A escravatura
A origem da escravatura
perde-se na história, não dignificando o ser humano.
Inicialmente era um processo
exploratório entre vencedores e vencidos num conflito ou numa guerra. Quem
perdia, morria ou tinha o caminho da escravidão para percorrer, sem qualquer
direito humanista. Sempre foi assim, as grandes civilizações egípcias, gregas,
romanas e até maias, foram alicerçadas nesta postura humilhante e desumana. À luz
do pensamento daquelas épocas, escravos, mulheres e estrangeiros não eram
considerados cidadãos, aceitava-se bem esse estatuto sobre os seus semelhantes,
que afinal não o eram. Eram seres menores sem direitos, cujos senhores ainda
“faziam o favor” de os escravizar.
A escravatura teve
muitas facetas, sempre sombrias e degradantes, ao longo da História, decorreram
séculos de sofrimento e humilhação, até o Homem livre sentir vergonha e desconforto
com isso. Logicamente que a escravidão sempre se cruzou com a área financeira
das diversas sociedades, edificando grilhões, quase indestrutíveis, boicotando
revoltas, criando matanças e organizando a caça aos que ousavam fugir. Os
escravos nunca foram exterminados apenas porque eram a base de trabalho de
todas as sociedades. Registe-se a Mauritânia só aboliu a escravatura em 1981.
Hoje a escravatura
assume uma outra faceta, da invisibilidade perante a lei. A lei contra a
escravatura, existe, e a escravatura existe também em simultâneo, aqui na Europa
e no mundo, mais ou menos disfarçada, mas criando as mesmas consequências
indignas e nada nobres, que mancham as sociedades contemporâneas. Trabalho
forçado, servidão por dívida, casamento forçado, tráfico de seres humanos, são
palavras semeadas nesse caminho, agora do século XXI, caminho alcatroado, com
comunicações digitais, sem correntes e bolas de ferro agrilhoadas aos pés, como
se vê nos filmes, mas revestido de dinheiro e documentação para legalizar pessoas,
para poderem lutar pelos seus direitos. Cada escravo tem uma história feita de
drama, de violência, carência, tentativa de fuga à pobreza e aliciamento para
uma vida melhor. Depois é a escravatura, cada um afunda-se na condição de
eterno devedor ao patrão, onde pode deparar com trabalho forçado, chantagem,
agressão física, horas excessivas de trabalho sem descanso, alojamento
precário, má alimentação e falta de assistência médica,
Dizem que o caminho se inicia
em Martim Moniz, em Lisboa e ruma ao Alentejo centrando-se em complexos de
agricultura intensiva. Os escravos mais recentes, são timorenses,… aquele povo
que lutou contra a Indonésia e emocionou o mundo .
Investiguei para ver
quantos escravos há em Portugal. Em 2019 havia 26 mil escravos (não encontrei
dados actuais).
Este
ciclo somente pode ser encerrado com a denúncia e a fiscalização.
………
Nota: O futebol é um
grande negócio, que até deforma consciências. E não são só os nossos
governantes… as televisões também estão lá, poderiam boicotar, mas não. O mundo
do dinheiro quer lá saber dos direitos humanos! e os portugueses tão críticos e
tão melindrados estão todos a ver o campeonato. Grande hipocrisia!
PUBLICADO em NVR 30/11/2022
2 comentários:
Desumano.
Sim
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