24 dezembro, 2015
23 dezembro, 2015
20 dezembro, 2015
11 dezembro, 2015
06 dezembro, 2015
05 dezembro, 2015
O Atlântico
A inspiração no final do dia, observando as neblinas cromáticas na transição da tarde para a noite e do outono para o inverno.
O Atlântico...
Olhando o horizonte, gerindo solidões de muitas paragens, feitas neste sítio a muitas horas, reflectindo sobre caminhos, seleccionando sonhos, apurando os sentidos e renovando os mesmos valores de sempre.
4/12/2015
31 outubro, 2015
O BAILE
O BAILE’
de Aldara Bizarro
ESPECTÁCULO QUE CRUZA INTÉRPRETES PROFISSIONAIS COM
ELEMENTOS DA COMUNIDADE E MÚSICOS DA BANDA DE MATEUS
O espectáculo participativo ‘O Baile’, coreografado por
Aldara Bizarro, com música original de Artur Fernandes, apresentado pela
primeira vez no Serralves em Festa de 2012, foi inspirado no filme ‘O Baile’,
de Ettore Scola (1983), e na memória dos bailes de bairro, de aldeias e de
vilas de Portugal. A partir da pesquisa dos bailes tradicionais e das várias
formas da dança, procurou-se recriar um baile contemporâneo, inspirado nas
ideias e percepções dos participantes e incluindo três níveis de envolvimento: os
profissionais (bailarinos, músicos e coreógrafa), as comunidades que ensaiaram
de propósito para o efeito e o público que assiste ao espectáculo e que acaba
por se envolver no baile de forma espontânea.
Um Baile que conta a história de uma localidade ou de um
bairro.
Concepção, direcção e coreografia: Aldara Bizarro
Interpretação/co-criação: Costanza Givone, Isabel Costa,
Bruno Rodrigues, Manuel Henriques, Diana Serrano e participantes da comunidade
Criação musical: Artur Fernandes (Danças Ocultas)
Interpretação musical: Artur Fernandes (concertina), Marco
Figueiredo (piano), Miguel Calhaz (contrabaixo) e elementos da Banda de Música
de Mateus
Desenho de luz: Francisco Tavares Teles
Vídeo: Catarina Santos
Produção: Jangada
Ensaiador musical: Marco Figueiredo
Co-produção: O Baile é uma iniciativa integrada no programa
do Serralves em Festa, realizada em parceria com o Manobras no Porto – Centro
Histórico 2011/2012
Jangada é uma estrutura financiada por Governo de
Portugal — Secretaria de Estado da Cultura/Direcção-Geral das Artes
27 outubro, 2015
Pretexto para estar
Pretexto para estar
As aulas
começaram, chegou o Outono, baixa a temperatura, passamos mais tempo em casa e
lembrem-se que as crianças gostam de ouvir ler.
Os papás,
hoje, podem faze-lo com livros em papel ou em formato digital, mas apresento já
uma vantagem do papel: pode cair ao chão e não parte, e por isso é mais prático
para ser utilizado nos momentos de ler histórias aos mais pequenos, antes de
dormir, ao serão, no fim-de-semana ou enquanto se espera por alguma coisa.
Porque é
importante ler histórias às crianças?
Ao ouvir
histórias, as crianças aproximam-se de outras realidades ou de fantasias, que
alimentarão o seu imaginário. As crianças gostam de conhecer a vida de outras
pessoas, para perceberem melhor a sua própria existência e os seus afectos…
porquê as pessoas se amam ou se odeiam? porquê riem e porquê choram? para
perceberem melhor os caminhos da vida, distinguindo o bem, do mal… para conviver
melhor com os seus medos e receios e confirmarem que o bem, deve sempre vencer.
A leitura reorganiza e reforça os seus frágeis valores que estão em contínua
formação. Isto passa-se com as crianças, mas se reflectirmos bem, acontece
connosco também.
Nunca
teremos tempo para viver todas as experiências que o mundo oferece, mas a
leitura dá-nos a possibilidade de viver mais, em menos tempo.
Como lidar
com a nossa solidão interior e com os contratempos e contrariedades,
resultantes desta vida louca de todos os dias, se não tivermos o escape de ler,
que nos devolve equilíbrio e bem-estar interior?
Os livros das
crianças, permitem-lhes explorar em simultâneo as ilustrações que reforçam a
história escrita e abrem janelas para mundos que elas não conhecem, despertando
a capacidade de ver, de observar, de analisar, e até de avaliar, articulando
texto e imagem, interiorizando, misturando e arrumando tudo dentro delas, para
utilizar mais tarde.
A leitura
para as crianças envolve algo mais – os afectos e a proximidade de quem elas
gostam mais. Algumas ainda não sabem ler, outras leem mal, outras leem bem, mas
todas adoram que alguém lhes leia contando uma história. Porque ouvir ler é bom.
Para os pequeninos, ler é aconchegante, é uma almofada de sonho, de aventuras
vividas em local seguro e sem nada a temer, pois estão acompanhadas por quem
mais confiam.
Papás,
larguem a telenovela e o futebol e aproveitem para criar um momento mágico na
vossa família, lendo uma história ao seu filho e depois conversar sobre a
mesma. Não leiam por obrigação, leiam por prazer. Fazer isso é tratar os
afectos e promove-los com luvas de seda e de cetim, como eles merecem.
Ele irá adorar.
Arranjem um
sítio confortável e encurtem distâncias. Para além da história, mostrem a capa,
as imagens, criem tonalidades de voz diferentes adaptadas às personagens,
deixem a criança questionar, folhear, apontar com o dedo… Se a criança já sabe
ler, dividam a leitura, fazendo duetos. Numa 2ª ou 3ª leitura, imaginem finais
diferentes. Coloquem sempre que possível uma pitada de humor em tudo, para que
resulte um momento de boa disposição susceptivel de despertar a vontade de
repetir outras vezes.
Os pais
passam cada vez menos tempo com os filhos, e não é a prenda oferecida num
momento qualquer e sem motivo, o tablet,
o computador ou as férias, que compensam essa ausência diária, mas sim estes momentos,
em que a leitura funciona também como pretexto
para estar.
Experimente,
inverter papéis, ser o seu filho a ler para si. Sentir-se-á a regressar ao
passado, deixando fluir memórias doces e ternas, esquecidas lá muito longe.
Publicado no NVR em 20/10/2015
16 outubro, 2015
26 setembro, 2015
Desconstrução da humanização
Desconstrução da humanização
Todos nós
parecemos actores da história da Bela Adormecida. Por vezes, mesmo sem
príncipe, parecemos sair da nossa letargia militante e acordamos para os
problemas do mundo.
O mundo
existe desde que é mundo, mal ou bem entra pela nossa casa todos os dias e a
todos as horas, mesmo sem pedir licença. Carregamos o mundo no telemóvel, no
tablet, no computador, diariamente num estado de adormecimento, egoísta,
consentido e aflitivo. Pontualmente acordamos com notícias, que a comunicação
social passa e repassa, forçando o conhecimento do receptor, assumindo a função
do despertador a tilintar logo de manhã junto da nossa existência.
Desperta-nos
e devolve-nos o mundo em que vivemos.
Acordámos
com o 25 de Abril, acordámos com o “acidente” de Sá Carneiro, acordámos com Timor,
acordámos com a tentativa de assassinar João Paulo II, acordámos com Mandela, acordámos
com a guerra do golfo, acordámos com Gorbachev, acordámos com a morte de Diana,
acordámos com a queda do Muro de Berlim, acordámos com a SIDA, acordámos com o
11 de Setembro, acordámos com o Acordo das Lajes, acordámos com o tsunami do
Índico, acordámos com o juiz Rui Teixeira, acordámos com a gripe A e com o
ébola, acordámos com o Duarte Lima, acordámos com a Madeleine Mcann, acordámos
com Obama, acordámos com a Troika, acordámos com o Pápa Francisco, acordámos
com o Salgado, acordámos com Charlie, acordámos
com a prisão de Sócrates, acordámos com a Grécia, acordámos com a fotografia do corpo da criança Síria a dar à costa,… acordamos
apenas com os ícones, podendo ser da desgraça ou não, transportando situações
diversas com grande complexidade de conteúdo, potenciando outras, e que criam ondas de solidariedade no apoio ou
no protesto, feitas desta massa colectiva que somos nós, humanos adormecidos.
Atitudes que se manifestam voláteis e efémeras….
Quem explica
isto?
Quando
acordamos, manifestamos a nossa indignação exaltamos valores culminando com o
humanismo, que da esquerda à direita, todos julgamos possuir e defender. A televisão,
a imprensa e as redes sociais atiram-nos com os que fazem opinião, e estes opinam
numa operação de “baralhar e voltar a
dar” como se fossemos singelas cartas de um baralho obediente, apelando para a
história, para a politica, para a economia, para as culturas, para as lógicas
ilógicas de ocasião e para factos convenientemente esquecidos, exercendo o
contraditório, indignando e pondo em causa a breve indignação de cada um de nós,…
vêm os políticos, os jornalistas, os advogados, os analistas e até aqueles que tem grandes
responsabilidades no pais onde vivo, confrontando assertividade, com deturpação,
com demagogia e conseguindo com algum sucesso a desconstrução do pouco
humanismo que cada um ainda conserva em si e que tem a esperança preservar numa
perspectiva ingenuamente solidária. Esta digladiação informativa é fugaz, dura
dias ou poucos meses, e nós reagimos, opinando, mostrando a nossa indignação e
o nosso lado heróico pelo mediático, mas este desvanece-se em consonância com a
notícia que deixou de o ser, e voltamos a hibernar, adormecendo no nosso
castelo encantado, até ao próximo despertar.
Todos estes
casos têm apenas em comum, o processo, o acordar, a indignação inicial, a
indiferença posterior, o readormecer passado o impacto da novidade e do prurido
causado, e o esquecimento.
Entre uns e
outros, acontecem as vitórias e derrotas clubísticas que formam um mundo à
parte do nosso mundo, e os escandalozecos cor-de-rosa (aquela que fotografou
nua com quem, o outro que descasou e aquele que entrou nos Óscares) que
funcionam como bálsamos da desgraça, tipo prozac
providencial + Kompensan divino, ajudando-nos a esquecer e a mergulhar em mais
um sono dos justos. Sim, porque cada um de nós, comodamente deitados em posição
de Bela Adormecida, convence-se de que é justo, sossegando a consciência.
Entretanto,
enquanto dormimos, tudo continua a acontecer exactamente da mesma forma que nos
surpreendeu e indignou; nos cenários internacionais, num primeiríssimo plano, negócios
de armas, de guerra, de paz, de petróleo e de dinheiro e em 2º plano, lá
continua o desemprego, os sem-abrigo, os doentes, a má gestão dos dinheiros
públicos, o racismo, a mutilação genital feminina, os animais abandonados, a
poluição, a violência doméstica, a pedofilia, a prostituição, a exploração do
trabalho infantil, a caça aos elefantes, as máfias, a escravidão, a falta de
água, o cancro, os refugiados e toda a lista de indignidades e enfermidades,
cujos 7 pecados capitais, mais os veniais, são incapazes de conter e que vêm
sufocando este animal estranho, pretensamente racional e civilizado, que é o Homem
do século XXI.
Publicado no NVR - 23/09/2025
25 setembro, 2015
DOURO JAZZ
Olha!!!! Querem ver que por mera coincidência, ficamos na
mesma fila!!!
Se Deus nos juntou, algum defeito nos encontrou!!!.
Hoje foi Jazzim!!!!
Tiiiiirirititiritiritiiiiii tiiiii titritiritiritiiiiiii
Tataratiratatatrii, riiiii tataritaritaaaa
Primeiro estranha-se depois entranha-se!!!!
Aplauso para o Douro Jazz
Gostámos, aplaudimos, rimos e sorrimos e trauteámos.
Muito Bom.
22 setembro, 2015
Bom dia, cassiopeia espera-nos!
Oferece-me anéis,
colares, pulseiras,
Joias douradas, cravejadas
de todas as cores,
Jades, rubis e
ametistas
E eu quero as estrelas,
Brilhos de sedas e
cetins de noites escuras,
Bordados de lua cheia.
Oferece-me diamantes
E eu quero dançar,
pautas musicais, que só
nós ouvimos,
flutuando num salão qualquer.
Oferece-me tanzanitas
azuis,
E eu quero o abraço da
mesma cor,
Envolvente e único,
Nascendo da voz mais profunda
do mundo:
- Bom dia, cassiopeia
espera-nos!
AQ
12 setembro, 2015
O FASCISMO DOS BONS HOMENS’
O FASCISMO DOS BONS HOMENS’
TRIGO LIMPO TEATRO ACERT
‘O Fascismo dos Bons Homens’ é um espectáculo concebido a partir do romance comovente e satírico ‘A máquina de fazer espanhóis’, de Valter Hugo Mãe.
...
‘A máquina de fazer espanhóis’ é, já por si, um retrato da nossa portugalidade. Na situação que vivemos actualmente o texto ganha ainda mais sentido e mais sentidos. E é uma ferramenta espectacular, um ponto de partida único e motivador para quem, como nós, adora contar histórias.
TRIGO LIMPO TEATRO ACERT
‘O Fascismo dos Bons Homens’ é um espectáculo concebido a partir do romance comovente e satírico ‘A máquina de fazer espanhóis’, de Valter Hugo Mãe.
...
‘A máquina de fazer espanhóis’ é, já por si, um retrato da nossa portugalidade. Na situação que vivemos actualmente o texto ganha ainda mais sentido e mais sentidos. E é uma ferramenta espectacular, um ponto de partida único e motivador para quem, como nós, adora contar histórias.
O Trigo Limpo Teatro Acert, ao colocar em cena um espectáculo baseado neste texto, pretende, não só, contar a história de António Silva, personagem central e narrador do romance, mas também a do lar ‘A Feliz Idade’, o nosso lar, o nosso Portugal de agora mas antigo, por vezes, muito antigo mesmo…
Entre o trágico e o cómico, esta aventura de final de vida ganha, em palco, uma dimensão que nos remete novamente para o mundo do ‘faz de conta’, essa fantástica brincadeira que, em pequenos nos permite ‘reinar’ e, já adultos, nos reaproxima da menoridade. Tudo isto atravessado de poesia.
Adaptação e encenação: Pompeu José
Composição e direcção musical: Filipe Melo
Cenografia: Zétavares e Pompeu José
Desenho de luz: Luís Viegas e Paulo Neto
Interpretação: António Rebelo, Hugo Gonzalez, João Silva, Pedro Sousa, Pompeu José, Raquel Costa, Sandra Santos
Entre o trágico e o cómico, esta aventura de final de vida ganha, em palco, uma dimensão que nos remete novamente para o mundo do ‘faz de conta’, essa fantástica brincadeira que, em pequenos nos permite ‘reinar’ e, já adultos, nos reaproxima da menoridade. Tudo isto atravessado de poesia.
Adaptação e encenação: Pompeu José
Composição e direcção musical: Filipe Melo
Cenografia: Zétavares e Pompeu José
Desenho de luz: Luís Viegas e Paulo Neto
Interpretação: António Rebelo, Hugo Gonzalez, João Silva, Pedro Sousa, Pompeu José, Raquel Costa, Sandra Santos
O RÚSTICO AVEC
O RÚSTICO AVEC
Nas duas últimas
décadas, as cidades e as aldeias portuguesas foram inundadas por exemplares da
arquitectura “catalogada” como “arquitectura rústica”. Ressalvo, não é um
estilo, é uma técnica de construção.
O que é o
rústico? O rústico aplicado à construção e mais especificamente às paredes,
traduz-se numa ausência de acabamento e de “arte”, aparentando aspecto
grosseiro, rude, sem grandes detalhes construtivos e apuramento no acabamento.
O senso
comum associa este aspecto visual à ruralidade, ao romantismo do sentimento
campestre, influenciado por vezes na importação de modelos de outros países e
na linha do “country” da decoração de
interiores, retirando-lhe as componentes, histórica e científica, da situação
portuguesa.
Cada época
tem uma forma de construir, articulada com o conhecimento científico, os
materiais da região, as ferramentas disponíveis, a capacidade económica do
proprietário, articulando-se com as regras de bem construir, aplicadas sabiamente
pelos mestres pedreiros que existiam antes destes dias baralhados que vivemos
nas últimas décadas, de uma globalização nem sempre inteligente.
A arte de
bem construir de um pedreiro, orienta-se por regras bem definidas e consta de
um saber acumulado ao longo de muitos anos, com conhecimento passado de geração
em geração, de mestre para aprendiz, com muitos dias e anos de prática e de muitos
calos nas mãos.
Pelas
atrocidades que vejo no meio envolvente, eu diria que, actualmente, pedreiros, já há poucos. Trolhas sim, pedreiros não!
Não vou mais derivar por aí. Registo
apenas que ao observar certas obras de recuperação e restauro nesta fase da
regeneração urbana de algumas cidades, vejo maus exemplos, que muita gente
aplaude sem sentido, manifestando apenas uma ignorância arquitectónica
exuberante.
O rústico avec!!!!
Enuncio uma regra simples que
desconstrói o aplauso de muitos, nesta região granítica e telúrica, carente de
bons pedreiros. O rústico que é para manter rústico, ocorre sempre que as
molduras de vãos do edifício não são peças especialmente talhadas, aparelhadas
e tratadas, assumindo rudeza similar ao resto da construção e localizam-se no
mesmo plano. Num edifício em que existem panos de parede rudes, mas existem
também molduras de vãos, talhadas e trabalhadas, quer dizer que o aparelho
rusticado é para cobrir com outro material (reboco e pintura, azulejo, aqui no
Norte) e as peças bem desenhadas e bem talhadas, são apenas essas que devem
ficar à vista (molduras, cunhais, rodapés, cornijas, platibandas e elementos
decorativos) e normalmente destacam-se, porque se situam num plano ligeiramente
exterior (são salientes). Como toda as regras, esta também tem excepções.
Fácil e simples! Os edifícios
barrocos são autênticas “bíblias” da construção, e nós temos muitos onde aprender.
Olhem as paredes da nossa cidade e
constatem os disparates que por aí se têm cometido. Mas nada está perdido, logo
que a razoabilidade inunde as consciências, estas situações são possíveis de
reverter. Abstenho-me de mencionar aqui os casos mais escandalosos, para evitar
constrangimentos. Vejam com olhos de ver e descubram.
Publicado em NVR - 8/09/2015
03 setembro, 2015
A propósito de Ceuta.
exposição ilustrada e
inspirada nos excertos do texto da Crónica da Tomada de Ceita de Zurara, que
conta com a participação de 10 ilustradores, devo
31 agosto, 2015
Porto de Amsterdam
Amazing Port of Amsterdamtimelipse by @Drone Addicts
Posted by Ocean Reality on Quinta-feira, 27 de agosto de 2015
28 agosto, 2015
Colecciono pores-do-sol
Fechada nos meus silêncios e neste
caminho cheio de encruzilhadas, colecciono pores-do-sol todos diferentes, em
cada fim de tarde. Poderia colecionar calendários, latas de cerveja, copos de
cristal, …
Colecciono pores do sol.
Junto-os um a um, ondeados por
outros e outros de cada dia registados na minha memória, ou não apenas. São todos
especiais, coloridos por aguarelas delicadas ou vibrantes, pinceladas atrás de
montanhas ou ao fundo de um mar imenso, casando com a linha do horizonte e
aceitando a sobreposição de pequenas neblinas, fumarolas ou entre nuvens
ameaçadoras.
Gosto deles vibrantes, que se vão
formando ao longo dos últimos minutos do ocaso, acentuando-se o pigmento
carmim, perante o meu deleite de espectadora atenta e coleccionadora de pores-do-sol.
O meu olhar sensível a estes cenários fabulosos que a natureza nos premeia, abre
pensamentos sobre a nossa ínfima pequenez no universo, feita de pequenas
escalas de interesses que na verdade, nada interessam, perante o espectáculo
oferecido gratuitamente e diariamente pelo astro-rei. Produzem em mim,
silêncio, entre vários outros silêncios e sossegam um pouco a minha inquietação
permanente cifrada em milhentas tarefas que aceitei realizar neste planeta cada
vez menos azul.
A relatividade de tudo perante um festival de
cor e de perfeição, na última meia hora do dia, contendo o momento mágico, esfuma
contradições e secundariza as grandes questões do mundo. Só perde quem não vê.
É indescritível o pôr-do-sol,
assistido a partir do templo de Poseidon, cabo Sounion, Grécia.
É mágico o pôr-do-sol tendo o Taj
Mahal, como cenário, na Índia.
É absolutamente esmagador o pôr-do-sol
na savana africana.
Também aprecio o pôr-do-sol,
filtrado pela serra do Marão, de costas para a pequena capela de Nossa Senhora
de Guadalupe, localizada em Mouçós - 5 séculos de história que tem como rotina
presenciar diariamente o sol a esconder-se atrás da serra do Marão, lá longe,
um pouco antes do infinito. O recorde morfológico da serra, pode virar perfil
iluminado e inundando de luz tudo o que o rodeia nos diversos planos da
perspectiva, mas também pode virar perfil de luz coada pelas nuvens produzindo
efeitos celestiais divinos, realçando formas que por vezes andam esquecidas tão
perto de nós.
É um espectáculo popular e
diversificado, irrepetível e diferente consoante a localização do observador,
capaz de despertar o lado poético e romântico do ser humano e a sua capacidade
de reflexão. Parece que cada um é realizado de propósito para cada um dos nós,
como se cada um fosse a pessoa mais importante do mundo e o centro do universo.
Os
astro-rei não pára de nos surpreender quando se despede– cada vez mais cedo,
cada vez mais cedo, cada vez mais cedo…. e depois, cada vez mais tarde, cada
vez mais tarde, cada vez mais tarde. Espero que volte sempre.
AQ
Publicado em NVR 19/08/2015
27 agosto, 2015
Casa Barbot - Vila Nova de Gaia
Casa Barbot
A casa mais bela da cidade de Gaia, uma das mais belas da zona do Porto e do norte do país, funcionando como instalações do Pelouro da Cultura. Património e Turismo e denominando-se Casa Municipal da Cultura é indicada aos turistas como local a visitar e onde se faz, parte da mostra da Bienal de Arte de Gaia 2015.
A casa mais bela da cidade de Gaia, uma das mais belas da zona do Porto e do norte do país, funcionando como instalações do Pelouro da Cultura. Património e Turismo e denominando-se Casa Municipal da Cultura é indicada aos turistas como local a visitar e onde se faz, parte da mostra da Bienal de Arte de Gaia 2015.
Prefiro chamar-lhe Casa Barbot, como sempre lhe chamei.
Construída em 1915, localizada na Av. da República, Vila Nova de Gaia, marca
uma época, sendo o único exemplar de arte nova desta cidade e foi classificada
em 1962 como imóvel de interesse público. Na informação on line consta que a casa foi alvo de obras de recuperação
realizadas pela Câmara Municipal.
Experimentem entrar.
Nos últimos dois anos visitei-a duas vezes e duas vezes me
decepcionei. É visível a degradação progressiva da casa. Se houve obras de recuperação
foram certamente mal executadas ou não se garantiu posteriormente, a conservação
do edifício. Infiltração de águas, fissuras, vidros partidos, abajurs mal substituídos,
pavimentos sujos, gessos a cair, papel de parede descolado, cheiro a tabaco, e… uma
máquina de bebidas …. emparedaram o fundo do jardim… adicione-se um desleixo visível da parte de quem lá
trabalha: automóvel estacionado no jardim, caixotes no chão, mangueiras no
jardim, tapete de gosto duvidoso, escova do cabelo na instalação sanitária…. enfim….
observem as fotografias, ampliem e observem.
Não tive acesso a toda a casa. Isto foi apenas o que eu vi.
Tive dificuldade em fotografar e disfarçar esta realidade. Eu sei que talvez
tenha espreitado onde não devia, eu sei
que não há dinheiro, eu sei que , eu sei , eu…
Eu sei que a entrada é gratuita, mas eu preferia pagar.
Como é gaienses, temos um teleférico para apreciar o Porto e
não temos uma casa Barbot para deliciar o olhar?
Não tenho palavras, apenas indignação.
AQ
(clique na imagem para ampliar)
Qual chafariz, qual que???? uma torneira à maneira
Os guarda chuvas, os caixotes e o cheiro a tabaco
O caminho traçado no pavimento que esbarra com uma parede
O tapete improvisado, com os dois pézinhos |
À esquerda o pormenor do secador de cabelo e da escova; à direita o doseador |
Os abajours, até um verde teve lugar neste candeeiro |
Lindo! |
O veículo que insiste em ficar na fotografia |
Isto pretende ser um jardim |
Construção localizada ao fundo do jardim |
Janelas fechadas |
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