Anita nas folias
juninas
Cheira a farturas, bem ensopadas em óleo
e açúcar, já há vários dias, anunciando o solstício de verão reflectido nesta modernidade
dos carros de farturas estacionados nas ruas dos centros urbanos, escondendo
jardins e edifícios barrocos interessantes. Ai de quem lhe enjoe o cheiro, pois
terá que conviver com esta realidade durante o mês de Junho, quer queira, quer
não, e passados uns dias, terá como paisagem, os doces da Teixeira fabricados
em Baião, agora misturados com fatias de Resende e os pormenores púbicos de S.
Gonçalo de Amarante.
Como som de fundo, temos o que há de mais popularucho e pimba, com letras que fazem corar o próprio Quim Barreiros, anunciando carrinhos de choque, e agora a vanguarda da diversão, resultante da tecnologia carrosseleira, onde o cinto de segurança é essencial, tal como ter o estômago vazio, como se fossemos fazer uma endoscopia digestiva no hospital mais próximo, para não fazer feio, vomitando o hambúrguer, a bifana, a bejeca, e a tal fartura que assentou mal com o café, sobre os mirones que ficam em baixo.
Como som de fundo, temos o que há de mais popularucho e pimba, com letras que fazem corar o próprio Quim Barreiros, anunciando carrinhos de choque, e agora a vanguarda da diversão, resultante da tecnologia carrosseleira, onde o cinto de segurança é essencial, tal como ter o estômago vazio, como se fossemos fazer uma endoscopia digestiva no hospital mais próximo, para não fazer feio, vomitando o hambúrguer, a bifana, a bejeca, e a tal fartura que assentou mal com o café, sobre os mirones que ficam em baixo.
As festas juninas são mesmo assim!
Afastei-me propositadamente das noivas
de Sto António – não vá o diabo tecê-las!!! Alguém me pode acertar com o bouquet de noiva… às vezes pareço ter um
íman para atrair complicações. Vi-as ao longe, fora de alcance da maior atleta olímpica
lançadora de bouquets, discos ou
dardos, vestidas cada uma com 50 metros de renda de Sevilha, carregando consigo
baús cheiinhos de amor para dar, cumprindo um sonho de subir ao altar nas festas
de Sto António, mesmo que em grupo, com vestido a arrastar, véu e grinalda brancos
ou pérola. Mas que bem!!! - agora com muita selfie,
muita base, muito rimmel, muito eye liner, muito esfoliante, muito gel, muita
extensão, muito silicone, muito babyliss,
muito makeup, muito reafirmante, muito
under bra, muito fio dental, muito fitness, muito adelgaçante, muita
tatuagem, muito sérum, muita barba de 3 dias, muito jet bronze, muito laser…
(ufff) realizando as fantasias mais imaginativas a que qualquer mortal tem
direito e que consegue realizar com ajuda do chinês da esquina.
Meu Deus dai-me juízo até à hora da morte!!!
Oh meu Santantoninho, tu divertes-te à
brava, à custa destes encantamentos passageiros de nós pecadores de todos os
dias… quantos pontos fazes por cada um, no reino monótono do céu? Deve haver aí
competição séria, tipo caça ao Pokémon, só que transformada em caça ao casamento
de Sto António. Não vês que nunca ninguém foi feliz para sempre, mesmo os
abençoados por ti, e aqueles que dizem que sim, simplesmente mentem?… é muito
mais fácil mentir do que assumir a verdade. Dá muito menos trabalho!
Sabes também muito bem, que o casamento
não é solução para quem tem problemas financeiros! Sempre ouvi dizer que em
casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão!
….
O calor mantem-se depois das 19h
anunciando uma noite excelente para a folia, não precisarei de carregar o
casaco e sim a garrafa da água que depois de ingerida se descartará no lixo.
Optei por comida leve ao jantar, para
que o vestido acetinado cheio de brilho possa ficar justo, mas sem apertos e para
que não sobre nada para fora, do tipo estou a asfixiar, deixai-me tomar ar puro
do lado de fora do decote ou da cava - 3 sardinholas e pimentos, para evidenciar
o tempo deles, deglutidos com um branco fresquinho de Terras da Maria Boa. (ok,
pronto, uma cola zero calorias)
Rego o manjerico, ponho a erva-cidreira
à`janela, o alho-porro já está encomendado, assim como o lugar na esplanada
para na noite de S. João saborear o caldo verde, e o púcaro negro para o S. Pedro,
ajeito a pestana e o báton, penteio-me, deixo um cravo vermelho a navegar pelo
meu cabelo sob a luz do luar e cá vai a Anita para a folia. Já que é assim,
fazer o quê? Aproveito para me divertir.
Meu Santo António se tu vires passar
Algum rapaz sem par
Sozinho pela rua
Vai-lhe dizer que eu já tenho um balão
Um arco e uma canção
E a imagem tua
Faz um milagre, dá-me um lindo par…
(Cuca Roseta)