ELA NÃO OS PERDOA
Aqui está a minha reflexão um pouco
poluente para alguns.
É necessário manter um pouco de
lucidez e discernimento sobre a agitação social provocada nos últimos meses, a
favor do ambiente, as manifestações dos nossos jovens, a visibilidade da Greta,
as opiniões dos radicais, os anti-amianto, os “incêndios das sextas-feiras”
iniciados nas escadas do Congresso dos Estados Unidos na semana passada… ah! o
buraco do ozono certificando que estas questões não brotaram agora de mentes
visionárias, mas que fazem parte das preocupações das últimas gerações. E mais,
já me esquecia dos activistas Green Peace. Isso começou há quantos anos? quarenta e oito?
Os jovens a manifestarem-se é bom,
como é bom sair da caverna e do marasmo informático diário, onde vivem como
nativos digitais. É urgente e necessário que despertem outras sensibilidades em
relação às quais a Escola alerta e trabalha há muitos anos. Conheço pelo menos
há 4 décadas, o assunto e a aprendizagem dos 3 érres.
A lucidez é importante para que se
desconstrua tudo o que está a acontecer de repente e em catadupa, a Greta na
ONU, as manifestações dos jovens contra as alterações climáticas, e as vagas de
fundo invisíveis, mas que conspiram, uns a favor, outros contra a preservação
do planeta Terra, levando muitos de nós a reagir um pouco primariamente por
falta de informação.
Por vezes a lucidez fica encurralada
pelo politicamente incorrecto. Quem ousa questionar os acontecimentos das últimas
semanas, corre o risco de ser considerado um asco de ser humano, um nojo de
cidadão, tal qual uma garrafa de plástico abandonada no oceano, ou uma bosta de
vaca a libertar metano. Por vezes é difícil saber quem tem razão ou então
perceber que há muitas razões, assim como há muitos interesses económicos a
minar estas manifestações genuínas dos jovens.
E já vos digo, preocupam-me, e muito,
com as questões ambientais, mas não acredito em mudanças rápidas de mentalidades
e de posturas.
A imagem anexa mostra o que
aconteceu após as manifestações contra as alterações climáticas em Lisboa, a 27
de setembro de 2019 — o monte de lixo deixado no chão de uma avenida central em
Lisboa. Isto significa que foi fixe ir com os amigos reclamar, mas nada foi
verdadeiramente interiorizado. Entre o lixo, destacam-se vários cartazes com
mensagens de ordem ecologistas: "Não furem o futuro"; "Justiça
climática já", entre outras. Afinal muitos dos manifestantes não tiveram
sequer a decência de levar os cartazes para casa e recicla-los.
Protestar e ir de arrasto na turba
dos colegas é fácil e divertido, acusar os outros é ainda melhor, difícil,
difícil é vestir por completo “o fato” de protesto que se traduz em arrumar o
quarto, gastar pouca água no duche, economizar energia, beber água da torneira,
evitar o consumismo e a cultura da embalagem,… e depois acusam as gerações
anteriores.
O quê? Roubámos a infância e os
sonhos da Greta? Não concordo nada. A Greta tem vivido confortavelmente na
Suécia e os sonhos não se roubam. O futuro, talvez…
De facto as gerações anteriores contemporâneas
do Green Peace e dos protectores solares para evitar os malefícios do buraco de
ozono, lutaram pelo conforto da família e especialmente dos filhos – que nada
lhes faltasse e se possível anteciparem-se aos seus desejos.
E
ela não os perdoa.
Reclamar é fácil, difícil é ser
coerente.
— Rais parta que isto é um fato apertado, justo, bem difícil de
vestir diariamente!
— Ai, se um iogurte está fora de
validade!
— Ai, se o pão está duro!
— Ai, que gostamos tanto de comida
processada.
— Uiiii, comer espinafres e favas,
que nojo!
— Ai, ir a pé para a escola? Que
seca!
— O bifinho é tão bom!
E os jovens mais crescidinhos e que até já
estudam na universidade, mais críticos, com mais formação e mais responsáveis,
fazem uma publicidade sobre as caloiradas em Coimbra absolutamente nojenta, manifestando
um desrespeito pelo direito das mulheres (shots em troca de actos sexuais), e
bebem e bebem até perder a noção onde abandonam os copos, as garrafas e os
sacos de plástico (em todo o país). Os manifestantes mais novos, não veem a
hora de entrar na Universidade e cometer as mesmas alarvidades. Que se lixe a
justiça climática!
Tenho pena da Greta, uma menina
frágil e bem-intencionada, mas que vomita ódio, não criando empatias universais
e se deixa levar por interesses invisíveis, que um dia irão esclarecer muita
coisa.
Gosto mais da Jane Fonda. Deve ser
da idade!
Publicado em NVR
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