PARABÉNS, DOUTOR
Na quinta-feira
passada tive o prazer de assistir à apresentação de mais um livro do meu
estimado amigo Caseiro Marques. Ainda não li o livro, apenas apreciei a capa.
- Gostei
da capa, Teresa. Está muito bem, comentei com a sua companheira, enquanto
ele assinava o seu livro para me oferecer.
- É uma
gravura que ele tinha no escritório. Esteve lá sempre. Não se lembra?
Rebobinei a
memória e de facto lembro-me dessa imagem pendurada no seu escritório
localizado na Travessa da Portela, a imagem da Justiça personificada pela
mulher a levantar a balança. Explicando isto melhor, pensava eu que seria a
imagem da deusa grega Thémis filha do
Céu e da Terra, esposa de Zeus, o deus supremo, criadora de leis que
organizavam os homens e guardiã dos juramentos dos mesmos. Mas afinal
confirmando detalhes, agora em casa, descubro que quando a figura feminina tem
os olhos vendados, representa a deusa romana Justitia. A venda nos olhos não
significa que a justiça seja cega, mas que trata todos de igual forma.
Quero
registar aqui o meu apreço pela sua postura perante a vida. A sua avontade de
escrever e partilhar o que escreve, revel o seu lado erudito e simultaneamente altruísta.
E ele escreve. E agora que tem tempo, ainda escreve mais. A sua vida
provavelmente ainda faz mais sentido, porque nos revela o que é, o que sente e
o que o afecta. Ele não espera que a vida aconteça, ela faz acontecer.
Conheço o Dr.
Caseiro Marques há muito tempo, não como advogado, porque felizmente não
precisei, mas temos cultivado uma bela amizade. Somos muito diferentes, mas
temos desenhado convergências que nos aproximam, e uma delas é a escrita, para
além das beldroegas que me oferece todos os anos e de que ambos gostamos de
juntar à sopa.
Foi ele que
me convidou para escrever neste jornal, convertendo um passatempo num exercício
regular, disciplinado e em liberdade, que muito me tem ajudado a evoluir no
mundo da escrita.
Politicamente
não somos próximos, evito o assunto, mas após de ponderados os assuntos mais
importantes da vida, descubro que ambos somos humanistas, apesar de ele acreditar
em Deus e eu ainda não acreditar. Respeito o seu lado e ele respeita o meu.
Tem sentido
de humor, não é homem cinzento, gosto do seu apego a Carapito, é inteligente e astuto,
gosta de rir, tem orgulho em ser fuzileiro e aprecio o seu encantamento genuíno
pelo seu neto Francisco. Organiza uns passeios culturais entre gente próxima,
de uma comunidade semi-rural, tendo-me permitido participar e com quem tenho aprendido
e conhecido pessoas simples e sãs, como eu gosto.
Tenho em
memória uma bela visita a Aranjuez, à Corunha, a Segóvia e já saboreamos ao
final dum dia quente madrileno, na Plaza Maior uns simples huevos com jamón,
deliciosos.
- O que é
isso que vai pedir?
- Ovos com
presunto e batatas fritas.
- E isso é
bom?
- Vai-me
saber pela vida, a melhor ementa do mundo...
Na quinta-feira
no final da sessão, vira-se para mim e uma amiga comum, lembrando-se de uma
pequena viagem que fizemos no sábado anterior para visitar a casa de Júlio
Dinis...
- Vós sois
umas andarilhas, na próxima vez também quero ir convosco. Já disse à minha
mulher. Convosco, ela deixa-me ir.
Parabéns,
doutor, continue assim.
Publicado em NVR, 14/07/2021
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