PALAVRAS SOBRE A ALT
Estive
um pouco recolhida devido a um problema de saúde e só agora tive acesso à obra
PALAVRAS DE LIBERDADE.
Devo registar novamente
o meu apreço pela dinâmica da Academia de Letras de Trás-os-Montes. Enviam-me
informações diariamente para o meu endereço electrónico, sobre o mundo
literário português, apresentações conferências, colóquios, prémios, festivais,
reuniões, o que exige um grande esforço de aproximação aos seus membros, por
parte da direcção. Isso é bom!
Nos dias de hoje, em
que a informação circula rápido e se desactualiza com a mesma rapidez, é
importante esta dinâmica, que se sente funcional, actualizada, activa e
criativa, a favor da literatura do século XXI. A nossa geografia de
interioridade exige esta forma de actuar, para não entrarmos numa bolha
bafienta, fechada, elitista, estática e ultrapassada. Para além da divulgação é
visível também o incentivo da produção literária com as suas coletâneas que abrem
espaço de divulgação aos autores transmontanos e à cultura, história das gentes
e do território. Os temas são bem pensados e este ano Abril era obrigatório.
Já todos conhecem
Torga, Bento da Cruz, Guerra Junqueiro, Pires Cabral, Rentes de Carvalho, Araújo
Correia, e as editoras têm porta aberta para as suas publicações. É só não
deixar esquecer. Os autores desconhecidos têm todas as portas fechadas, as
editoras não investem nas suas obras e assumindo essa inércia negativa ficarão
para sempre no mundo do desconhecido. A ALT com a criação de colectâneas anuais
contrariam essa tendência redutora, dando oportunidade e visibilidade a novos
talentos da escrita. Ficamos a saber quem são, o que escrevem e a
potencialidade oculta.
A colectânea sobre a
Liberdade contém textos de cerca de 60 autores a maioria não se conhece entre
si e juntando-os, passam a ter um sentimento de pertença e de identidade para
com a Academia, entre si e com esta geografia a nordeste. Se esta iniciativa
não existisse, cada um teria os seus papeis, os seus arquivos fechados ao
mundo.
Tenho imenso orgulho em
ter participado pela 3ª vez nesta iniciativa e contribuir um pouquinho para
ampliar as palavras sobre Abril. Inquieta-me bastante, as palavras fechadas em
arquivo, como já mencionei, apenas porque não têm sítio público para serem
partilhadas. Como leitora, sinto que perco conhecimento e mundos. Quantas
ideias e quanta sensibilidade escondida em autores invisíveis! Quantas vidas não
vivi! Quantas experiências deixei de conhecer.
Cada autor reúne a sua
sensibilidade afectada por diversas circunstâncias. Os 60 autores, de alguma
forma, constroem o pensamento do Homem Contemporâneo que fica assim perpetuado
com aroma de Abril e de montanha.
Publicado em NVR 3/07/2024
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