ISRAEL-PALESTINA
O conflito Israel-Palestina
poderá converter a guerra da Ucrânia em brincadeirinha de crianças.
Criou-se a maior
barafunda no Médio Oriente, e no resto do mundo, poucos sabem de que lado
estão. Continuamos a alimentar guerras em vez de alimentar a paz e contrariar a
miséria e fome dos países pobres.
3.000 anos de conflitos
que culminam em imagens que transmitem no tik tok, cada qual com a sua
narrativa confundindo cada vez mais a tonalidade da verdade e da razão, não se
tendo a certeza quem são os maus e quem são os bons. Já me perdi em número de
mortos, em objectivos, estratégias, múltipla informação que se afoga, em mortes
sucessivas e ódios. A única ideia que me fica, é mortandade. Terror. Mortandade perigosa que pode colocar o mundo
em estado de sítio, sem linhas vermelhas, sem limites, porque estes já foram
ultrapassados por todos, não se entendendo como se pode sair desta barbárie.
Para mim, recordando as
palavras de Mia Couto, “só há duas nações, as dos vivos e a dos mortos” e eu
opto sempre pela nação dos vivos, porque a outra virá com toda a certeza,
depois.
A brutalidade segue
contínua e cega, ninguém sabe como isto irá prosseguir e como vai terminar, se
é que algum dia chegará ao fim. Apresenta-se uma complexidade que pode
representar a destruição das fronteiras do ódio em todo o mundo. O que se
pretende com um crescendo de radicalização? Que se exterminem mutuamente e nós
a olhar? Essa não pode ser a saída, porque seria o fim da Humanidade.
Penso nos mortos, penso
nos vivos e num estado cambaleante onde se encontram os reféns. Penso nas
crianças. Penso nos hospitais, o sangue é todo da mesma cor e o pânico não
escolhe lados. Penso também nos “eternos prisioneiros da Faixa de Gaza”.
A minha imaginação
sobre o terror, está no limite e detesto quando ela se amplia através da
observação de certas imagens. Tenho evitado ver vídeos para conseguir manter
alguma racionalidade perfeitamente consciente de que ontem é diferente de hoje,
e o hoje é diferente do amanhã. A raiva e a vingança são conceitos que não
podem existir na procura da paz. Tenho evitado conversas. Não me agrada falar
deste assunto. Incomoda-me não ter lado, e constatar que alguém tenha, porque
esse é o lado do ódio e da vingança, sem qualquer lógica argumentativa.
Estamos a querer
avaliar um problema que se perde no tempo, com reforço evidente, e até certo
ponto, provocatório, na 2ª guerra mundial e apesar de todos lamentarmos muito a
perseguição aos judeus e o holocausto, também entendo que os palestinianos
foram escorraçados dos seus territórios quando a recém-formada ONU decidiu que
ali nasceria Israel, sem o acordo dos palestinianos. Supõe-se que até 1948, mais de 500 vilas e
cidades palestinianas foram destruídas, e mais de 15 mil palestinianos foram
mortos. Em 1948, 78% do
território da Palestina foi ocupado pelos judeus, e os 22% foram divididos
entre o que hoje são a Cisjordânia e a Faixa de Gaza. 750 mil pessoas foram
forçadas a deixar as suas casas.
Decorridos 75 anos,
querer ficar de um lado é absurdo, porque isto é uma bolha feita de muitas
Histórias, com todas as abordagens traduzidas em fracasso, sangue, mortos,
violência, opressão, sofrimento, injustiça e ódios.
Publicado em NVR, 25 | 10 | 2923
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