Pode ou não pode?
A organização PETA, Pessoas pela
Ética no Tratamento de Animais divulgou a pretensão para alterar os provérbios
com animais, e alterar expressões que reforcem comportamentos negativos contra
os animais. Isto desencadeou na sociedade portuguesa indignação e muita
gargalhada, porque esta situação pode considerar-se menor e um pouco ridícula
perante a urgência de proteger os animais de maus tratos, abusos e contrariar o
abandono dos animais. É urgente o reforço de valores e de medidas concretas de
respeito pelo mundo animal, mas nada disto tem a ver com provérbios e
expressões que fazem parte da cultura portuguesa e que não passam de palavras,
sem consequência.
Os portugueses invadiram as redes
sociais com comentários irónicos sobre a proposta da PETA. Fico surpreendida
com o nosso sentido de humor, oportuno rápido e firmando o exagero, como deve
ser a estrutura do mesmo. Ri às gargalhadas com algumas perguntas pertinentes
que muitos colocaram, para se inteirarem se seria ofensivo para os animais, se
pode, ou não pode, que comportamentos já geraram e como alterar expressões, a
saber: O burro e vaca sairão do presépio? Continuará a haver missa do galo?
Retiram-se as renas dos postais de Natal? Como iremos recontar as histórias da
arca do Noé e do Capuchinho Vermelho? Os polos Lacoste deixarão de ser
fabricados? Será melhor deixar de comprar os queijinhos, “La vache que rit”?
Devemos anular expressões, como:
“Tenho uma vida de cão”, “Vou pegar o touro pelos cornos”, “ Cantas como um
rouxinol”, “Olhar de lince”, “Andar de pantera”, “Riso de hiena”, “Cada macaco
no seu galho”, “Os ratos são os primeiros a abandonar o navio”, “Estou pior que
urso”?
Letras de música que poderão ser
altamente violentas:
“A pulga salta e a pulga grita, vai-te embora ó pulga
maldita”
“Atirei o pau ao gato-to”
Histórias de La Fontaine, pode?
Insultos? Cavalona, filho de uma
cabra, cabrão, cáfila, asno, galinha, estás uma baleia, trombas de elefante…
Elogios? És uma gata, meu leãozinho.
Diogo Cão, ficara sem cão? E como
ficam os nomes dos meus amigos -- Pedro Cordeiro, José Canário, Luís Leitão,
Luísa Cigarra, Ana Coelho, Joaquim Peixinho,…
Nunca mais comeremos Punheta de
Bacalhau?
“A curiosidade matou o gato” – será
caso de polícia?
“A cavalo dado não se olha o dente”
– olha?
“Grão a grão enche a galinha o papo”
– será possível que ela fique enfartada?
“Burro velho não aprende línguas” –
aprende?
“Cão que ladra não morde”- e se
morder?
Publicado em NVR, 18/12/2018
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