CONTRA A VIOLÊNCIA
Lembramos novamente o mundo, sobre a violência exercida contra meninas
e mulheres. Dia 25 de Novembro é o dia em que o movimento internacional ORANGE
THE WORLD tenta dar destaque mundial, alertando consciências para esta
realidade violenta.
É preciso denunciar, para sinalizar e proteger.
Em Portugal, temos por dia, 6 menores, vítimas de abuso sexual. A
maioria das vítimas são crianças do sexo feminino e o abusador pertence à
esfera familiar, complicando toda a situação, porque põe em causa o equilíbrio,
o desenvolvimento e a protecção, que a criança só sente em casa com a sua
família, e compromete a sua formação e questionamentos futuros, que oscilam
entre o bem e o mal.
Sobre as mulheres, a secretária de Estado para a Cidadania e a
Igualdade Portuguesa referiu que a violência contra mulheres "emergiu como
uma pandemia-sombra". O confinamento, aumentou o tempo de permanência em
casa e proporcionou o aumento da violência contra as mulheres.
Os números não são rigorosos, porque em isolamento as vítimas tinham
muito mais dificuldade em queixar-se ou denunciar e não conversavam com
familiares e amigos. Foram controladas e vigiadas 24h por dia, expostas à
manipulação psicológica, com a ameaça constante da superioridade física do
homem... Como sair de casa e procurar
abrigo para elas e para os filhos?
Deve ser assunto para reflexão e solidariedade. Imaginem que é
convosco, com as vossas filhas? Imaginem um agressor fechado em casa, com a sua
vítima sempre debaixo do seu olhar, ali mesmo à mão para satisfazer os seus
desejos e ser agredida, sem poder pedir ajuda – violência claustrofóbica. A
humilhação, coação, privação de liberdade, o abuso sexual e subtração de
recursos financeiros necessários à sobrevivência são algumas das práticas
violentas às quais as mulheres estão submetidas diariamente.
Durante o isolamento pandémico, 34% das mulheres terão sido vítimas de
violência doméstica pela primeira vez. Há agressores que disfarçam bem em
tempos “normais”. Estudos realizados concluem que a violência doméstica não
escolheu idade, habilitações ou classe social, sendo potenciada com
coexistência forçada, stress económico e os receios sobre o coronavirus. As
tarefas caseiras, desigualmente distribuída, infelizmente mais assumidas pelas
mulheres, remeteram a acção do homem para um segundo plano, que no seu interior
se sentiu secundarizado, o que fez disparar o machismo e o comportamento
violento (físico, psicológico, patrimonial e sexual). Esta situação agravou-se
com os filhos em casa, a presença de idosos, que rapidamente saturaram
situações mal resolvidas, adicionando-se o aumento de consumo de álcool,
medicamentos e drogas ilícitas. Isto são estudos e teorias que servem para
análise, mas não para justificação, ou melhor entendimento. Para mim, violência
gratuita não tem entendimento e deve ser severamente castigada.
A violência doméstica ultrapassa a dimensão íntima e individual da
vítima e afeta o convívio com filhos, família e amigos. Ninguém nasce para
levar porrada, para ser estuprado, para ser abusado, para ser torturado, para
viver em estado de alerta constante, com medo, receando pela própria vida, nem
meninas, nem mulheres, nem homens. Os animais agridem e atacam para sobreviver.
O Homem, apesar de ser dotado de racionalidade, vive assim e aceita-se assim a
sua boçalidade. Até quando se manterá esta barbárie?
“Entre marido e mulher, não metas a colher” é uma atitude a contrariar
urgentemente na nossa sociedade e no mundo.
Meter a colher e ajudar, pode salvar vidas e travar algo horrendo, a
prepotência entre seres humanos, concretizada pela violência exercida pelo fisicamente
mais forte, sobre o mais frágil.
Dia 25 de Novembro vista algo laranja, para alertar, para se falar
ainda mais e reflectir para a mudança.
NVR 23/11/2022
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