31 julho, 2022
30 julho, 2022
29 julho, 2022
27 julho, 2022
JUSTES, 800 anos
JUSTES, 800 ANOS
Os habitantes de Justes sentem-se
muito honrados porque vão festejar no final desta semana, os 800 anos da sua
Carta de Povoamento, emitida por D. Afonso II.
É um ano especial, com toda a
comunidade muito empenhada em criar um conjunto de eventos que dignifique e testemunhe
por muitos anos, a data histórica.
A vida envolve-nos de tal forma que
por vezes nem percebemos ou ignoramos a história da terra que pisamos. A
passagem do testemunho oral, vai-se perdendo de geração em geração, e é fácil
perder o fio cronológico que nos poderia levar ao passado. Para os mais jovens,
100 anos é muito tempo, 800 anos, só acreditam porque existe o documento
escrito, que felizmente integra os registos do território, desde o início da
nacionalidade. Valem-nos os vestígios que a terra esconde, mas não rouba.
Justes como seria antes de 1222? O tempo imprimiu no seu território, vestígios
que testemunham várias épocas perfeitamente identificadas e que nos asseguram
que esta comunidade tem uma história com mais de 6 mil anos.
Dos vestígios mais antigos constam os
machados de Justes, datados em 2.000 a 3.000 anos aC e as Mamoas de 4.000 anos
aC. Os historiadores e arqueólogos certamente podem relatar este passado
vinculado às gentes descendentes de Maria Boa, que despertaram este ano para o
8º centenário da sua Carta de Povoamento.
Os transmontanos terão um bom motivo
para visitar Justes e participar numa caminhada pelo passado através do
percurso pedestre por “Terras de Maria Boa, do neolítico até aos nossos dias”,
organizado pela AdJustes, e integrar a festa de rua com traços medievais e respectivos banquetes.
Pretendo deixar registo de um grupo
de trabalhadores que conseguiram concretizar a ideia de que sou autora, a
construção do nome de JUSTES através de letras tridimensionais em betão armado,
com fundação apropriada, que não só registarão o centenário, como deixarão vestígio
para o futuro, de algo com o tempo que o betão armado permitir (engenheiro
Gabriel Carvalho). Os trabalhadores das grandes obras ficam normalmente
ignorados, permanecendo anónimos na História, porque o destaque pertence sempre
à inauguração das mesmas, absorvidas pelo poder político do momento. Sempre foi
assim, exceptuando alguns mestres canteiros, que gravavam a sua marca nas
pedras que talhavam e que agora, muitos anos depois, os descobrem como autores
de obras grandiosas. Por isso, felicito
todos os homens e mulheres que sacrificaram dias de trabalho, fins-de-semana, finais
de tarde e noites, para que a partir do dia 1 de Agosto de 2022, a palavra
JUSTES seja presença constante e visível na parte superior do largo Manuel José
Gonçalves Grilo, conhecido como o espaço do paredão. Esta obra será companhia
para quem vive aqui, cartão de visita para quem aqui passar e cartão de
identidade e de pertença que honrará os nossos antepassados e todas as memórias
que se acumulam ao longo dos séculos.
Será a imagem de Justes para o
futuro.
Aqui fica a homenagem a todos.
Publicado em NVR 27/07/2022
22 julho, 2022
Hoje a noite promete
Hoje a noite promete. Há afectos que se cultivam ao longo de anos, gargalhadas que se soltam, lágrimas que se enxugam e esperança que se partilha nas nossas viagens, dentro e fora de nós. Muita criatividade, muita tolerância, muita vontade de conhecer novos mundos, muita loucura saudável se tem desenhado nos nossos horizontes. Tchim, Tchim.
20 julho, 2022
ÉS FELIZ?
ÉS FELIZ?
Sou escandalosamente atrevida, às
vezes inconveniente, indo directa ao assunto e pergunto:
- És feliz?
No início surpreendia-me com a
hesitação e a perplexidade que lia nos olhos dos inquiridos, pessoas maduras e
experientes, como se a pergunta fosse um problema difícil de termodinâmica…, agora
já estou atenta e à espera disso.
Após esta pergunta simples, parece
que vejo o filme que passa no interior do meu interlocutor, que equivale à sua
idade. Uma retrospectiva difícil de verbalizar, mas impossível de esconder, o
desconforto e todas as contradições despertadas com esta pergunta tão simples.
Uma pergunta que queima.
A pergunta obriga-os a fazer uma
auto-avaliação normalmente penosa, nos seus canais vivenciais, que ora se
transforma em avenidas de êxtase, ora em ruas cheias de monotonia e rotinas, ora
em becos cinzentos e sem saída. Tomam consciência da passagem do tempo, da
descoloração da alma e a resposta que deveria ser verdadeira, por vezes não é.
Vale o sim, vale o não, ambas são difíceis de exteriorizar. É difícil assumir
que se fez más escolhas, que somos incapazes de nos renovar, de questionar e de
mudar. Mudar é sempre muito difícil. A mudança não se adquire na farmácia, a
mudança está dentro de nós e é difícil de conquistar.
Os questionados por vezes tentam
contornar a resposta utilizando discurso demagógico como argumento, tentando
iludir a minha clarividência e eu apenas travo a conversa e explico:
- Apenas quero um sim, ou um não, ou
ainda um nim. Basta-me isso. Basta-me a revolução interior que sentiste em
poucos segundos, e que eu consigo ler no teu olhar. Não interessa fazer a
contabilidade das ausências e das presenças, das incertezas e das angústias.
Quero a contabilidade feita na chapa como se este fosse o teu último dia, sem
projecções dos amanhãs e as decepções do passado. És feliz hoje?
Esta pergunta andará vários dias a
navegar na mente do questionado, provocando quiçá algumas horas de insónia e de
mal-estar. No final do dia olhar-se-á nos seus próprios olhos ao espelho,
descodificando todo o seu coração, desparadoxando a sua mente… um dia após o
outro até praguejar contra mim:
- Raios partam a gaja que me veio
tirar o sossego! Não tinha outra pergunta para me fazer?
Esquecem-se de que se deveriam
perguntar muitas vezes ao longo vida. Sou feliz? Claro que se põe a questão
filosófica sobre a felicidade, se existe ou não… mas, poderemos apostar em
sermos menos infelizes.
Há uma tendência: Os que são mais
infelizes, e que têm dificuldade em assumir as inseguranças, os desencontros, sentem
muita resistência e falta de coragem para a mudança, mentem e dizem que são
felizes. É mais fácil. Não se comprometem apesar do desconforto lhes apertar a
garganta. Os mais inquietos e frontais e provavelmente os que contabilizaram
mais momentos felizes, não receiam em dizer que têm muitos momentos infelizes.
Os verdadeiramente infelizes, não
conseguem mudar, fecham-se no seu mundo bafiento, numa modorra doentia, a ver
televisão e a beber uma cervejola ocasionalmente e a tomar o comprido para o
colesterol. Mudar dói. Mudar envolve perdas e ganhos e já que é assim, decidem
ficar na mesma, poupa raciocínio e uma série de avaliações/decisões, que os poderão
retirar das suas zonas de conforto. É melhor continuar naquele diálogo “profundo
e construtivo” com o cônjuge ou parceiro, que mais parece um copo de água insalubre:
- Chega-me um guardanapo, por favor.
/…
- Queres bem-passado ou mal-passado?
/…
- Passa-me o sal. /…
- Comi de mais. /…
- Amanhã vai chover?...
E depois passam para a diversão, um vê
telenovela na TV da cozinha e o outro vê o futebol na TV da sala. Uma diversão
que tolhe!
A mulher substitui o rolo do papel
higiénico no WC, o homem arrota ao levantar-se da mesa, ambos atiram o olhar
gasto para fora da marquise e recolhem-se numa inércia gritantemente acomodada.
Um dia perguntei ao psiquiatra:
- Como estamos de felicidade?
… e a resposta foi surpreendente:
- 90% dos casamentos são infelizes.
Ser feliz dá muito trabalho.
- E os casais aceitam isso, não
querem ser felizes com outras pessoas, noutros contextos?
- Dá menos trabalho continuar assim.
Caro leitor, já se questionou? De que
lado está?
Publicado em NVR 20/07/2022
Anfiteatro Romano de Cartagena
Anfiteatro Romano de Cartagena (Nova Cartágo) século 5 aC – uma parte do anfiteatro está talhada na própria rocha da elevação. Ainda não está totalmente visitável, porque as escavações não estão concluídas. É sempre uma emoção visitar estes gigantes da arquitectura. Sentei-me num degrau qualquer e sentir a dimensão, a escala, imaginar todos os degraus cheios de gente, 7.000 espectadores. Dedicado a Lúcio e Caio César. Prestei atenção ao desenho, confirmando medidas e soluções que já se cruzaram com a minha vida profissional. Foi transformada em praça de touros no século XIX. (Diário de Viagem, 2011)
19 julho, 2022
Piscinão
No Douro só assim. Acho que melhor não existe e aqui tão perto. Piscinão e todo o serviço de apoio *****
Douro Vallery.
18 julho, 2022
15 julho, 2022
13 julho, 2022
VOLTEI AOS XUTOS
Lá voltei ao concerto dos Xutos. Há
cinco anos porque seria o último do Zé Pedro, e agora, porque queria ver os
Xutos sem o Zé Pedro. Todos os motivos servem. Desta vez já ia mentalizada
sobre quem encontraria na linha da frente, os cinquentões da praxe, vestidos de
preto, de cabedal, capacete no braço, muita tatuagem, muita pulseira de couro,
muito attaché, camisola caveada, com o pelame a espreitar, por trás dos músculos
cada vez mais flácidos... a idade não perdoa! não sou só eu que tenho gordura a
mais!
Vesti de preto como todos dias, pendurei
no pescoço e no meu pulso, duas metades de lenço tabaqueiro, por ser situação
especial com apontamento de noite transmontana, sapatilhas e muito entusiasmo.
Deixei a família junto a Gomes, e
como sempre acontece, fui sozinha para a frente. Em falta de espaço, com muito
aperto, sempre é melhor circular sozinha, é mais fácil decidir por onde escapar
e muito mais fácil fazer ceninhas deprimentes, como saltar ao ar e cantar com
voz de cana rachada. Foi noite quente em dia escaldante, com cheiro a combustível,
a borracha no asfalto e muita cerveja. Conforme avançava para o primeiro anel,
ziguezagueando, por aqui e por ali, seguindo os pequenos vazios desenhados pela
multidão, ia aumentando a tendência para as cabeças roll on e odor de
sovaco, quando cruzavam os punhos sobre a cabeça.
Senti saudades do Zé Pedro.
E saio agora
E vou correndo
E vou-me embora
E vou correndo
Ja não demoro
E vou correndo pra ti Maria
Enquanto ouvia a Maria, ia pensando
na nova escala do centro histórico, que nesta noite, foi pequeno. Uma avenida
grande acolheu os fãs dos Xutos como um grande abraço – vejam a fotografia
aérea. Vi as pessoas à varanda, um pequeno pormenor de cidade pequena novecentista,
a casa Diogo Cão testemunho calado e encerrado de vários séculos a observar a
vida dos Vila Realenses. Pensei nos internados do Hospital da Luz a ter alucinações
com tanto som, pensei nos velhinhos do Lar Hotel, a não atinar a aplicar as
gotas nos olhos, pensei sobretudo que me apetecia estar sentada, junto ao tribunal
se o auditório estivesse implantado conforme a morfologia do sítio, isso sim,
seria a noite perfeita. Possa, virem o auditório ao contrário! Tenho esta mania
da união e rejeito a separação. Gosto mais de unir do que separar. Muros, só
por uma boa causa.
Quase no final, chegou uma mensagem
no telemóvel:
- M@e, ainda demoras?
Publicado em NVR 13/08/2022
06 julho, 2022
OS INÚTEIS
OS INÚTEIS
Ver cinema em casa pela televisão é um triste remedeio, que utilizei durante a pandemia e nestes dias de baixa médica.
Gosto de ver cinema numa sala de cinema.
Hoje foi ao ar livre. Favoreceu o meu retorno à adolescência
e aos cinemas de Luanda. Não tive a brisa vinda do mar, mas tive uma linha
laranja que desenha o perfil do Marão a trazer-me uma brisa fresca enquanto
começava um clássico de Fellini,“Os inúteis”. Um filme que vi há muitos anos.
Agrada-me sempre rever Alberto Sordi, um excelente actor. Este filme é uma obra
de arte realizada por uma dos grandes mestres do cinema. Um filme cheio de
pormenores bem pensados e bem sacados da sociedade italiana com uma juventude tardia
desocupada, acomodada e canastrona., que não se decide a procurar novos
horizontes.
ULTRAJANTE: TRÊS MINUTOS DE JUNTA MÉDICA
Cheguei vinte minutos antes da hora marcada. Em vinte minutos entraram e saíram sete pessoas para serem interrogadas por dois senhores, que se assinam como Drs (falta saber de quê). Fazendo contas, em vinte minutos despacharam sete pessoas, e isto dá três minutos aproximadamente por cada pessoa, manifestamente insuficientes, para alguém se inteirar do estado de saúde do outro. Estes senhores são mais rápidos do que tirar sangue da veia!
Há relatórios para mostrar, exames para observar, questões para reflectir,
conclusões para avaliar. Estão ali dois indivíduos retirados de algum conto de
terror de Allan Poe, que em três minutos conseguem reavaliar tudo o que nos fez
padecer por meses, com vários ou o mesmo diagnóstico, apoiados por médicos de
família e médicos especialistas, que diagnosticaram, apontaram soluções e nos
apoiaram várias vezes ao longo de meses. Estes senhores para além de avaliarem
o que outros já avaliaram, com mais tempo, rigor e paciência, preenchem
papelada, têm tempo para ser antipáticos, prepotentes, reclamar contra nós, pôr
em causa os documentos que apresentamos, o profissionalismo dos seus pares, a
nossa dignidade e seriedade e dar-nos sermões, como se fossemos uns bandidos,
falsificadores e com cadastro. São três minutos que provam que o tempo é muito
relativo e nos fazem mergulhar em situações perfeitamente kafkianas.
Chegou a minha vez, entrei numa sala dividida ao meio, com um grande
painel acrílico anti-covid, dos maiores que eu já vi, com dois senhores
sombrios do lado de lá, sentados nas secretárias e eu do lado de cá, em pé, com
uma mão ainda sem mobilidade, sem cadeira e sem sítio onde pousar o casaco, o
guarda-chuva e a pasta de onde teria que retirar vários documentos, com uma mão
pouco sensível e sem destreza.
Os relatórios leram-se em diagonal,
não quiseram ver exames, questionaram muito sem qualquer lógica,
indirectamente chamaram de incompetentes e trapaceiros a quem me atendeu no
Hospital em situação de emergência, e eu, na urgência desse hospital, com uma
mão ao pendurão, cheia de dores, deitada numa maca, três horas à espera que me
engessassem um braço, os joelhos inchados e doridos, a face com dois hematomas,
tive a ousadia de desconhecer a lei e como se preenchem correctamente formulários, para satisfazer o ego daqueles
dois. Sugeri-lhes que pegassem no telefone e ligassem para o Hospital e ao médico
que me atendeu e tratou, para lhes chamar incompetentes e lhes ensinar a lei.
Não leram relatórios, folhearam sem olhar, focando-se apenas na intenção de me
minimizar e achincalhar.
- Assine aqui! - plasmaram um papel em cima de uma das secretarias
batendo na mesa e através de uma pequena abertura do acrílico. Normalmente
todos assinam. Eu disse que só assinava se tirassem a mão sobre o cabeçalho
para poder ler o que iria assinar. Levantaram a mão, indispostos.
- Não vê que lhe prolongamos a baixa!!! – parece que eu ainda teria de
agradecer… e indicaram um pequeno rectângulo, onde eu deveria assinar. Voltei a
explicar sobre a minha motricidade fina afectada e portanto não conseguia
assinar dentro do rectângulo.
- Faça uma assinatura qualquer, uma rubrica! – ripostaram impacientes.
- Não. Eu devo assinar parecido com o Cartão do Cidadão, e é assim que
assinarei. Portanto, vou sair do rectângulo, porque não consigo escrever letra
pequena. A assinatura saiu do rectângulo, naturalmente, enfurecendo-os.
Saí e da ombreira da porta, virando para o corredor de acesso, oiço um
DA-SSSEEE!
Interpretei
este DA-SSSE da forma mais leve e tolerante, seria talvez DA-SSSE para esta que
nos fez gastar mais de três minutos!
Na segunda entrevista, disseram-me que me podia sentar. Desta vez havia
uma única cadeira, dentro do espaço vazio do utente.
Eu procurei a cadeira que estava encostada à parede oposta ao acrílico,
à distância de cerca de mais de três metros. Dirigi-me à cadeira e tentei pegar
nela para a aproximar do acrílico.
- ALTO!!!! NÃO MEXA NA CADEIRA! FIQUE ATRÁS DA RISCA VERMELHA!!! Gritou
um dos homens cinzentos que se assina como Dr. ESTA GENTE PENSA QUE O COVID ACABOU! - Foi
assim que fui acolhida, de forma agressiva e autoritária, atrás de uma linha
vermelha pintada no chão a dois metros e meio de distância ao acrílico.
Fui escolhendo os documentos que deveria apresentar, por cada
documento, levantava-me e aproximava-me do acrílico e entregava, depois voltava
â cadeira, escolhia outro documento e voltava a levantar-me e entregar junto ao
acrílico.
Começou o interrogatório dos homens cinzentos, questionando-me em
simultâneo, deixando-me confusa e irritada, porque não tenho a mesma capacidade
de responder também em simultâneo. Mais uma vez, papeis incorrectos, devia ser
assim ou assado e eu já com ideias turvas, a passar-me do limite da minha
paciência, desejando que os três minutos terminassem rápido, receando não
segurar a minha boa educação. Bastaria uma reacção minha menos boa, uma palavra
mal escolhida e aquele fluxo neurótico daqueles seres cinzentos e sombrios,
iria converter-se num rio tresloucado, comigo a disparar em todas as direcções,
desconhecendo o final deste diálogo pouco dignificante. Mais um papel para
assinar, colocado na abertura do acrílico, em que eu assinei pensando que seria
apenas um papel para regressar ao meu trabalho. Assinei sem ler, só queria sair
dali para fora, temendo que excedessem os três minutos da praxe do atendimento
e da minha tolerância.
Tive que reaprender a escrever, a desenhar, a efectuar manualidades que
exigem rigor extremo, porque tinha a motricidade fina afectada. Tive alta
condicionada. mas, impedida de carregar pesos, é isso que está escrito no
papel. Em nenhum relatório dos meus médicos, constava que não podia
carregar pesos. Eles não distinguem um arquitecto de um estivador!!!
Saí.
Desta vez, portei-me melhor e tive sorte, não ouvi nenhum DA-SSSE.
Adivinhem onde fui, quem são estas figuras sinistras que parecem
retiradas da repartição das finanças no tempo da outra senhora?
O que é que a ADSE pretende com isto? Formulários recopiados milhares
de vezes, mal estruturados, fora de tempo… porque agora temos o digital. Alô!!!
temos digital onde toda a informação poderia ser vertidal!! Alguém pensará que
eles detectam quem está bem ou mal? Aqueles dois merecem zero de credibilidade
porque são maus profissionais, atendem mal, não dedicam o tempo necessário ao
utente e prestam um mau serviço a todos. Que especialidade terão para poder
avaliar todas as áreas da saúde? Sabem mais do que um psiquiatra, mais do que
um ortopedista, mais do que um cardiologista. Perfeitamente ridículos. A nossa
vida anda gerida por estes inúteis e imprestáveis, mas a culpa não é deles, a
culpa é de quem lhes paga o salário e dos utentes que permitem tanto ultraje.
Estes senhores são demoníacos, jogam com a incapacidade dos sinistrados, com os
seus limites, com as suas dores físicas e da alma, que os impede de ser
reactivos. Como se reclama se não se consegue escrever ou não se sabe escrever?
Veremos o que se irá passar na próxima vez. Tenho o braço e a mão curados e
estou cheia de paciência para escrever…
(Deu em programa na TV. Todos dizem o mesmo, não sou eu que sou
implicativa. É uma vergonha, um desrespeito pelos profissionais de saúde e
instituições que tratam de acidentados e doentes. É uma verdadeira afronta para
quem se encontra fragilizado. Ultrajante! A última entrevista foi a 31 de Maio
de 2022, que gerou o pânico por eu aproximar a cadeira, claro que sempre de
máscara e mãos devidamente desinfectadas. Isto não é segurança anti-Covid, é mesmo
má educação, arrogância e incompetência.)
02 julho, 2022
Xutos em 2017
Apesar de ser
fã nunca tinha ido a um concerto dos Xutos. Falhei em todas as oportunidades.
Em 2017 sabia que seria a ultima vez com o Zé Pedro e decidi-me. E decidi-me a
ir sozinha- Vesti-me de preto, coloquei lenço vermelho e bora lá. Cheguei cedo
para ficar junto do palco e poder fotografar, mas desconhecia quem eram os
maiores fãs dos Xutos. Pensei que iria encontra pessoal jovem. Enganei-me
fiquei rodeado por um publico masculino quarentão e cinquentão, daqueles tipo armário,
cheios de tatuagens, vestidos de preto. Uns de capacete no braço, outros com
pulseiras de couro e anéis metálicos da pesada e argola no nariz. Estava uma noite
muito quente. Só de respirar já suava.
“A carga
pronta e metida nos contentores
Adeus aos
meus amores que me vou”
Eu no meio
deles, todos de t-shirt caveada a levantar os braços e com os punhos cruzados
em cima da cabeça a acompanhar o Tim.
“E vou-me
embora
E vou
correndo
Ja nao
demoro
E vou
correndo pra ti Maria”
Cheirava a cerveja
e a gim qb e ainda cheirava a sovaco dos dois que “estacionaram” ao meu lado.
Fiquei ali as
duas primeiras músicas, fotografei e depois, quando todos resolveram fazer a
onda gigante fui saindo de fininho para a lateral.
Hoje vou repetir a dose, mas com saudade do Zé Pedro.