Hoje acordei pensando que talvez estivesse sol. Eternamente sonhadora.
Ainda de luz bloqueada, interroguei-me como seria se a terra
tivesse mudado de rotação. Que diferença faria? Haveria apenas a mudança das
estações do ano, porque o tempo, esse não se deixa iludir com as minhas utopias
matinais sobre o movimento do universo.
Ainda com alguns neurónios bloqueados, levanto-me, espreguiço-me,
levanto a persiana e abro a janela. Uma rabanada de vento (estamos na época do
Natal) entra de rompante, passeando pela casa, fazendo dela a sua morada. Abro
os braços e dou as boas-vindas à primeira manhã do ano.
Olho o rio, o substituto do meu mar. Imagino-me lá longe, no
sítio de sempre, mesmo assim sinto-me reconhecida por a vida me oferecer este
sítio do Reino Maravilhoso para estar e viver em paz.
A chuva cai abundante, penso como a vida somos nós, que
sentimos a sorte de acordar todos os dias e tentamos dignificá-la, tentando
melhorar a vida dos outros, tentando entender o mundo e nunca desistir.
In Ensaios de escrita, um ensaio sempre adiado – Anabela
Quelhas
1 comentário:
Abraço forte, sempre a resistir.
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