20 novembro, 2024

Concertos de órgão na Sé


 Concertos de órgão na Sé

     Sou uma roqueira, agnóstica, mas que vou fazendo pontos para entrar no Céu, visitando igrejas, com olhar arquitectónico, estudando-as, fotografando-as, partilhando imagens e agora ouvindo concertos de órgão de tubos.

Vila Real conseguiu uma programação mensal, com concertos de órgão, de grande qualidade. Ao longo deste ano civil tivemos um concerto por mês, com organistas de gabarito internacional, oportunidade rara ao nível cultural. Os vila realenses andam distraídos e não enchem a Sé. Sobram cadeiras vazias.

Deveriam melhorar a divulgação destes eventos. É preciso encher a Sé. Só tenho encontrado informação no Facebook no perfil “Órgão sinfónico da catedral de Vila Real”. Há pessoas que não têm Facebook e tenho partilhado via mensagem esta informação. Encontro no público, sempre as mesmas pessoas. É urgente divulgar e envolver os jovens, nestes espectáculos raros e gratuitos. Ter o Conservatório de Música, mesmo ao lado, dá que pensar. Onde estão os jovens instrumentistas?

Temos esta oportunidade desde 2016 e não a estamos a valorizar e enriquecer. Um órgão Mascioni, com quatro teclados e 33 registos para um total de 2.180 tubos, não é para qualquer um, nem para qualquer espaço, e nós temos!

Sou roqueira como disse, não me considero uma melómana e também não sou daquelas que dizem que só trabalha ao som da música clássica; a minha “música” é mais pilares e vigas, rock and roll e blues… mesmo assim, aprecio boa música e não desperdiço oportunidades destas, até porque são únicas, cumprem-se horários, o alinhamento nunca é pesado e durante esse tempo mergulho na sonoridade do órgão de tubos, exaltada pela sonoridade do lugar, uma nave gótica, sóbria, de granito à vista, datada originalmente de 1424. Ou seja, ainda no dia 14 Novembro usufruí da sonoridade produzida pela organista italiana Federica Iannella, organista com 22 anos nesta vida, num espaço com 600 anos de história, orações e recolhimento. 

Ainda teremos o concerto do dia 12 de Dezembro com José de Eça (Portugal) tenor e Giampaolo di Rosa.

Fiquem em casa, no sofá, vendo a programação “maravilhosa” da televisão e depois digam que Vila Real não tem oferta cultural. Por favor mudem de vida e de velhos hábitos. Isto não é só encher a avenida para ver a Bárbara Bandeira e o Fernando Daniel, há mais mundos para além deles.

Publicado em NVR 20|11|2024

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