Saía de mansinho na hora da sesta dos meus pais e pela rua de baixo chegava a casa dos meus primos.
Subia a escada
a correr para saber se o Lino ainda estava. Tinha que aproveitar a hora do
almoço, na pausa da oficina. Ele terminava o almoço, passava a mão pelo cabelo
comprido e ruivo, e dizia-me:
- Vamos lá?
A minha tia,
fazia de conta que não entendia. Sempre tão ansiosa e preocupada, com tudo,
fingia que desconhecia as nossas rebeldias em cima de um motor e duas rodas.
O meu tio
Manuel recostava-se no escano e sorria.
Descíamos a
escada rapidamente, esperava que subisses na mota amarela e que a tirásses do
descanso, e depois subia eu de pendura.
Arrancavas
serenamente, apenas destravando a mota, aproveitando o declive da rua e já
junto à fonte, soltavas o escape e começava a sensação boa dos cabelos ao vento
de nós os dois cavalgando a estrada. Percorríamos algumas ruas até chegar
estrada nacional, e aí mergulhávamos na sensação boa da velocidade até Balsa, Parada
do Pinhão, Lamares ou até outro lugar qualquer. Fazíamos cada curva bem
inclinados e sincronizados para favorecer a condução. Iria contigo até ao
infinito. A brisa fresca da deslocação do ar, a vertigem da velocidade e o desafiar
o perigo criava uma adrenalina gostosa inesquecível. Dura até hoje na minha
memória.
Hoje farias
anos, e eu sinto apenas saudades, porque ainda não pensei bem no assunto que já
cá não estás. Deixo-te uma rosa amarela.
Saía de
mansinho na hora da sesta dos meus pais e pela rua de baixo chegava a casa dos meus
primos.
Subia a escada
a correr para saber se o Lino ainda estava. Tinha que aproveitar a hora do
almoço, na pausa da oficina. Ele terminava o almoço, passava a mão pelo cabelo
comprido e ruivo, e dizia-me:
- Vamos lá?
A minha tia,
fazia de conta que não entendia. Sempre tão ansiosa e preocupada, com tudo,
fingia que desconhecia as nossas rebeldias em cima de um motor e duas rodas.
O meu tio
Manuel recostava-se no escano e sorria.
Descíamos a
escada rapidamente, esperava que subisses na mota amarela e que a tirásses do
descanso, e depois subia eu de pendura.
Arrancavas
serenamente, apenas destravando a mota, aproveitando o declive da rua e já
junto à fonte, soltavas o escape e começava a sensação boa dos cabelos ao vento
de nós os dois cavalgando a estrada. Percorríamos algumas ruas até chegar
estrada nacional, e aí mergulhávamos na sensação boa da velocidade até Balsa, Parada
do Pinhão, Lamares ou até outro lugar qualquer. Fazíamos cada curva bem
inclinados e sincronizados para favorecer a condução. Iria contigo até ao
infinito. A brisa fresca da deslocação do ar, a vertigem da velocidade e o desafiar
o perigo criava uma adrenalina gostosa inesquecível. Dura até hoje na minha
memória.
Hoje farias anos, e eu sinto apenas saudades, porque ainda não pensei bem no assunto que já cá não estás. Deixo-te uma rosa amarela.
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