Transportes públicos
Como tenho manifestado
críticas à organização e utilização do centro urbano, pode parecer que pertenço
àquele grupo, que entregariam o centro da cidade à poluição e aos veículos
privados, mas não corresponde à verdade, e hoje vou escrever sobre os
transportes públicos desta cidade.
Parece-me que a cidade
tem sido favorecida com uma rede de transporte pública razoável, 25 linhas que
ligam não só vários pontos da cidade, assim como vários pontos do concelho.
Antes de 2002 isto não
existia. Desde 1975, que a cidade cresce, mas o poder político esteve 25 anos
inactivo nessa matéria.
Havia 2 ou 3 empresas
privadas que faziam o seu negócio transportando pessoas da cidade para as
aldeias, sem um plano estratégico a pensar nos cidadãos e nas suas necessidades
de deslocação urbana. Cada um tinha que andar a pé, de carro de praça ou
comprar um veículo automóvel pessoal, para poder deslocar-se. Cheguei a esta
cidade em 1988, habituada a utilizar transporte público no Porto e em Coimbra,
e aqui, fui trabalhar para Mateus e tive que utilizar viatura própria, para ir
trabalhar porque não existia alternativa.
Estamos melhor, uma boa
rede de transporte publico alivia a pressão nos centros urbanos e alivia a
bolsa dos cidadãos. Estamos muito melhor! Temos cerca de 25 linhas estruturais
em que algumas ainda se desdobram e cobrem grande parte do território.
Pelos dados que recolhi
(desconheço se são fiáveis) teríamos em 2022 uma frota de 20 veículos –
parece-me pouco para 25 linhas.
A minha experiência é
positiva, como vivo relativamente perto do centro, tenho transporte quase à
porta, utilizo-o fora das horas de ponta e constitui um recurso satisfatório
para me ajudar na minha mobilidade urbana. Na verdade, se tiver que estacionar
no centro, o dinheiro do estacionamento ultrapassa o custo de duas viagens em
transporte publico. Devo elogiar também os profissionais que os conduzem, que
manifestam simpatia e ajudam os utilizadores.
Tudo parece bem, mas
não está.
Refiro o interior dos
autocarros onde falta a visibilidade de um esquema da linha e um pequeno
esquema de toda a rede, atendendo a que há utentes que têm de usar mais do que
uma linha; falta também um monitor de informação com aviso antecipado da
identificação das paragens. O desenho do interior dos autocarros está feito
apenas para jovens; pretendendo-se rentabilizar o espaço do habitáculo, resultam
bancos elevados com degraus ou plataformas tornando perigosa a sua utilização
aos menos ágeis e menos novos.
Sobre as paragens de
autocarro, têm desenho contemporâneo, formadas por painéis transparentes, com
painel lateral direito com configuração de outdoor ou mupi[1]
(tive dificuldade em seleccionar o termo correcto) e respectivo postalete.
Usufruindo da sua forma de abrigo localiza-se um banco para os utentes se
poderem sentar, protegidos das intempéries.
Tudo parece bem, mas
não está.
O referido “postalete”
possui informação reduzida e esquemática das linhas, que é insuficiente. Os horários,
o esquema de toda a rede diurna e nocturna são inexistentes. O mupi está
ocupado com publicidade, certamente paga, e não se dá prioridade às informações
em falta. Como forma de ultrapassar este constrangimento veem-se folhas A4
coladas com fita-cola, sobre os painéis transparentes onde não deveria ter nada
para facilitar a sua limpeza e transparência. Fica o contraste entre a
modernidade e o desenrasque, com várias folhas A4, umas bem coladas e outras
com parte da folha pendurada.
Isto merece reflexão, o
mundo da publicidade é voraz. A publicidade exterior é o melhor investimento
para marcas que procuram notoriedade e impacto. As paragens de autocarro são
bons lugares para promover produtos ou serviços e influenciar decisões de
compra. São locais de permanência obrigatória, de um público flutuante,
diversificado com predominância de jovens. Assim, a colocação de publicidade
não é uma atitude ingénua da autarquia, mas sim uma atitude que produz
rendimento.
Aqui fica o reparo, a autarquia não
pode ser ambiciosa e querer tudo, ou pretende ter munícipes bem servidos ou
pretende rendimento publicitário fácil.
Um último apontamento:
às onze horas no interior dos autocarros já não se reconhece qualquer aroma
associado à higiene diária; as paragens requerem uma maior higienização,
qualquer utente percebe nos elementos transparentes, restos de fita cola, e
surro. Sim, escrevi surro e outras sujidades resultando da limpeza pouco
cuidada.
Tudo
parece bem, mas não está.
Sem comentários:
Enviar um comentário