundo precisa de ser
reorganizado. As questões humanitárias devem ter prioridade no mundo político
de cada país. E transitoriamente, quem recebe, deve possuir políticas de
integração económica, cultural e social das comunidades africanas, asiáticas e
latino-americanas, claras, assertivas e firmes.
Precisa-se de empoderamento democrático sem complexos. A nossa Europa envelhecida vive uma guerra próxima, os problemas gerados pela migração e todos querem mais qualidade de vida.
Teremos eleições no dia 9 de Junho. Todos nós sabemos pouco acerca cada “família” política europeia, limitamo-nos a estender o voto nacional à Europa. O cenário europeu deve ter outro nível de estratégias e de entendimento, que por vezes nos escapam, mexem com muitos interesses e com tendências do tabuleiro político mundial. Deveríamos contrariar esta iliteracia… levamos apenas com as consequências, sem termos voz activa sobre o que queremos ou não. Só podemos votar em algo que nos é distante, quando o que está verdadeiramente em causa é uma nova ordem mundial. Como cruzar melhor a economia, a política e a cultura, nunca esquecendo o seu lema, “Europa unida na diversidade”?
Publicado em NVR - 05/06/2024
Sem comentários:
Enviar um comentário