30 janeiro, 2023
26 janeiro, 2023
Hoje foi assim
quinta-feira, 26 de janeiro de
2023
DESENHO TÉCNICO - escola de
******
Hoje os alunos da professora
****** tiveram uma aula diferente.
No âmbito de um projeto ligado ao
meio ambiente, os alunos sentiram a necessidade de construir um galinheiro, e
convidaram a arquiteta Anabela Quelhas para lhes ensinar alguns truques do
desenho. Quando tem que se comunicar corretamente aquilo que se pretende
construir é preciso obedecer a algumas regras do desenho. Os alunos já tinham
registadas as dimensões, já sabiam a sua localização, os materiais que irão ser
utilizados, já imaginavam a sua forma, faltava só desenhar.
Aprendeu-se a medir, a utilizar
uma escala de redução, a desenhar a planta e os alçados, a assinalar os
materiais a aplicar, registar a legenda e finalmente fazer o rótulo de
identificação do desenho. Conversou-se sobre galinhas, raposas, poleiros,
ninhos, ovos, madeira, cimento, pregos, chapas, portas, redes e paletes e
trabalhou-se a porta para o raciocínio abstrato e a visualização do espaço, de
forma fácil e divertida. Informaram, que no interior iriam ter o poleiro, o
bebedouro e 4 ninhos para as galinhas porem os ovos.
Perceberam que esta forma de
desenhar é necessária em muitas profissões. Referiram-se algumas. Um dos alunos
informou-me que o pai dele é engenheiro, mas que só desenha plantas, não
desenha alçados.😁 Todos os alunos
seguiram as explicações escritas no quadro. depois de espreitarem pela janela
para o espaço onde será o futuro galinheiro, e registaram-nas numa folha tal e
qual como se faz num verdadeiro projeto.
Finalmente perceberam o que é uma
maquete e que nos dias de hoje até se pode fazer tudo isto no computador, mas
sempre cumprindo as regras ensinadas. A Professora ****
confidenciou que os ninhos iriam
ter ovos de várias cores para depois poder avançar para a matemática.
A arquiteta sugeriu que
aproveitassem uma tarde de sol para refazer o desenho da planta no chão do
futuro galinheiro, para perceberem bem a planta.
No final prometeram informar a
arquitecta sobre a evolução da obra e da raposita que anda a rondar a escola.
Boas práticas.
Boas práticos, projetos em escola pública sem altares papa-euros.
25 janeiro, 2023
A educação na Grécia antiga
A educação na Grécia Antiga.
Por vezes é necessário fazer marcha atrás, até à Grécia antiga, onde
nasceu a organização de muitas áreas do conhecimento e recordar o que pensavam os
pensadores, que viraram sábios, mais conhecidos por filósofos, sobre a educação.
Os filósofos perceberam que a educação seria o fio da civilização. Passar os
valores espirituais e físicos do Homem e todo o conhecimento adquirido para as
novas gerações, seria o processo.
Para Sócrates, a educação tornava o Homem melhor cidadão e, por isso,
mais feliz. Considerava o saber a coisa
mais valiosa que o Homem podia possuir, fazendo dele um mestre dedicado ao
ensino. Platão, discípulo de Sócrates, desenvolveu uma das primeiras teorias
sobre a educação, um sistema educacional que, na sua opinião, asseguraria a
existência de um Estado justo e feliz. Não se pensava em riqueza, pensava-se em
justiça e em felicidade. Esta ligação em cadeia entre educação, saber,
sociedade, felicidade e justiça, é quase um “pentagrama” inspirador que poderia
orientar a civilização.
O filósofo considerava a educação uma questão de interesse do Estado
que deveria controlar e sustentar todo o ensino, para formar a sociedade ideal
que seria mais justa e feliz.
Esta forma de pensar é fabulosa considerando que este senhor viveu 427-347
antes de Cristo. Em 387 a. C., Platão fundou a sua escola filosófica, a
Academia, cujo objectivo principal era realizar investigações científicas e
filosóficas. O filósofo tornou-se então o primeiro dirigente de uma instituição
permanente de pesquisas desse tipo.
Aristóteles vivendo 384-322 a. C., quase contemporâneo dos anteriores, afirmava
que o objectivo da educação seria tornar as pessoas virtuosas e devia ser
adaptada às condições naturais do ser humano, contrariando o endeusamento e
considerando sempre, as limitações da humanidade. Tanto um como o outro ainda
concebiam uma estrutura para porem em prática estas perspectivas sobre
educação. Aristóteles, abriu a sua própria escola, em 335 a. C., designado o
Liceu, um centro de estudos lógicos, físicos, metafísicos, políticos, etc.
Afinal, isto das escolas e da educação não são invenções recentes e fúteis,
que se podem remeter para segundo plano, numa sociedade que se pretende
evoluída, respeitando a sua história e tentando assegurar melhores condições de
vida aos cidadãos. Actualmente consideramos um país “rico”, o país que dá
prioridade à educação, entendendo-a como motor para uma sociedade melhor.
Paideia era o longo processo de formação dos futuros cidadãos gregos,
que funcionava como a aquisição de conhecimentos e treino para determinadas
aptidões. “A ideia de base era que, sem educação, não poderia haver cultura e
sem cultura não era concebível um exercício modelar da cidadania, que incluía
uma participação influente nos órgãos políticos da democracia directa e uma
prestação militar praticamente vitalícia” Este conceito de educação é incrível,
considerando que hoje há sociedades que ainda têm dificuldade em valorizar a
educação, considerando que se gasta muito dinheiro no sistema de ensino.
Pesando na balança, o valor da educação e da ignorância, conclui-se que a
ignorância sai muito mais cara.
Sem educação teremos todos o nosso futuro comprometido. Todos pensamos
que as crianças são o futuro, porém, o futuro são as decisões que tomamos hoje,
sobre elas e sobre o que as orientará, ou seja, a educação.
Publicado em NVR, 25/01/2023
24 janeiro, 2023
Encontrar Dali
Encontrar Dali, numa das suas pinturas mais famosas "O sonho causado pelo voo de uma abelha ao redor de uma romã." Museu Thyssen, Madrid
23 janeiro, 2023
Miradouro rei Alfonso XII - Madrid
“No final do século XIX uma epidemia de tuberculose assolou Espanha, levando consigo centenas de pessoas entre elas o rei Alfonso XII, com apenas 27 anos. O rei era amado pelo povo e carinhosamente chamado de “Pacificador” e para lhe renderem homenagem, decidiram criar este monumento em sua honra pago maioritariamente com dinheiro doado pelos espanhóis.
Em 1887, dois anos após a morte de Alfonso XII, as Cortes
propõem à Rainha Regente María Cristina a construção do monumento dedicado à
memória do seu marido.”
Arquiteto José Grases Riera.
Está inspirado nos monumentos a Guilherme I em Berlim e a
Victorio Emanuelle em Roma. A estátua equestre é obra de Mariano Benlliure.
A colunata é um exercício de rigor e de estética, rebuscando
o classissimo grego, ainda não se inventou nada melhor.
Diário de Viagem
20 janeiro, 2023
19 janeiro, 2023
18 janeiro, 2023
Mais uma vez na rua
Mais uma vez na rua
O protesto atípico, desproporcional e radical que preocupa o sr.
ministro da educação, resulta de sucessivos ministros incompetentes, de anos e
anos de paciência e tolerância por parte dos professores, perante desgovernos e
malfeitorias.
100? mil profs estiveram em Lisboa em protesto e desta vez fora de
controlo da Fenprof, orientados pelo pequeno sindicato liderado por André
Pestana. Felizmente tudo correu bem, porém, esta atipicidade de uma classe
profissional agir na rua, sem controle é algo que deve ser estudado em diversas
vertentes. A espontaneidade resulta de
um cansaço generalizado dos professores em relação à orgânica negocial entre
sindicatos e sucessivos ministros. Se
por um lado os professores/sindicatos tentam dignificar e melhorar a sua acção
profissional obtendo algumas victórias, por outro, os génios que estão no
ministério, vão complicando a vida de todos. É necessário reivindicar muito,
para obter pouco, sempre foi assim, mas agora o mundo muda rápido e isso exige
que as respostas aos problemas sejam também mais rápidas. Andamos nisto há 15
anos. Embarcamos num retrocesso guiado pela Maria de Lurdes Rodrigues, que
nunca mais parou, para que afirmasse orgulhosamente que perdeu os professores,
mas ganhou a opinião pública.
O ministro segura-se na razão de falta de oportunidade desta
manifestação e greves sucessivas em tempo de negociação e na legalidade das
greves, a Fenprof, cautelosa, tenta manter neutralidade para que não a acusem
de falta de ética sindical, focando-se na negociação e nas lutas já anunciadas,
e os profs saturados vão para a rua e prometem voltar.
As lutas, para além das cotas, da progressão nas carreiras que já
ninguém acredita, da recuperação do tempo de serviço “roubado” e esta questão
da municipalização que me parece muito mal contada pelo ministro, existe a luta
pela Escola Pública de qualidade. Os professores têm sido uns fantoches ao
sabor das sucessivas reformas/projetos emanados do ministério da educação desde
a Ministra Maria de Lurdes Rodrigues, implicando um crescendo de tempo dedicado
a burocracia sem efeitos directos na aprendizagem. Para mim recuavam-se 15 anos
e começava-se tudo de novo, com um projecto sério e realista, libertando
horários de professores para poderem refocar a aprendizagem e as actualizações
científica e pedagógica, inerentes à profissão.
A sociedade não percebe quando falamos sobre o aumento da burocracia.
Quando se explica ficam perplexos porque as narrativas, teoricamente, sugerem
que seriam para melhorar a aprendizagem, porém, não é isso que acontece. Os
profs precisam de planificar, articular, participar, colaborar, supervisionar,
monitorizar, avaliar, reflectir, e criar sinergias para finalmente ensinar com
o mesmo horário de sempre. É um
desgaste, cada ministro que surge, surgem novos procedimentos documentais. Não
se avaliam práticas anteriores, iniciam-se novas práticas e novos projectos, novas
grelhas, com designações diversas e que em nada melhoram a aprendizagem –
ocupam tempo, gastam neurónios e paciência.
Nas escolas deveria haver um cargo de leitor de actas, porque elas são
tantas e tão extensas, que o director não dispõe de tempo para ler tudo,
adicionando-se grelhas e mais grelhas, planificações, planos de recuperação, medidas
de inclusão: universais, selectivas e adicionais, definidas e implementadas com
base nas evidências, em função das necessidades educativas dos alunos, rumo ao
sucesso educativo garantido… (será?)
Os professores revelam uma paciência infinita, segurando a Escola Pública
em todos os momentos, apesar de todas as pressões e a falta de condições
existentes, continuam a ensinar, a educar, a motivar os alunos para estar na Escola,
e temos a prova recente, da sua dedicação total à Escola e aos alunos, durante
a pandemia. Deveríamos reflectir sobre o que diz Santana Castilho, Paulo
Guinote e Rui Correia (teacher prize Portugal 2019) convidados televisivos no
dia 14 e que os timings televisivos nunca permitem, que aprofundem o que pensam
e que apontem soluções. Todos os portugueses que não percebem bem a nossa luta,
ficaram a perceber o mesmo. Magoa a falta de consideração pela profissão, a
desconfiança constante e o massacre burocrático resultando de políticas erradas
sobre a arte de ensinar. Enquanto o futebol for mais importante do que a
educação, continuaremos neste charco.
Depois, ”porque as greves dos profs desorganizam a sociedade, e
deveriam ser previsíveis e sem danos.” Querem o quê? O ministro vai intimidar
(já começou), fará pequenos ajustamentos nas cotas e virará os pais contra os
professores, através de comentadores demagogos, daqueles que dizem que a breve
prazo, os trabalhadores serão contratados ou não, dependendo se têm os filhos
na escola pública ou privada, porque não estão para levar com as repercussões
das greves dos professores.
Publicado em NVR, 18/01/2023
17 janeiro, 2023
Castelos - fosso
O Fosso do Castelo - Um fosso, que é um corpo de água que circunda o castelo, é muitas
vezes pensado como um obstáculo que deve ser atravessado. Mas essa não era a
principal função de um fosso. Uma das maiores preocupações dos habitantes de um
castelo ou fortaleza medieval era o medo de que um exército invasor cavasse
túneis sob a fortificação.
Estes túneis poderiam fornecer acesso ao castelo ou causar um colapso das paredes do mesmo.
Um fosso impediria isso porque qualquer túnel sob o fosso entraria em colapso e
encheria de água.
Os castelos sempre me encantaram. Fazem parte do meu imaginário infantil, que depois com a
minha formação fui estudando e encontrando justificações para o seu desenho.
Hoje vou escrever sobre o fosso do castelo. Todos nós quando visitamos um castelo que
ainda conserva o seu fosso, corremos para tirar uma boa fotografia e pensamos
sobre a sua beleza, um espelho de água, tão bonito para remar ou até para tomar
uma banhoca.
Os construtores do castelo não pensavam em nada disso, a prioridade era sempre defensiva.
Este detalhe arquitectónico existia para proteger o castelo dos ataques dos inimigos.
O fosso é uma escavação enorme que circunda o castelo, coloca ao invasor mais um obstáculo
até chegar à parede do castelo e é preenchido com água, normalmente abastecido
por uma fonte de água próxima, o desvio da água de um lago ou de um rio.
Havia mais um pequeno pormenor. A preocupação defensiva considerava a hipótese do exército
inimigo cavasse túneis sob a fortificação, facilitando o acesso ao interior da
mesma ou até causasse a derrocada das paredes. O fosso tinha mais esta função,
acentuar a dificuldade de criar túneis, porque teriam de ser muito profundos e,
normalmente,o ri sco de serem invadidos por água, seria muito provável.
O fosso tinha ainda a vantagem de ser uma reserva de água para apagar incêndios. Quem imagina
que esses fossos teriam crocodilos, isso é conto de espadachins. Se o fosso
fosse seco poderia ter uns ursos, que também proporcionavam encontros
desagradáveis. Por vezes o fosso seco era a opção correcta – há narrativas que
nos contam sobre fossos de água putrefacta, cheia de insectos e algas, ameaçando
perigosamente a saúde dos habitantes do castelo.
Foto Castelo de Chenonceau.
16 janeiro, 2023
15 janeiro, 2023
11 janeiro, 2023
DIA INTERNACIONAL DO OBRIGADO
Dia Internacional do Obrigado
Antigamente existia um
código de ética na família, onde se integrava a gratidão.
Mal aprendíamos a falar,
os nossos pais ensinavam-nos a agradecer perante qualquer gesto simpático do
nosso interlocutor. A gratidão ultrapassava a boa acção realizada, a
solidariedade, a esmola, o reconhecimento pela ajuda e, redesenhava o acto com
simpatia biunívoca. Dizer obrigado (a), muito obrigado(a) e até muito
agradecido(a) faziam parte da nossa relação com os outros. Quando alguém nos
passava o pão na mesa, merecia um obrigado, quando alguém nos segurava na porta
para entrarmos em algum sítio, quando nos caía algo ao chão e o outro apanhava
e nos entregava, quando um automóvel parava para nos ceder passagem, a acção
rematava com um “muito obrigado”, que recebia em troca algo ainda mais gentil:
- De nada.
Em qualquer sítio, que
se pretendia obter um serviço, mesmo comercial, havia sempre dois obrigados. O
obrigado do sapateiro que arranjava os sapatos – porque lhe deram trabalho
remunerado - e o nosso obrigado, que excedia o pagamento e refletia o
reconhecimento do trabalho do outro, mesmo tendo sido pago, para nos servir.
Gratidão é uma espécie
de dívida, que enobrece quem a pratica, é querer agradecer a outra pessoa por
ter feito algo muito benéfico para nós. Gratidão e obrigado não terão a mesma
origem etimológica, mas deixo isso para os especialistas.
Para a Psicologia, a
gratidão é uma emoção positiva associada a vários benefícios comprovados para a
saúde mental e física. A Esopo é atribuída a frase: “a gratidão é a virtude das
almas nobres.” O
filósofo grego Cícero, dizia que “a gratidão não é apenas a mais rica das
virtudes, mas sim a mãe de todas as outras”. “A gratidão é o único tesouro dos humildes.” – William
Shakespeare.
Manifestar gratidão é
um trabalho educacional que se foi desleixando, sendo necessário criar um
lembrete à sociedade com o dia do Obrigado, influenciando cada um, a parar e a
reflectir sobre o quanto esquecidos e pouco reconhecidos somos, em determinadas
situações. Será que manifestei sempre a minha gratidão pelo outro? Quando uma
pessoa sente gratidão por algo ou alguém, tende a responder com sentimentos de
bondade e outras formas de generosidade. Respondi?
Olhando para trás, nem
sempre se vislumbram práticas que mereçam esse nosso gesto. Deveremos pensar
que, por vezes, momentos que correram mal, talvez tenham o poder do ensinamento
e assim terão a nossa gratidão no horizonte. Não tenho essa capacidade de
retorno para quem me fez mal, afasto-me e utilizo a gaveta da indiferença,
porém, nunca terá a minha simpatia ou gratidão. Sou humana e imperfeita, não
olhem para o que eu faço.
Mesmo parecendo
insignificante, esta palavra de oito letras pode fazer toda a diferença para
quem a recebe, assim como deixará mais feliz quem a profere. Simples de
pronunciar, por vezes até o fazemos de forma automática, porém, será assim tão
fácil para todos? O orgulho dificilmente se deixa dobrar pela gratidão.
Não esqueça uma coisa,
o homem diz obrigado com ó, porque obrigada, pertence à mulher.
No dia do obrigado, 11
de janeiro, faça agradecimentos especiais, porque os restantes devem ser
utilizados ao longo do ano. Ensine aos seus filhos acerca da nobreza da gratidão
e eu, humildemente, agradeço a todos os meus leitores, aquele tempinho que
dispõem para me ler. MUITO OBRIGADA
Publicado em NVR 11/01/2023
Dia da gratidão
09 janeiro, 2023
07 janeiro, 2023
Porto enxurradas
Estou a pensar nisto, a descida das Fontaínhas na cidade do
Porto. Como estão os vários rios e riachos que circulam por baixo da cidade do
Porto? Estão doentes, certamente. Ninguém os vê, até um dia eles fazem-nos
lembrar sobre as suas existèncias mal cuidadas. Os problemas são sempre os
mesmos, impermeabilização dos solos e interrupção dos cursos naturais. Pela
primeira vez o caos em muitas ruas do Porto.
Na cidade do Porto existem 66 Km de rios e ribeiras, 76%
(49,7 Km) dos quais estão entubados em consequência da crescente expansão
urbana. Sei destes: Rio da Vila, Rio Frio, Rio Mijavelhas, Ribeira da Granja,
Ribeira da Asprela, ...
06 janeiro, 2023
DIA DE REIS
Pelo Douro fora, comemorando o Dia de Reis, em dia de nevoeiro espesso. Outra forma de ver o Douro, o vale mágico.
Capela de S. Francisco
Capela de S. Francisco, Casa da Fonte
Celeirós, Sabrosa
A fachada principal tem pilastras de fuste estriado e capitéis de inspiração coríntia nos cunhais, suportando frontão triangular truncado, sem retorno, superiormente ornado de folhas enroladas e recortadas, coroado, ao centro, por representação do Calvário, com imagem de Cristo na cruz, de braços nodosos, ladeado pelas imagens, em barro, da Virgem e de São João, e, lateralmente, por largos fogaréus encimados por aves. É rasgada por portal de verga recta, com moldura sobreposta por elementos decorativos (florões, conchas e outros) e cartela com a data de 1710, bastante relevados, entre duas piastras, de fuste decorado por motivos discoides, e capitéis coríntios, suportando friso com florões e drapeados enrolados, cornija convexa com elementos discoides e uma outra cornija, mais avançada, com enrolamentos; sobre esta, surge tabela rectangular, com brasão de família, encimado por elmo e com paquife, ladeado por aletas fitomórficas, plintos com vasos e aves, terminada em denticulado e cornija convexa com motivos vegetalistas. O portal tem porta entalhada de duas folhas, com florões e losangos interligados por molduras. Ladeia-o duas cartelas ovais, inscritas, com moldura de elementos enrolados, e óculos octogonais, gradeados, com moldura de folhas enroladas e recortadas. No tímpano, abre-se nicho em arco de volta perfeita, com parastase, tendo a coluna torsa, de capitéis coríntios prolongada na arquivolta do arco, unida no sentido do raio, interiormente concheado e albergando imagem de São Francisco, em barro; ladeia o nicho dois açafates de flores e encima-o cornija recta. Fachadas laterais e posterior terminadas em friso e dupla cornija, sobreposta por beirada simples, possuindo pilastras almofadas de capitéis coríntios a separa a nave da capela-mor, e pilastras simples a definir os três panos da cabeceira; são rasgadas por óculos octogonais, de moldura em capialço.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=11054
04 janeiro, 2023
Anita e o Natal 22
Com tantos dias para sair, escolhi hoje, a chuva cai
certinha e grossa.
Encontro a Anita, recolhemo-nos debaixo do quebra-sol
da Pastelaria que estava vazia, que neste dia funciona como quebra-chuva e
perguntamo-nos pelo Natal.
Eu, lamentando sempre a minha pouca apetência pelas
coisas da cozinha, facto inalterável na minha vida e a Anita conta:
- Correu bem, festa em família, ainda considerei
fazer férias nessa altura para evitar certos constrangimentos. Toda família estacionou
os carros em Codessais, porque na minha rua tem dois passeios com adrianitos
extra-longos, fazem lembrar os extra-longos da polícia de choque. Os mais
velhos, a tia Alice, pediu à assistente do lar para a levar, e o tio Antenor,
como foi bombeiro, foram os bombeiros levá-lo.
- Essa dos Adrianitos já é piada velha.
- Velha, mas continua a provocar estragos. Olha nós,
aqui as duas à chuva, sem sítio para nos abrigar, com os carros lá longe… os
outros vão para o shopping e nós a fazer trocas do Natal no comércio
tradicional!
- Mas conta, como foi?
- Olha dois packs de Água das Pedras que foram à
vida, já todos têm estômago frágil, bebem uma Cola e arrotam à Cuba Livre,
bebem um Favaios e já fazem estragos como se tivessem marchado 5 Caipirinhas.
Estivemos muito compostinhos à mesa, a tia Fátima até colocou uns óculos
vermelhos encimados com o pinheirinho de Natal e um presente, comprados… só ela
sabe. Este ano estivemos menos pessoas. Tive que fazer umas pizzas para os mais
novos nos deixarem em paz com a ementa. O Tomás só largava a consola para vir à
mesa sacar a mousse de oreos e o bolo de bolacha. Está a ficar com ar de
lunático, porque vive num mundo virtual, já tem os dedos polegares maiores do
que os outros. O Francisco sempre a fungar desde as 5h da tarde, e a perguntar
a que horas chegaria o Pai Natal. A
Maria com o telemóvel da mãe, a vestir e despir bonecas. O Eugénio já fez 16
anos, pintou o cabelo de loiro, depilou as sobrancelhas, as orelhas dele
viraram dois audiofones e quer que lhe chamem Genita, não sei se com G ou com
Jota. A tia Alice a queixar-se da
ciática, queria saber onde se arranja canábis, porque lhe disseram que tirava
as dores; afundava-se no sofá e depois era preciso um “guindaste” para a pôr em
pé. O tio Antenor a implicar com a televisão e a perguntar a cada um de nós, se
na Consoada não transmitiam o Preço Certo. O Alberto sempre a dizer que a mãe
dele é que fazia boas rabanadas e a tentar convencer-me a ir passar o ano com o
Quim Barreiros na Avenida. O Paulo e a Ana Paula foram dançar com os
pauliteiros para recolher dinheiro para uma ONG. A Helena comeu de tudo, mas
com a promessa de só comer sopa sem batata até ao ano que vem - trabalha na
TAP, está a ver se a despedem. O meu
primo Silvestre fez uma cave e anda a revesti-la com isolamento que se usa nas
salas de raios X, foi difícil convencê-lo a vir passar o Natal connosco. Fica
furioso comigo, quando lhe digo que morrerá sozinho e esfomeado dentro do seu
bunker caseiro. Estava convencido de que esta consoada marcaria o início da
guerra nuclear. Tivemos que lhe dar um Xanax.
- E a tua amiga de Timor? Não foi?
- Deslocou a retina e agora amuou, quer passar o
Natal sozinha.
- E aquele teu tio mais velho, muito divertido, que
fazia o joelho da porca?
- Não foi, foi passar o Natal em sítio recomendado
por Leandro Karnal, com uma menina que está loucamente apaixonada por ele, e
lhe chama SugarDaddy.
- O teu primo Joaquim?
- Ah, esse pegou na mala e abalou para a Suíça. Fez ele
bem, manda fotos no lago Léman, banhinhos quentes em Saillon, chocolate quente
daquelas vaquinhas pretas e brancas que dão leite achocolatado… Tentei criar
uma mesa natalícia, com decorações compradas nos saldos do ano anterior, com os
lugares identificados com letras enormes, porque já estamos todos meio pitosgas;
o arroz de polvo saiu um pouco salgado e a couve com muita fibra – as mudanças
climáticas dão nisto! O polvo salga-se e a couve fibra-se! - olhou em volta e
sobre os presépios de rua, ensopados e devastados com tanta chuva, apenas disse:
Coitados, estamos em ano de guerra!
Mencionámos toda a sua família, um a um, e de
seguida contou sobre as prendas, as velhas ideias das mantinhas, os caquinhos e
as peúgas, quando seria muito mais interessante oferecer cheques do
supermercado ou viagens a prestações. As dos mais velhos ainda vinham com o
preço colado.
Despedimo-nos. Desejei-lhe bom ano. Disse-me que já
tinha lugar na janela da felicidade, para o Réveillon. Não entendi, mas em todo
o caso pedi para guardar lugar também para mim, porque estou saturada do
romance da TAP, da Alexandra Reis e das indemnizações que se praticam há vários
anos e que, infelizmente, nunca escandalizaram ninguém, na rotatividade dos
jobs... e já agora das aposentações dos deputados. Habituem-se, é o país que
temos, mesmo assim melhor do que muitos outros.
De guarda-chuva XXL, daqueles muito invejados, onde
repousam precisam de guarda, para não mudar de dono, atravesso pequenos cursos
de água na Avenida, que comprovam facilmente um teorema da engenharia
hidráulica: a água corre para a cota menor. E eu, cota maior, com bota de Mulher-Aranha,
onde pousa, agarra e não escorrega, imaginando que atravessar o rio Kwanza seria
bem pior. Aqui pelo menos não tem jacaré! Penso na sapiência e paciência
daqueles, que esperam tranquilamente, que a chuva passe - afinal é uma boa
estratégia. Porque não fico em casa?!!!
BOM ANO
29/12/2022
Publicado em NVR 4/01/2022
03 janeiro, 2023
02 janeiro, 2023
Pôr do sol
- Pra onde me levas?
- Não te digo. Vamos assistir ao pôr do sol, o maior espectáculo do mundo.
Foram o Marão e o Alvão, os personagens dialogantes com o
astro-rei.
E nós, sentados nos degraus de uma capela, após termos
visualizado mais uma vez os cachorros da cornija, e percorrermos com os dedos
as assinaturas dos pedreiros.
Ensaiámos registos fotográficos deste fenómeno grandioso,
diário e gratuito, pela primeira vez neste novo ano. Assim se constrói um final
de tarde em boa companhia.
01 janeiro, 2023
JUNTO AO MAR
Romance, mestria de escrita, a delicadeza, a liberdade, a opressão e os refugiados.
*****
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