O diploma chumbou
Marcelo trava a loucura
do diploma sobre as progressões na carreira dos professores criado pelo PS, que
evidencia desigualdade sobre desigualdade. O diploma chumbou. Finalmente apresenta-se
um rasgo de lucidez! O PR percebeu que esta luta não é para parar e que o
diploma está cheio de contradições, beneficiando uns e prejudicando outros.
Há uma cegueira
colectiva e propositada, por parte do Ministério de Educação, acerca dos
professores, a sua luta e também sobre a Educação - cegueira perigosa e contagiante.
Recomendo que o ME se
aplique e utilize o que exige dos professores, há um leque de medidas que
ajudarão a apurar a lucidez e o sucesso… há para todos os gostos; medidas
universais, medidas selectivas e medidas adicionais. Se estas não chegarem,
inventem outras. Os docentes sabem a que me refiro.
Foquem-se na
diferenciação, nas acomodações, no enriquecimento, na promoção, na intervenção…
o apoio, a antecipação e o reforço… nas adaptações, nas metodologias e nas
competências.
Os professores entraram
no seu período de férias, alguns já com a promessa da “casa às costas”, outros desencantados
com a Escola, a falta de reconhecimento acerca do seu trabalho, prejudicados
pela avaliação por quotas, que desenvolve sentimentos de frustração, revolta e
de desistência. Trabalhar bem, assegura uma boa avaliação, mas depois esta
reduz-se perante o número de cotas disponíveis. Esta avaliação em vez de ser uma
alavanca, um factor para melhoria da aprendizagem, funciona inversamente. Um
professor desmotivado é o pior que pode acontecer no processo de
ensino-aprendizagem.
Em Setembro cá estarão
de novo, preparados para mais um ano a lutar pelo que lhes é devido,
desmotivados, mas resilientes.
Aquela verborreia de
que se encerra definitivamente o processo de recuperação do tempo em que as
carreiras docentes estiveram congeladas, não passa disso, porque não é o Primeiro
Ministro, quem determina a satisfação dos professores, nem a orientação das
suas lutas.
Era o que mais faltava!
O argumentário dos
Costas tem sido um falhanço total, nem apelando e vitimizando-se com os
cartoons suínos se safaram. Em vez de valorizarem a carreira docente, atenderem
às suas justas reivindicações de forma gradual, optaram pelo oposto, e sempre
confiantes, porque não há exigência de retroativos. Assim, cada mês que passa,
sem qualquer acordo, são uns milhões do lado de lá, tão úteis para o jogo dos
aeroportos, para os palcos do Papa, para o optimismo do FMI e para os inúmeros
buracos financeiros que têm vindo à tona.
O Costa Primeiro, com a
maioria obtida nas eleições, está a afogar-se na sua habilidade negocial, e a esganar
a sua própria inteligência. Agora percebemos que o governo sempre teve um plano
B, e por isso, aprovou secretamente as alterações ao diploma do Governo sobre a
progressão da carreira dos professores, logo no dia seguinte ao veto, sem
consultar sindicatos. Nenhum professor conhece o novo documento. Incrível.
Cheira-me a mais uma habilidade espertalhona. O governo vai empurrando o
problema com a barriga, até a barriga estourar. E vai estourar mais cedo ou
mais tarde. A luta dos professores é a ponta do icebergue, tem escondido os
reais problemas da ESCOLA PÚBLICA, que mexem com toda a sociedade – é urgente
ser repensada, ajustada e melhorada.
A sociedade mudou, a
Escola foi a rasto, e as páginas excell já não enganam ninguém.
A Escola Pública está
saturada de experiências, que já foram rejeitadas por outros países. Ainda não
percebi, aqui o tempo deve ter outra velocidade; poderíamos transformar esse
constrangimento em oportunidade, para não repetirmos erros já cometidos pelos
outros, mas não, o Ministério da Educação apenas aproveita o refugo dos outros,
avançando cegamente para a catástrofe. A Educação continuará a
problematizar-se.
Publicado em NVR 02|08|2023
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