Escada monumental e delicada localizada no transepto da
Catedral de Notre Dame de Rouen. Conhecida pela "escada de Libraires", porque dava acesso à biblioteca.
Linda e delicada, executada em duas fases que são visíveis -
1479 e 1788.
Escada monumental e delicada localizada no transepto da
Catedral de Notre Dame de Rouen. Conhecida pela "escada de Libraires", porque dava acesso à biblioteca.
Linda e delicada, executada em duas fases que são visíveis -
1479 e 1788.
Imagina um
neurótico sempre mal disposto, sempre com uma azia mental crónica…
Imagina um
neurótico sempre a gritar, porque nunca aprendeu a falar baixo, nem a respeitar
os outros, muito menos a valorizar.
Minha kamba
imagina um neurótico sempre a neuróticar como se o mundo todo lhe fosse desabar
em cima sem lhe pedir licença…
Fazer o quê?
Já não aguentas
ouvir, nem olhar, já nem o queres ver pintado de ouro. Já panicas e queres ir
embora por esse mundo fora para fugir aquele descontrole tóxico, várias vezes avisado e intimado. Já não vives o
interesse, muito menos a admiração, o respeito e a tolerância esgotam-se
Quando já se te
exagera na sobrecarga, vestes o silêncio da cabeça aos pés, soltas a liberdade
e vais por outro caminho, criando condições para a tua sanidade mental. Para
fora do teu quintal, o mundo está cheio de caminhos menos gritantes, com menos
neuroses e mais assertivos contigo e com os outros. Felizmente o mundo é grande.
In Ensaios de
escrita, um projecto sempre adiado – Anabela Quelhas
Decidi deslizar
no teu olhar. Cidade de muito olhares urbanos, com asfalto e terra vermelha,
que dá vontade de deslizar. Peço emprestado carrinho de rolamentos lá nas
Ingombotas para ninguém me xingue se deveria ser assim ou assado. Há sempre um
assado, em terra de churrasco, que vira maka no calor da discussão. Visto os calções
brancos, calço os meus quedes, solto o cabelo ao vento que me chega do lado da
Corimba e coloco os óculos fumé. Escolho o sítio do teu olhar onde vou iniciar
esta aventura. Já nem oiço a voz dos outros kandengues:
- Força
Jopilinha, tu consegues.
Mal paro no teu
olhar já estou seduzida e enfeitiçada para te deslizar e te guardar o resto da
vida.
In Ensaios de
escrita, um projecto sempre adiado – Anabela Quelhas
O Mercado do Bolhão é um dos mercados mais emblemáticos da cidade do Porto.
O seu edifício é de arquitetura neoclássica.
Este pormenor escultórico é um frontão com brasão ladeado por esculturas de pedra – esculturas clássicas de Mercúrio e Ceres, divindades que simbolizam o comércio e a agricultura.
Te imaginas no
balancé fazendo a experiência, vais colocando do outro lado, o elefante, depois
o porco, a galinha, e o balancé não mexe, acrescentas o cabrito, a vaca e o
arbusto do fundo do quintal e o balancé fica igual, inclinado para o teu lado.
Descalças os
sapatos, desvestes o casaco e os anéis, para te aliviar o peso.
Sofres de
distância, desconsegues despir a tristeza alojada no teu coração e a solidão
que dorme no teu olhar... e o elefante lá na parte de cima do balancé
aguardando-te.
In Ensaios de
escrita, um projecto sempre adiado – Anabela Quelhas
Para voltar
para trás só mesmo embarcando na memória e na imaginação que são outros carrosséis
da vida, mas que já dá para sair da “girafa” e andar cambaleante no sentido
contrário. Oiço à distância os meus amigos dizendo, cuidado vais cair e bater com
a cabeça e o chão sempre ondulante me convida à queda. Enquanto isso não
acontece lembro da minha adolescência, dos banhos na Ilha vestindo o biquini cortado
nas jeans coçadas, das matinés no cinema Império, do prego no Bar América e o
meu sono embalado no som do kisanji. Lembro-me de ti, mesmo sabendo que não
existias na minha vida, sempre estiveste lá, me convidando para dançar um
slowzão do Percy Sledge. Me lembro de ser feliz. Olhava dentro de mim e sentia
que o tempo passava com a velocidade certa. Dava tempo para brincar, para
estudar, ler os livros de cowboys, de xingar os outros e rir no fim como se
todos os dias fossem aquele hoje plantado em terra vermelha.
in Ensaios de escrita, um projecto sempre adiado - Anabela
Quelhas
Botero, Armanda Passos e Ada
Breedveld
Nós, mulheres estamos
sempre super-preocupadas com os quilos a mais, a celulite e badanas dos braços,
que se tornam mais visíveis no Verão e a cada ano que passa… andamos sempre a
fazer restrições alimentares, olhando para a balança regularmente… inventamos e
reinventamos dietas, para começar amanhã ou na segunda-feira, e não resistimos à
tentação de uma boa mousse de chocolate… praguejamos contra os
pasteleiros e contra as “gajas” magras que dizem que comem o que querem,…
percebemos todos os dias que a nossa roupa encolhe dentro do armário, e
tentamos disfarçar com roupa ergonomica, que faz crer que somos mais magras, e já
vestimos o tamanho S quando éramos adolescentes… receamos não agradar por causa
da barriga de avental e todos os elementos que cedem à força da gravidade…
Reparem, nem todos
pensam igual e quem representa com maior realismo e exuberância o corpo da
mulher, os artistas plásticos, raramente a desenha esquelética com 45 quilos de
fome.
Há uma linha de “gordura
é formosura” na pintura, que já está para lá dos anjinhos barrocos
rechonchudinhos e convivem lado a lado, nestes últimos anos, com o estereótipo
da mulher magra e elegante, que nos faz quase cortar os pulsos.
A obesidade é retratada
com rigor e graça por Fernando Botero (colombiano nascido em 1932), inspirado
sem dúvida no Renascimento, contraria toda a estética do século XX, com as suas
gordinhas conhecidas mundialmente, ousando até recriar a Mona Lisa, senhora
retratada por Leonardo e que não se excederia nas guloseimas. Botero sempre que
era questionado pela sua opção pelas gordas, respondia “Eu não pinto pessoas
gordas!” entendendo-se assim que seria uma opção estética que lhe agradava e onde
investia, conforme Modigliani as pintava magras e Picasso, decompostas. O Boterismo
(um nome a fixar, quando nos atirarem com a revista Vogue e com Kendall Jenner)
arredonda a forma em gordura, tamanho e refegos e está exibido nos melhores
museus do mundo.
Na mesma linha, considero
Armanda Passos (1944-1921), a nossa pintora duriense, convertia as suas gordas 5XL
em mulheres de grande candura e delicadeza, e a pintora holandesa que descobri
recentemente, Ada Breedveld (1944), escolhe exactamente o caminho das
rechonchudas, por considerar que representam o desfrutar das coisas boas da
vida.
Proponho este exercício
em pleno Verão, acabe com a gordofobia e aprecie o feminino sem estereótipo de
forma e volume, porque é muito mais interessante a beleza interior de cada um,
que não se exprime pela forma, mas sim pelo conteúdo.
Os padrões da estética como
se percebe vão-se alterando conforme a moda, e esta é tão efémera que muda de seis
em seis meses. Amem os seus corpos, independente da forma deles e permitam-se
apreciar um bom gelado de chocolate para combater estas horas de calor infernal.
E afinal o que distingue uma linha recta de uma curva? A linha curva é muito
mais dinâmica e flexível, menos monótona no seu traçado, e no máximo do
desespero a recta, no final das contas, é uma curva também. Lembre-se que toda
a linha recta sempre tem inveja da linha curva porque a vida não se faz de
rectas, mas de curvas.
Publicado em NVR em 17/08/2022
TURISMO ESPACIAL, NÃO OBRIGADA
Nós terráqueos temos tantos problemas cuja solução depende de
investimentos a aplicar e o que fazemos? Aplaudimos o Turismo Espacial, todos
orgulhosos porque finalmente temos um português integrado nesse turismo. Somos
mesmo bacocos, jornalistas inclusive!
Vejam isto:
Em 2018, todos os voos de aeronaves
contribuíram com cerca de 918 milhões de toneladas de CO2, enquanto os
foguetões emitiram cerca de 22 780 toneladas de CO2, ou seja, 0,0025% de toda a
indústria aérea. Não parece mau, visto assim superficialmente, porém é
necessário mudar de perspectiva na respectiva análise. Os 918 milhões de
toneladas de CO2 alimentaram durante um ano, todos os voos, imprescindíveis
para as trocas comerciais e migração das populações, que se reflectem na
sobrevivência e no bem-estar da população mundial. Nós somos cerca de 7,3 mil
milhões de habitantes que gastaram 918 milhões de toneladas de CO2 – ora façam
contas.
Podemos divagar sobre a especificidade
de todas estas viagens, que mexem com todas as áreas da vida na Terra –
economia, ciência, política, social, lazer, etc. etc.
Quem faz turismo espacial? Humanos
excepcionalmente ricos, sem qualquer objectivo científico, que se prendem com a
própria experiência, para verem o planeta terra do espaço e a ausência de
gravidade. Ahh, levaram uma plantinha com eles para ver como resistia à falta
de gravidade e claro o nosso português foi testado com Vomidrine, contra o
enjoo e a náusea (brincadeira, nem isso). Voltando aos números e fazendo bem
contas sobre o custo e o benefício, talvez surja preocupação sobre as 22 780
toneladas de CO2.
A informação que nos chega é
desorganizada e dispare, e eu não estou lá para aferir: “O lançamento de um
foguetão produz cerca de 200 a 300 toneladas de dióxido de carbono, devido à
queima dos combustíveis, e pode ter implicações graves na proteção da camada de
ozono”.
“Em
2020, foram realizadas 114 tentativas de lançamento orbital no mundo, segundo a
Nasa, o que equivale a uma média de mais de 100 mil voos diários no setor da
aviação comercial. Mesmo que o número de lançamentos não aumente
significativamente, os seus efeitos negativos causarão impacto.” “quatro
turistas num voo espacial serão entre 50 e 100 vezes mais do que uma a três
toneladas por passageiro num voo de longa duração”.
“Cada viagem ao espaço emite 75
toneladas de carbono, um valor que a maioria das pessoas numa vida inteira não
atinge.” (pplware)
“um único passageiro emite mais poluição em poucos
minutos do que 1/8 da população mundial irão produzir em toda as suas vidas”.
(Luke Savage).
Cada fonte de informação indica valores
distintos, podendo concluir-se que isto anda sem controle, o que revela uma problemática
ainda pior. Quando a escala passa a toneladas e a milhões, deixamos de ter a
percepção racional para avaliar, tudo é possível e provavelmente aceitável,
sabemos lá!
Cada um faz o que quer ao seu dinheiro,
mas isto tangencia a imoralidade por não se pensar nos outros. US$ 6,6 bilhões,
segundo a ONU, acabaria com a fome no mundo.
Querem emoções fortes, querem ver o
planeta terra reforcem os drunfs e até conseguem ver o sistema solar
inteiro e é mais barato, menos poluente, menos arriscado, e com o resto do
dinheiro, resolvam a fome do nosso planeta.
Querem emoções ainda mais fortes, vão
limpar os oceanos, vão ao dentista e não usem anestesia e poderão ver galáxias.
Depois andamos
a dar destaque ao ano das cidades mais verdes, promovido pelo Parlamento
Europeu… e obriguem-me a mudar de viatura, para adquirir um híbrido!
Publicado em NVR em 10/08/2022
Na vida
Apenas temo a própria vida.
Faça tudo direitinho
faça loucuras,
travessuras
e ela passa.
Insisto em dar-lhe cor,
com diálogos francos e verdadeiros.
e ela vai sem olhar para trás.
Nem sempre estamos de acordo
e o meu desagrado
manifesta-se no meu sobrolho carregado
e ela oferece-me a sua indiferença.
Apenas temo a própria vida
que pode transformar o voo de uma borboleta
numa tempestade,
o salto de um felino,
num terramoto,
um sorriso, num beijo eterno.
AQ
07/13 de agosto de 2022
1º DIA · PORTO OU LISBOA (AVIÃO) – ORLY – ROUEN
Comparência no aeroporto escolhido para embarque em voo com
destino a Orly. Chegada e partida em direção a Rouen.
Visita ao centro histórico da capital da Alta Normandia, com destaque para a Catedral, as casas debruadas a madeira, a rua do Grande Relógio e a Praça do Velho Mercado, local de martírio de Santa Joana d’Arc. Jantar. Alojamento no Hotel Mercure Rouen Centre Cathédrale 4*
Saída para visita às ruínas da Abadia de Saint-Pierre de Jumièges,
um grandioso exemplo da arquitetura românica na Normandia, abandonado entre os
séculos XVIII e XIX, dando origem às ruínas que hoje podemos observar. Saída
para Honfleur, pequena cidade marítima, com ruas pitorescas e casas antigas,
que conserva o seu porto de pesca.
Continuação para Caen e visita panorâmica à capital da Baixa
Normandia. Jantar. Alojamento no Novotel Caen Côte de Nacre 4*.
3º DIA · CAEN – PRAIAS DO DESEMBARQUE – ARROMANCHES – BAYEUX – CAEN
Partida para a zona das Praias do Desembarque até ao
Cemitério Americano. Passagem pela costa onde desembarcaram grande parte das
tropas aliadas em Juno Beach e Gold Beach. Paragem em Arromanches, onde se pode
observar os restos do porto artificial criado pelas tropas que fizeram parte do
desembarque do “Dia D”. Visita ao Museu do Desembarque. Continuação para
Bayeux. Visita ao Museu da Tapeçaria, onde se encontra a famosa Tapeçaria de
Bayeux, com quase mil anos de existência e classificada pela UNESCO como
Memória do Mundo. Regresso a Caen.
Jantar. Alojamento.
4º DIA ·
CAEN – MONTE SAINT-MICHEL – SAINT MALO
Saída para o Monte Saint-Michel. Visita à “Maravilha do Ocidente”,
local de rara beleza, Património da Humanidade da UNESCO. Com as suas íngremes
e pitorescas ruelas e Abadia, é um monumento único, cuja conceção não pode ser
comparada à de nenhum outro mosteiro. Almoço. Continuação para Saint Malo.
Visita à cidade dos corsários, com destaque para os exteriores do Castelo,
Catedral de Saint-Vicent e Muralhas. Alojamento no Hotel Mercure SaintMalo
Balmoral 4*.
5º DIA · SAINT MALO – DINAN – NANTES
Partida para Dinan, cidade medieval localizada junto ao estuário
do Rio Rance, cercada pelas maiores e mais antigas muralhas da Bretanha. Visita
com destaque para os exteriores do Castelo, Basílica de S. Salvador e casas
antigas. Continuação para Nantes. Visita com destaque para a Catedral de S.
Pedro e S. Paulo (exterior), concluída em 1893 e notável pelos seus portais
góticos. Aqui está sepultado Francisco II, último duque da Bretanha. Passagem
ainda pelo Castelo dos Duques da Bretanha, que alberga atualmente o Museu da
História de Nantes (exterior). Jantar. Alojamento no Novotel Nantes Centre Bord
de Loire 4*.
Saída para visita interior ao Castelo de Villandry, exemplo perfeito
da arquitetura do séc. XVI e o último palácio renascentista construído na
região. Nos inícios do séc. XX, os jardins foram reconstituídos segundo a sua
forma inicial por Joachim Carvallo, mantendo-se ainda sob a supervisão do seu
neto. Partida para Chambord e visita ao Real Château de Chambord, um dos
castelos mais conhecidos do mundo, devido à sua arquitetura no estilo
renascentista francês. Continuação para Blois. Panorâmica à cidade, nas margens
do Rio Loire, com destaque para o seu Castelo (exterior). Após o jantar, saída
para assistir a um espetáculo de som e luz no Royal Château de Blois, durante o
qual poderá imergir na história deste castelo através de um turbilhão de
imagens a 360° de figuras emblemáticas do seu passado. Alojamento no Mercure
Tours Centre 4* em Tours.
(AVIÃO) – PORTO OU LISBOA
Continuação para Chenonceau. Visita ao Castelo também conhecido
como “Castelo das Sete Damas” por ter a sua história associada a sete mulheres
de personalidade forte, duas das quais rainhas de França. Partida para Amboise,
em pleno Vale do Loire. Destaque para o ambiente medieval e para o seu Castelo
(exterior). Transfer ao aeroporto para embarque em voo com destino a Portugal,
via Lisboa. Fim da viagem.
A pedofilia e a igreja
A pedofilia e a Igreja é
assunto que pouca gente fala, é assunto pantanoso e cinzento, que vive numa
inércia de pasmar, apenas porque a Igreja está atafulhada de casos, que não
assume, não denuncia e nem castiga.
Onde começa o crime e
onde termina o desconhecimento dos chefes religiosos?
Acreditam que basta o Papa
pedir desculpas pelos excessos cometidos em nome de Deus? A pedofilia é para
mim o crime mais horrendo, mas quando a coisa aperta, o melhor é calar, não
dizer nada até esquecer.
“A Igreja Católica
passa a enquadrar o crime de abuso sexual de menores no Código de Direito
Canónico no capítulo dos "delitos contra a vida, a dignidade e a liberdade
do homem”. A mudança está inscrita num texto do Papa Francisco publicado esta
terça-feira. A pedofilia, mas também o abuso de adultos vulneráveis, posse ou
divulgação de pornografia são agora penalizados pela lei fundamental Católica.” Euronews 1/06/2021.
Só agora? Já estamos no século XXI.
São séculos e séculos de situações dúbias camufladas, de vítimas, de crianças
traumatizadas e de uma Igreja poderosa a cavalgar na alma daquelas crianças
desgraçadas, como se não fosse nada com ela.
Para mim a pedofilia já
é intolerável e nojenta, praticada seja por quem for, mas quando os padres
entram na história é trinta vezes pior. Por muitas e diversas razões que passo
a enunciar:
1 – Porque os molestadores não são
rudes, nem toscos e sabem muito bem o que fazem.
2 – Deformam, minam e corroem por
dentro o conceito religioso que tanto apregoam e que moldam as suas vidas, aproveitando
a distração do tal Deus omnipotente e omnipresente e a indiferença (nem sei
como qualificar) de toda a instituição. Pregam uma coisa e fazem outra.
3 – As vítimas, normalmente, não têm
escapatória, porque muitas vezes são entregues pelas famílias, aos abusadores, e
estes transformam cobardemente a confiança em terror e em abuso sobre crianças
e jovens indefesos, que irão padecer toda a vida, destas horas, dias ou anos
degradantes, muitas vezes sem coragem para denunciar, temendo ser castigadas
não só pelo abusador, mas também por Deus.
4 – Finalmente a inércia de toda a
estrutura da Igreja, que “protege” o abusador em vez de agir activamente para
detectar casos, condená-los severamente, expulsá-los da vida religiosa e
proteger as vítimas. Estes abusadores continuarão a molestar crianças e a
utilizar o poder de utilizar a palavra de Deus, como se fossem servos
virtuosos. Isso é intolerável para os bons católicos, que acreditam e praticam
o bem – não merecem isto.
Agora temos mais um
caso, que se supõe encoberto ou ignorado pelo patriarcado. A ser verdade é algo
muito grave, olhado pela lucidez que habita na maioria das pessoas. O nosso
Presidente vem, precipitadamente, a terreiro, afiançar a sua confiança nos
patriarcas D. Policarpo e D. Manuel Clemente.
Assunto sujo e
repugnante que nada tem a ver se os padres podem ou não casar, tem a ver com a
mente sórdida de quem pratica, estes ainda por cima, cobardemente agem sempre sob
o “chapéu” protector da Igreja, para os ilibar e proteger.
A comunicação social
afirma que há sete padres que já se encontram a ser investigados pela Polícia
Judiciária. Isto será a ponta do icebergue, porque a maioria das vítimas, não
denuncia, prefere viver com essa mágoa e não se expor, porque o tempo de
investigar, as provas e os interrogatórios, são factores de grande desgaste,
demorados, que cada vez mais afundam e ampliam a dor na alma fragilizada de
cada um. Segundo a
comissão independente criada este ano para investigar abusos sexuais na Igreja
Católica portuguesa, já vão em 388 denúncias confirmadas. Que vergonha!
A comunicação social
informa que a acção do padre em causa continuou, até há pouco tempo, ligado a uma
associação que acolhe famílias, crianças, jovens e idosos. Terei lido bem? Isto
faz algum sentido? Será verdade? Por onde andam a lucidez, a assertividade e a
ponderação da Igreja? É assim que se castiga um criminoso? Reza 10 padre nossos
e arrepende-te? Fico indignada! Durante a Inquisição a Igreja sabia castigar
quem não devia e agora? Porque o abusado não quer dar a cara fica tudo em
“águas de bacalhau”?
A propósito por onde
anda o famoso padre Frederico?
Publicado em NVR 3/08/2022
Nesta comemoração, o meu pensamento voou até às pessoas que já cá não estão e que faria todo o sentido, estarem. Primeiro os meus pais, Ermelinda e Jacinto….os meus tios e tias, Albertina e Manuel Joaquim, Matilde e Agostinho, Marieta, Felisberta e Alberto (irmãos da minha mãe), Celeste e Lino, Esmeraldina e José, Benvinda e Manuel, Rosália (irmãos do meu pai) e a minha avó Felizbela. Imaginei como estariam felizes se pudessem estar presentes, contando as suas vivências de antigamente. Lembrei-me dos meus primos Hermínio e Lino, parece que foram viajar e ainda não voltaram. Ainda não encaixei muito bem a ausência e a saudade que tenho deles. Pensei neles todos. Pensei na minha avô Etelvina, já velhinha tal como a conheci, descendente da família Boal. Pensei no meu ex-sogro Augusto e como ele tinha razão na análise de certas situações. Pensei no tio Felicindo e na tia Abertina e nas suas saídas cheias de humor… Pensei nos tios avós que ainda conheci quando era pequena. Pensei no tio Lino que viveu no Brasil e no seu Valvelho, nos meus padrinhos Joaquim Augusto e Piedade. Lembrei-me da tia Bárbara. Pensei nos meus vizinhos Isildo, América, Celina e Manuel, Dionísia e Domingos, Maria Isabel, Joaquim Rodrigues, Joaquim da Rabeca, Silvino e Otília e Assunção. Lembrei de toda aquela gente que viveu após Abril na casa da D. Flávia e D. Nazaré. Lembrei-me das noites de verão passadas no maçadoiro a tentar ver o satélite lançado no espaço, no meio de muita estória brejeira. Lembrei-me de tanta gente ausente! Lembrei-me de mim a correr pelas ruas empurrando um arco ou a brincar às escondidas, com as meninas da minha idade, com a corrida sempre em dia. Lembrei-me de D. Marília, minha catequista, antiga proprietária da casa onde se fez a encenação da entrega da carta do povoamento. Revisitei o exterior da casa dos Boais, e fui nomeando quem viveu lá… aquela casa tinha uma exuberância rural e hoje resta vazia. Pensei em todos aqueles que conheci e que viviam no largo do Boal e proximidades. Sentava-me nos degraus da Capela de Santa Maria Madalena e observava o pulsar de uma aldeia, acompanhada pelo sino da igreja, que hoje já não toca, nem o relógio mostra as horas...
Recordei nomes um pouco distantes, mas que fazem parte da minha identidade, o senhor Caiador velho, o sr Fernando da Victória, sr José da Rita e a mãe, o senhor Claudino, o sr Vieira e d. Cecília, a D. Camila e o sr. Serafim, a d. Orlanda, d. Emília do "Lobo" , o mendigo Francisco, o sr. "Pardal", d. Isaura e o seu irmão Maximiano, o sapateiro José Rolo e a sua esposa que já não lembro o nome, a sra Carminda, o meu primo Toneco (António Palheiros) e a d. Conceição, o sr Alberto Constantino, a d. Arminda Conde, o sr Idílio, a d. Silvina Boal, o sr "Leiras", o sr. Zé Aires e d. Inocência, o sr Miguel do quelho, sr. Albano Tendeiro e d. Isaura, a menina Augustinha, a menina Conceição que nos vestia os saiais, o sr Camilo e d. Olívia... a Celina... a mãe da D. Rosalina que só conhecia por Maria e alcunha (vizinha da minha avó), d. Joana "do balsa", d. Eloá, d. Maria Luisa e a filha d. Etelvina, sr António Caiador e d. Celeste, sr. António Correia e d. Otília, d. Ana "do ferreiro", d. Julieta e sr. António Maires, sr Pelotas e d. Áurea, sra Naíde e sr "Manila, d. Ana e sr Carlos da Rabeca, sr Taveira e d. Aninhas, sr António "sapateiro" e d. Celeste, d. Laura "do Lourenço", d. Zefa, Tia Belmira Garfejo e Tio Daniel Silva, e tantos outros que já não lembro o seu nome- a memória não estica mais.
Realizei estes voos enquanto almoçava rodeada da gente boa de Justes, gente feliz por esta comemoração. Certamente outras pessoas terão feito o mesmo. Foram muitas emoções em simultâneo.
Quantas pessoas caberão nestes 800 anos? Vários milhares, mas somos nós a festejar.
JUSTES TEM FUTURO!
Gratidão a todos.