CONVENTO DE
MAFRA
13 anos de
construção (1717 a 1730)
Visitei-o a primeira vez em adolescente,
naquela volta com a família para conhecer os monumentos portugueses. O convento
foi mais um, na lista do Mosteiro da Batalha, Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro
dos Jerónimos, Castelo de Guimarães, Palácio de Sintra, Igreja de Sta Cruz e
por aí fora.
Nunca fui sensível à sua escala, antes de o
olhar com olhos de ver, através dos papeis com a representação das plantas do
edifício de 3 pisos e a localização da basílica com as suas torres, os espaços
palacianos e os do convento, os grandes claustros, os torreões e a biblioteca e
por fim o espaço exterior envolvente.
Percebi que é um gigante, digno de atenção e
respeito. É tudo em grande - 40 000 m2 de área, a sua fachada nobre tem 232
metros, 29 pátios, 880 salas e quartos, 4.500 (confirmar) portas e janelas, 156
escadarias, 119 sinos que formam um carrilhão que pesa 217 toneladas.
Considerando que uma habitação T3 terá uma média de 120 m2, ali cabem 333 fogos
dessa dimensão. Talvez isto dê uma noção da escala.
Estima-se que a sua construção foi realizada
por 20.000 operários todos incógnitos, que nunca foram falados e muito menos
imortalizados pelo esforço, empenho e desgaste para erguer esta obra
gigantesca, numa época em que não existia tecnologia de apoio à construção
civil e alguns trabalhadores pagavam com a própria vida. Tudo se baseava no
engenho e no trabalho braçal destes homens que se tornam assunto na obra de
José Saramago, em Memorial do Convento. Não eram escravos, mas era uma
modalidade de trabalho forçado, não podendo abandonar a obra, sendo severamente
castigados, se assim o ousassem.
Faz parte da
lista do Património Mundial da Humanidade criada pela Unesco, é uma obr- prima
do estilo barroco português, resultado de uma promessa feita por D. João V,
para que fosse abençoado com um filho. O suporte financeiro foi o ouro vindo do
Brasil. O principal arquitecto do projeto, que seguiu execução foi Johann
Friedrich Ludwig, arquitecto alemão.
Em 1730 acolheu cerca de 328 frades, número
que foi oscilando ao longo do tempo. Há outros números que se conhecem no
período de maior apogeu da comunidade religiosa; consumiam-se por ano 120 pipas
de vinho, 70 pipas de azeite, quase 10 toneladas de arroz e 600 vacas.
Tenho uma simpatia muito especial pela
biblioteca, lindíssima, de escala harmoniosa, talvez uma das mais belas do
mundo, em que inicialmente, para contribuir para a manutenção do fundo documental,
os monges franciscanos criaram uma colónia de morcegos, que se alimentavam de
insectos nocivos, durante os voos nocturnos.
Apesar da sua grandiosidade é uma peça leve,
agradável, cor da luz, com pouco contraste entre os panos pintados a amarelo e
a cor e textura do calcário, que lhe confere uma beleza suave e nobre.
AQ março 22
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