Conclui, finalmente, a leitura de JALAN JALAN – comecei a
ler no início da pandemia e terminei hoje. Jalan Jalan não é um livro para se
ler depressa. Exige uma leitura lenta, intimista, e por vezes repetida.
Enquanto durou a sua leitura, li outros e outros livros, e Jalan Jalan
permaneceu como companheiro nestes dois anos, ora no meu quarto, ora na sala ou
no meu atelier. Nem sempre me dispunha a lê-lo, porque é grande e pesado,
porque nem sempre reunia as condições que eu defini como ideais para o ler.
Para ler Jalan Jalan, preciso de estar tranquila, ter uma música de fundo,
muito de fundo, daqueles blues sem fim, um computador com net, e um lápis para
assinalar detalhes e checkar o que já li.
Esta obra não tem um assunto, tem milhares de assuntos, é
uma porta aberta para a reflexão. para o conhecimento e para a ginástica mental
– literatura, ciência, arte, geografia e obviamente a filosofia, interligam-se
de muitas formas e numa narrativa acessível. Os capítulos remetem em rodapé
para outras páginas do mesmo livro, proporcionando uma leitura “saltitante” e
daí a necessidade de um lápis, para marcar o que já se leu, para não nos
perdermos neste labirinto.
A sua leitura do mundo aborda a física quântica, a
termodinâmica, os vários mundos possíveis, o universo, o tempo e o espaço, o real
ou imaginário, a lógica aristotélica e muitas outras ilógicas, o reducionismo,
hedonismo, o prazer da fruição da arte, os cheios e os vazios, a lógica peripatética
da verdade e da mentira.
Devemos estar conscientes que é a Filosofia reinterpretada
por um escritor, que não tem poder de análise científica sobre tantos temas, e
portanto, cada um pode concordar ou não. As referências a mestres do saber são
constantes e daí eu precisar do mister google para me dar algum
suporte....
SARTE, ÓSCAR WILDE, MIGUEL ÂNGELO, PETRARCA BOCCACCIO, PLATÃO,
TAO, EPICURO, CERVANTES, SANTO AGOSTINHO, SHOPENHAUER, HERÁCLITO, HEGEL, EINSTEIN,
NICOLAU DE CUSA, SÓCRATES... já perdi a conta!
Segundo Heráclito, não tomamos banho duas vezes no mesmo
rio. Já não sou a mesma que iniciou a leitura.
Se andarmos em linha recta, daremos a volta à terra, mas nunca
regressamos ao mesmo lugar, porque o tempo alterou o lugar... aqui o que interessa
é a viagem, a leitura e onde esta nos leva.
Já não me recordo o que aprendi no início deste livro,
lembro-me do labirinto e apetece-me voltar e recomeçar.
Muito obrigada, Afonso Cruz, Jalan, Jalan continuará a
habitar vários espaços do meu lugar, para o reler e para me renovar.
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