Desacelerar a doença de Alzheimer
Lecanemab é o nome
laboratorial da esperança de cura da demência, a luz ao fundo do túnel, ansiado
por todos. Qualquer pessoa pode desenvolver este tipo de demência e os números
são alarmantes. A nível mundial, a demência afeta 1 em cada 80 mulheres, com
idades compreendidas entre os 65 e 69 anos. Nos homens a proporção é maior, 1
em cada 60. Acima dos 85 anos, esta demência afecta aproximadamente 1 em cada 4
pessoas, independentemente do género.
Todos conhecemos alguém
que padece desta maldita doença sem cura. Ter a doença de Alzheimer é morrer em
vida, é um passaporte de morte lenta enquadrado nas doenças degenerativas, é
despir a “alma” sem ter consciência disso, é mergulhar num mutismo incompreensível,
é parar e estagnar a dinâmica no olhar, é perder sucessivamente capacidades
motoras e cognitivas, referências, racionalidade, memória e afectos… É estar
sempre a perder. É perder-se na casa
onde sempre viveu, é não reconhecer a família, é ter a memória bloqueada e os
outros, os cuidadores, nada saberem sobre o que se passa com o paciente… será
que se emociona, sem exteriorizar, será que reconhece sem reagir?
É uma doença que afecta
o paciente e quem o rodeia, porque é um caminho em que nada se entende e tudo
de mau é difícil de antecipar e impossível de resolver. É uma das coisas mais
cruéis a que podemos assistir, ver um familiar
ou amigo a perder a sua personalidade e não podermos fazer nada para contrariar,
a não ser presenciar e rodear o demente de carinho, mesmo que ele nos rejeite.
Por vezes exteriorizam medo, como se fossem ameaçados, acuados… talvez não
referenciem nada à sua volta e provavelmente isso lhes transmite insegurança.
Estão perdidos de si mesmos. Ser cuidador ou familiar é altamente desgastante e
marca para o resto da vida. Para quem não sabe, existe uma associação de apoio
a doentes e famílias com uma linha de apoio 963 604 626.
Há notícias que referem
que entramos numa nova era da medicina, com a possibilidade de retardar ou
desacelerar a doença de Alzheimer, através de um novo medicamento. Será verdade
ou será uma dose elevada de optimismo dos cientistas?
Os fabricantes afirmam
que o medicamento lecanemab retardou o declínio da memória e da agilidade
mental em 27% em pacientes com Alzheimer leve. Lecanemab não é uma cura, mas
podendo retardar a progressão da doença de Alzheimer, seria uma mudança a
considerar. Os efeitos secundários são frequentes e graves, o que não confere
fiabilidade a este medicamento. Foi dado um primeiro passo que todos querem que
resulte, com optimismo e cautela ainda há muito que investigar e testar. São
cerca de 30 milhões, em todo o mundo, que têm Alzheimer, número que deve dobrar
até 2050. É assustador.
Se quiser saber mais
sobre o tema, irá enredar-se em números percentagens, linguagem científica que
nada mais acrescentará ao que já sabe e descrições de um mundo invisível
dedicado à ciência, essencial para as descobertas científicas, mas que não
esclarecem o comum dos mortais.
Pretendemos “apenas” um
fármaco para salvar estas pessoas.
Publicado em NVR 97/12/2022
1 comentário:
Tu passate por essa experiência... beijinho
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