O tempo é uma roda gigante que nunca passa no mesmo lugar.
Para voltar
para trás só mesmo embarcando na memória e na imaginação que são outros carrosséis
da vida, mas que já dá para sair da “girafa” e andar cambaleante no sentido
contrário. Oiço à distância os meus amigos dizendo, cuidado vais cair e bater com
a cabeça e o chão sempre ondulante me convida à queda. Enquanto isso não
acontece lembro da minha adolescência, dos banhos na Ilha vestindo o biquini cortado
nas jeans coçadas, das matinés no cinema Império, do prego no Bar América e o
meu sono embalado no som do kisanji. Lembro-me de ti, mesmo sabendo que não
existias na minha vida, sempre estiveste lá, me convidando para dançar um
slowzão do Percy Sledge. Me lembro de ser feliz. Olhava dentro de mim e sentia
que o tempo passava com a velocidade certa. Dava tempo para brincar, para
estudar, ler os livros de cowboys, de xingar os outros e rir no fim como se
todos os dias fossem aquele hoje plantado em terra vermelha.
in Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado - Anabela
Quelhas
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