JUSTES, 800 ANOS
Os habitantes de Justes sentem-se
muito honrados porque vão festejar no final desta semana, os 800 anos da sua
Carta de Povoamento, emitida por D. Afonso II.
É um ano especial, com toda a
comunidade muito empenhada em criar um conjunto de eventos que dignifique e testemunhe
por muitos anos, a data histórica.
A vida envolve-nos de tal forma que
por vezes nem percebemos ou ignoramos a história da terra que pisamos. A
passagem do testemunho oral, vai-se perdendo de geração em geração, e é fácil
perder o fio cronológico que nos poderia levar ao passado. Para os mais jovens,
100 anos é muito tempo, 800 anos, só acreditam porque existe o documento
escrito, que felizmente integra os registos do território, desde o início da
nacionalidade. Valem-nos os vestígios que a terra esconde, mas não rouba.
Justes como seria antes de 1222? O tempo imprimiu no seu território, vestígios
que testemunham várias épocas perfeitamente identificadas e que nos asseguram
que esta comunidade tem uma história com mais de 6 mil anos.
Dos vestígios mais antigos constam os
machados de Justes, datados em 2.000 a 3.000 anos aC e as Mamoas de 4.000 anos
aC. Os historiadores e arqueólogos certamente podem relatar este passado
vinculado às gentes descendentes de Maria Boa, que despertaram este ano para o
8º centenário da sua Carta de Povoamento.
Os transmontanos terão um bom motivo
para visitar Justes e participar numa caminhada pelo passado através do
percurso pedestre por “Terras de Maria Boa, do neolítico até aos nossos dias”,
organizado pela AdJustes, e integrar a festa de rua com traços medievais e respectivos banquetes.
Pretendo deixar registo de um grupo
de trabalhadores que conseguiram concretizar a ideia de que sou autora, a
construção do nome de JUSTES através de letras tridimensionais em betão armado,
com fundação apropriada, que não só registarão o centenário, como deixarão vestígio
para o futuro, de algo com o tempo que o betão armado permitir (engenheiro
Gabriel Carvalho). Os trabalhadores das grandes obras ficam normalmente
ignorados, permanecendo anónimos na História, porque o destaque pertence sempre
à inauguração das mesmas, absorvidas pelo poder político do momento. Sempre foi
assim, exceptuando alguns mestres canteiros, que gravavam a sua marca nas
pedras que talhavam e que agora, muitos anos depois, os descobrem como autores
de obras grandiosas. Por isso, felicito
todos os homens e mulheres que sacrificaram dias de trabalho, fins-de-semana, finais
de tarde e noites, para que a partir do dia 1 de Agosto de 2022, a palavra
JUSTES seja presença constante e visível na parte superior do largo Manuel José
Gonçalves Grilo, conhecido como o espaço do paredão. Esta obra será companhia
para quem vive aqui, cartão de visita para quem aqui passar e cartão de
identidade e de pertença que honrará os nossos antepassados e todas as memórias
que se acumulam ao longo dos séculos.
Será a imagem de Justes para o
futuro.
Aqui fica a homenagem a todos.
Publicado em NVR 27/07/2022
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