Tina Turner (1939-2023)
Sem Tina Turner o mundo
está mais pobre. Tina era a personificação da luta da mulher na sociedade.
Nasceu pobre, sofreu abusos, descriminação e venceu. Por trás daquela voz
poderosa, com pernas de bailarina existia uma personalidade forte e muito
sofrida, porém, resiliente.
Nascida como Anna Mae
Bullock em Brownsville, Tennessee, nos Estados Unidos, numa família de
camponeses ligados às plantações de algodão, desde muito pequena colhia algodão
com a sua família. Começou a cantar em adolescente na igreja, foi incluída na banda
de Ike Turner, o seu futuro marido e pai dos seus quatro filhos, onde nasceu a
interpretação de Tina de uma das músicas mais escutada do mundo “Proud Mary”, do
grupo Creedence Clearwater Revival. Suportou a relação abusiva, sofrendo de
violência doméstica durante 20 anos, com um homem violento e abusador, que
nunca a fez feliz, até que em 1976, eliminou essa relação tóxica e entregou-se
totalmente ao mundo da música, convertendo-se rapidamente em sucesso mundial.
Parecia sempre alegre,
emotiva, divertida e calorosa, com uma capacidade interpretativa incrível,
capaz de seduzir quem a ouvisse cantar e de nos cativar por décadas.
A primeira versão de “Proud
Mary”, com Ike, é a minha preferida, porém, funciona sempre como um alerta: nem
tudo o que é brilha é ouro, nem tudo o que parece, é… quem imaginaria que por
trás daquele dueto tão integrado, tão funcional, tão belo, residia uma relação afectiva
degradante, com violência física e emocional?
“(…) If you come down to the river
Bet you gonna find some people who live
You don't have to worry 'cause you have no money
People on the river are happy to give(…)”
Todos lhe atribuímos a designação
de Rainha do Rock and Roll, não só porque as suas músicas são impactantes, mas
também porque em cima do palco, a sua energia tornava-se contagiante e emergia
um espectáculo grandioso e inesquecível. Fez duetos memoráveis, com Mick
Jagger, David Bowie, Eros Rammazotti, Beyoncé, Cher, Elton John, Rod Stewart,
Bryan Adams e Chuck Berry.
Em 1988 entrou para o
Guiness Book, com o espectáculo pago, de uma só cantora, com o maior número de
público. A artista reuniu 182 mil pessoas no Maracanã, no Rio de Janeiro para
ver a sua apresentação. Talvez hoje, estes números já tenham sido
ultrapassados, mesmo assim é algo fabuloso a considerar. Vendeu cerca de 180
milhões de discos no mundo.
Tina tinha uma rival,
a rainha do “soul”, Aretha Franklin, os media alimentaram essa rivalidade,
explorando até o sofrimento de Tina com a traição do marido, numa série de
situações nunca comprovadas, porém, Tina Turner soube acompanhar a evolução dos
tempos e do rock and roll, agradando a várias gerações com músicas
inesquecíveis e criando até um estilo físico mutante em cada década, uma
personagem bem estudada pelos estilistas e designers.
Tina é uma fonte de
inspiração para todo o mundo, especialmente para as mulheres. Obrigada Tina.
Publicado em NVR 31|05|2023