Decepciono-me com a humanidade
Protestar contra o racismo e contra
a violência converteu-se numa onda gigante de contradições e de cenas de
violência de rua, em diversos países, completamente censuráveis e gratuitas.
A boa intenção de uns, converte-se
em oportunidade de ódio e violência para outros, que espreitam situações onde
podem dar visibilidade à sua agressividade animalesca.
Tudo o que são manifestações
espontâneas, eu não estarei lá, exactamente pela grande probabilidade em
terminar em desacatos, formando bons motivos para o autoritarismo vingar e se
elegerem monstros para nos governar. A extrema-direita, disfarçada, vai
aproveitando e ganhando terreno. O que tem uma coisa a ver com a outra? Pois,
aparentemente não tem, mas vão-se infiltrando entre os bens intencionados,
provocando distúrbios, orientando situações para a violência e o ódio, para
despertar na população acções reactivas perigosas. Pessoas assustadas nunca
tomam boas decisões.
Querem uma sociedade sem agentes da
autoridade? Metem tudo no mesmo saco? Imaginem como seria a nossa vida com esta
gente agressora, solta sem rédeas, a incendiar, a partir, a estragar… não há
causas que justifiquem o incitamento ao ódio.
O discurso de ódio resvala
facilmente para a violência, não dignifica causas e produz um efeito contrário
ao que se pretende.
Eu quero paz pública. Quero
tribunais a funcionar e a punir quem prevarica, e que a História nunca se
apague, porque é lembrando que aprendemos a não repetir erros. Se a lógica
fosse destruir estátuas, poucas restariam. Deveremos promover a verdadeira
informação sobre quem elas representam, devidamente contextualizada, para
lembrar, para termos presentes o eterno confronto entre o bem e o mal
Mesmo assim sinto-me entalada entre a
nobreza da causa e o vandalismo.
Decepciono-me com a humanidade,
causa-me muito desconforto tudo o que não dignifica o ser humano, e não é só o
racismo, há uma estrada larga de imperfeições das sociedades - os diversos
tipos de escravatura dos dias de hoje, a violência contra as meninas e
mulheres, a exploração do trabalho infantil, a fome, a pobreza, … e nós vivemos
no paraíso, porque a nossa democracia permite-nos ter ideias próprias e
protestar.
A violência no mundo reflecte o que
“nós” somos. Pensemos nisso, porque refexão, é preciso!
Após o COVID, o que menos precisamos
é de agitação social. E ela está aí! Até parece de propósito…. Será que não?Publicado em NVR, 18/06/2020
2 comentários:
Gostei muito do teu texto e,concordo plenamente contigo mas, acrescentava que ao lado da extrema- direita também estão os da extrema-esquerda pois, sempre ouvi dizer, que os extremos se tocam. Estas pessoas de extrema-direita ou esquerda são indivíduos ressabiados,mal amados e com fundo mau, vá-se lá saber porquê? A "vida" foi ingrata com eles? Não sei! Cada caso é um caso.
Deixo aqui um beijinho para ti, Ana
J. A.
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