Pegada
digital e ética
Pegada
digital é a impressão inscrita na web, que vamos deixando quando navegamos pelo
ciber espaço. Parece que nos movimentamos com um papel químico nos nossos pés
virtuais. Tudo fica registado, para o bem e para o mal, lá fica entre os hiper,
mega terabites de utilizações, e sempre aparece aos mais competentes
investigadores da web.
Nunca
me preocupei muito com isso, quem não deve não teme, sempre utilizei a net como local de recolha e
partilha de informação, orientadas pelo bom-senso, racionalidade, oportunidade
e responsabilidade.
O
que se escreve lá, lá fica e os esquemas para preservar a nossa privacidade
virtual, são uma utopia porque tudo lá fica. Todos nós temos uma pegada
digital, maior ou menor, mas temos. Tanto faz ser um navegador activo, como
passivo, tudo deixa pegada. Os seus dados são gravados, que visitas faz, quanto
tempo durou cada visita, para se poder construir um quadro com as suas preferências
que irão antecipar a sua navegação sob a forma de sugestões ou de publicidade.
Se
escrever alarvidades que o envergonhe, é melhor pensar melhor antes de escrever,
porque irão ficar registadas para sempre. Se está no trabalho e anda a navegar
nas redes sociais, qualquer um detecta o horário em que o faz, se insulta
alguém covardemente disfarçado pelo manto invisível digital e do distanciamento,
o seu computador deixa rasto em todo o sitio e pode ser investigado, mediante
uma denúncia policial.
Há
jovens que escrevem nas redes sociais, de palavrão para cima e depois,
admiram-se que nas entrevistas para o emprego, não sejam seleccionados. Ninguém
quer contratar um animal mal-educado. De facto as empresas já investigam a
pegada digital dos seus futuros funcionários, antecipando problemas ou
estudando o perfil que mais lhes convêm.
Há
outros que receiam tudo e mais alguma coisa, rodeiam-se de todos os cuidados,
evitando escrever seja o que for, colocar uma foto na net, nem pensar, e navegam
como mirones e no fim apagam o histórico, como se andasse a polícia atrás
deles. Pode acontecer isto ou aquilo, conheço uma fulana…, o individuo parece
que…, roubo de identidades, raptos, roubos, nudes… trancam-se no seu canto, só
com os olhos de mirones a funcionar, antevendo o pior. Há manigâncias na internet
tal como existem na vida real, repletas de imaginação – os negócios
maravilhosos da Cristina Ferreira X Berardo, os nudes retocados e
alterados, as escravas sexuais que precisam de ajuda, o viúvo da marinha
mercante que nos ama loucamente e nos virá visitar ou o outro que é podre de
rico, que vive num país qualquer, cujo regime político o persegue e precisa da
nossa conta bancária para depositar parte da sua fortuna. E existe o lado mais
obscuro da internet, denominado por darknet, mercado negro constituído
pelos negócios da pornografia, drogas, pedofilia e terrorismo. Tal como na vida
real há que escolher com critério, qual é o seu caminho.
A
web veio para ficar, não adianta fugir. Convêm investir na ética digital, siga
estes princípios:
1 – evite espalhar notícias falsas; 2
– respeite opiniões diferentes e o trabalho dos outros; 3 - faça um uso
responsável das ferramentas que a net lhe proporciona; 4 – respeite quem está
do outro lado; 5 – não acredite em negócios com lucros fabulosos; 6 - filtre tudo no seu sentido crítico mais
apurado; 7 – não apoie comentários agressivos.
Publicado em NVR em 21/04/2021
1 comentário:
O fluxo de dados, o dataismo, a net de todas as coisas.
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