GÉNESIS
Já
vou na terceira oportunidade de apreciar ao vivo e a preto e branco,
fotografias da autoria de Sebastião Salgado. Desta vez foi na Cordoaria em
Lisboa.
É
uma gigantesca exposição, com 245 fotografias de grande formato, que já foi
vista por cerca de 2 milhões de pessoas desde 2013, em vários pontos do mundo.
Está organizada em 5 partes, “ Amazónia e Pantanal”, Espaços a Norte”, “Sul do
Planeta”, “África” e “Santuários”.
O
grande tema “Génesis” (do grego Γένεσις, "origem",
"nascimento", "criação") abre-nos janelas para a origem do
planeta terra, tão mal estimado pelos nossos contemporâneos – uns porque
pertencem a países desenvolvidos e industrializados, outros porque pertencem
aos países em vias de desenvolvimento… mas, todos pecam.
O
seu autor referenciou-a como uma “história de amor ao planeta”, que expressa
uma década do seu trabalho, mostrando-nos através do seu olhar, as situações
mais primitivas que ainda hoje sobrevivem a este nosso mundo louco e idiota.
Todas as fotografias formam um registo de grande valor, para nós que vivemos
agora e para as gerações que se seguem, pois são um testemunho real dos
recantos do mundo não explorados e não corrompidos pelo Homem civilizado, pelos
seus negócios e pelo capital que tudo adultera.
Imagino
que são fotografias obtidas em locais de difícil acesso, depois de dias e dias
(meses?) cheios de privações, de obstáculos, de suor e de desânimo, que só uma
grande determinação como a de Sebastião Salgado, em partilhar connosco realidades tão
distantes e tão estranhas, consegue transformar estas expedições tão
singulares, em sucesso.
Percorri
a exposição de forma desorganizada, como tenho o hábito de fazer, devido a uma
certa impaciência em percorrer o caminho dos outros. Permaneci mais tempo,
vendo e revendo as fotografias de África, pois é por ali que mais me
identifico. Colhi fotografias de fotografias, para poder rever e escrever sobre
elas.
A
minha fotografia preferida foi obtida no sul Sudão, em 2006. Foca um
acampamento de gado em Amak, com múltiplas transparências de cinzentos,
resultantes de diversas fumaças que se destinam a afugentar insectos. Bovinos
magros de grandes armaduras, com ar pacífico, entremeados com os seus
guardadores que controlam e cuidam da manada, aliviando todo o acampamento de
insectos que martirizam todos, a certas horas do dia e da noite. È um belo
registo fotográfico e esta é a foto talvez mais popular.
Mas
há outras que mereceram a minha atenção. A investida do elefante que chama à
atenção para a dizimação dos elefantes que alimentam o negócio ilícito do
marfim (Zâmbia), as mulheres da tribo Mursi e Surma, últimas do mundo a usar
discos nos lábios (Etiópia)…
Todas
as fotografias têm uma mensagem implícita, induzindo-nos para a preservação do
planeta azul, assinada por este grande fotógrafo ambiental, acrescida de várias
histórias paralelas que cada visitante poderá imaginar sobre, toda a equipa que
apoiou o fotógrafo, tornando possível segundos de cliques invulgares em sítios recônditos do planeta, onde não passa
o comboio, não há aeroportos, não existem navios, e os jeeps ficam a muitos
quilómetros de distância, justificando-se verdadeiras peripécias, que são
deduzíveis e circunstanciadas pelo raciocínio de cada um.
Não
vos maço com mais descrições. Não percam, a exposição estará em Lisboa até
Agosto. Preparem-se para a fila a certas horas. Esta é a exposição que deveria
por o mundo a pensar.
Podem consultar:
http://www.terraesplendida.com/genesis/ TE_GENESIS_INFO_CM-JF.pdf
Publicado em NVR
2 comentários:
Ana, Lembraste quando conhecemos Sebastião?
Que situação!!! eu completamente desorientado perante a simplicidade dele.
Temos de repetir.
Bjs
A. M.
Também vi, beijinho Ana
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