Ahed Tamimi
"Eu gostaria que toda a minha família fosse libertada assim
como todos os outros prisioneiros palestinianos. Quero ver o meu grande sonho
de um dia viver numa Palestina livre".
Desta vez, antecipo-me ao Dia
Internacional da Mulher, reflectindo sobre uma declaração de Ahed Tamimi, uma menina palestiniana de 16 anos, acusada de 12
crimes.
A guerra não tem sexo, assim como o
terror e a injustiça. Mas exactamente por ser uma menina e corajosa, os relatos
das suas acções continuadas de protesto e de revolta, correm o mundo, apenas
porque a guerra se vulgarizou. Todos os dias somos bombardeados por imagens da
Síria e da Palestina. Por vezes até as confundo, umas com as outras, quando
chocam com uma barreira que eu própria construí na minha mente, para proteger a
minha sensibilidade. E como a guerra se vulgarizou, esta menina parece que
desperta consciências. Por quanto tempo?
Ahed deveria estar a sonhar com príncipes
e princesas, ir aos festivais rock, criar a sua primeira maquilhagem, ler os
primeiros romances de amor a sério, jogar ao Stardolls, ansiar pelas festinhas
com os amigos, aborrecer-se com os pais por querer mais vezes comer
hambúrgeres, experienciar as suas primeiras saídas nocturnas e dedicar-se às
novidades tantas vezes fúteis que invadem a vida das adolescentes,
revoltando-se com as rotinas e obrigações familiares.
Ahed personifica todos os meninos e
meninas do mundo com experiências diárias ligadas a situações de guerra, de
morte, de detenção dos familiares e amigos, quando deveria viver em paz, frequentar
a escola e respirar educação, conforto e amor. Imaginem-se
na situação destes seres humanos em miniatura, que lhes tiram o direito de
serem crianças e de serem adolescentes. Passam directamente à idade adulta, sem
viverem essas fases de desenvolvimento do ser humano, preciosas na construção
das suas personalidades. Uma passagem rápida e sofrida, que resvala diariamente
em direcção à luta pela sobrevivência e de luto permanente por aqueles que lhes
são próximos e que vão desaparecendo numa guerra estúpida.
Todas as guerras são estúpidas.
E todas as guerras geram angústia,
depressão e revolta em quem sofre.
Ahed Tamimi encontra-se detida desde Dezembro
de 2017, para que os seus protestos se anulem, se emudeçam, por isso é
necessário falar acerca dela e sobre o que ela representa.
Segundo a Amnistia Internacional, há
actualmente 350 crianças ou adolescentes palestinianos na cadeia, regularmente
sujeitos a "maus tratos, sendo vendados, ameaçados, colocados em prisão
solitária, ou interrogados sem a presença dos seus advogados ou
familiares".
Isto não é uma humilhação para o
exército israelita, isto é uma humilhação para o mundo.
Publicado em NVR
Anabela Quelhas
2 comentários:
gracias. obrigado. nao posso en Face
no lo puedo compartir en Face, x que?
Sim, podes partilhar com o link
http://estiradorsemrima.blogspot.pt/2018/03/ahed-tamimi.html
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