file:///E:/radio/manuela%20vaz%20de%20carvalho/16a%20-%20Natal%20-%20Manuela%20Vaz%20de%20Carvalho.mp3
30 dezembro, 2024
NATAL
29 dezembro, 2024
CUBO DA RIBEIRA
A cidade do Porto tem esculturas muito bonitas, porém, esta assinala a contemporaneidade desta cidade, sempre bela, livre e renovada. Tenho um carinho especial por esta escultura, porque privei algumas vezes com o autor, na ESBAP, nos cafés S. Lázaro e Belas-Artes, depois em V. N. de Cerveira, também porque assisti a alguns momentos da sua construção e às reacções de muitas pessoas quando da sua inauguração. Muitas esperavam um escultura clássica e não esta simplificação do Belo. Esta escultura faz parte da minha identidade. Fotografo-a sempre que passo por lá e passo muitas vezes - passeando, dirigindo-me para os cruzeiros no Douro, para almoçar ou jantar, para apresentar a cidade do Porto a alguns convidados especiais, ou apenas porque sim.
"Cubo da
Ribeira"
"Cubo de
bronze (1900 Kg), obra de 1984, sobre pilar metálico, pedra, betão e
incorporação de água. Fonte de valorização e dinamização espacial.
Nesta obra,
José Rodrigues utilizou algumas pedras de um fontanário encontradas à
profundidade de um metro, com datações da época moderna e, como era importante
a sua recuperação num contexto de História Urbana, o escultor optou por
integrar esses elementos no muro que desenhou para a nova fonte, valorizando-os
e diferenciando-os através da utilização de betão na restante escultura.
De acordo com o
escultor: “A fonte é constituída por três pedras do século XVII. Foram-me
fornecidos o desenho e o registo da fonte. Houve, então, que tornear uma
atitude arquivista ou refazer a fonte imitando o que tinha sido, ou fazer uma
fonte do século XX, com pedras do século XVII. A última hipótese pareceu-me a
mais honesta – a história faz-se com acrescentos, é feita de somas, não é de
reconstituições.” (CABRAL, Filomena – O “cubo” que escandaliza a Ribeira.
Escultor José Rodrigues explica a génese e sentido da obra. O Primeiro de
Janeiro (20.01.1984), p.4).
“No centro da
fonte, um repuxo parece segurar O Cubo que se equilibra sobre uma aresta.
Enquanto metáfora, o repuxo fala do rio, fluindo, instável, mas força
determinante na construção da cidade. Sobre a superfície do cubo surgem
elementos vegetalistas, registos do tempo integrados na obra do ser humano que
o cubo também configura. Essa relação natural/artificial e o seu possível
equilíbrio são poetizados através da presença das pombas, seres alados que
conseguem facilmente conviver com o ser humano em espaços urbanos, mantendo a
liberdade.” Com a colocação de O Cubo ficaram concluídas as obras de Renovação
da Praça da Ribeira. José Rodrigues, por indicação do arquiteto Viana de Lima,
foi incumbido de realizar um elemento escultórico para a praça."
Praça da Ribeira
27 dezembro, 2024
ROUGE
Vermelho: raiva, paixão, fúria, ira, desejo, excitação, energia, velocidade, força, poder, calor, amor, agressão, perigo, fogo, sangue, guerra, violência.
NATAL E NÃO DEZEMBRO
file:///E:/radio/audio/15%20-%20Natal%20-%20David%20Mour%C3%A3o%20Ferreira.mp3
26 dezembro, 2024
25 dezembro, 2024
EU HEI-DE DAR AO MENINO
Este poema surge no século XVIII, contudo, a melodia só é concebida
entre 1930 e 1931 por uma pianista chamada Gertrudes Cartaxo, posteriormente
foi publicada pelo compositor português Fernando Lopes-Graça em 1954 n'A Canção
Popular Portuguesa e pelo etnomusicólogo nascido na Córsega Michel Giacometti
em 1981 no Cancioneiro Popular Português. O poema sofreu várias adaptações,
mantendo-se por vezes apenas a primeira quadra.
Grupo Coral Feminino “Vozes do Imaginário” com o poema cantado na integra.
https://www.youtube.com/watch?v=MqC2vnbgP94
Voz: Anabela Quelhas
file:///E:/radio/audio/14%20-%20Eu%20hei-de%20dar%20ao%20menino%20-%20sec%20XVIII.mp3
24 dezembro, 2024
23 dezembro, 2024
ERA NOITE DE NATAL
Era noite de Natal
A família era grande, no
Natal não havia iluminações de rua, apenas havia uma luz a iluminar o
campanário da igreja da aldeia, e a grande fogueira, tradição milenar, que remete
a cultos pagãos, ligados aos solstícios, nas comunidades rurais.
A minha família, no
Natal, cada um fazia as refeições nas suas casas. As casas eram pequenas e
penso que nem haveria mesa para acolher mais de dezanove pessoas, com pratos,
talheres, copos, mais a luxúria gastronómica natalícia.
Na casa dos meus pais,
a árvore de natal já estava feita na semana anterior e o presépio organizado em
cima do musgo verdadeiro, num canto da sala. A minha mãe, com a ajuda das
filhas, organizava a consoada e o almoço de Natal. Nem supermercados havia e
pouco se comprava, tudo se fazia no grande fogão a lenha, que despachava vários
cozinhados aos mesmo tempo e ainda um forno para fazer o bolo-rei.
Iniciava-se já no dia
23 a preparação da abóbora e da chila, para as respectivas fritas. No dia 24, éramos
quatro à volta do fogão, ao som do sino da igreja que começava a tocar depois
do meio-dia. A nossa casa perfumava-se de canela, purificando o ambiente e
atraindo a boa sorte.
Jantávamos, o que era
estritamente tradicional, arroz de polvo, roupa velha (em terra de pobres, o
bacalhau tinha que render para várias refeições), polvo frito, bolos de
bacalhau, rabanadas, fritas de abóbora, sonhos, aletria e o melhor bolo-rei do
mundo, que só a minha mãe sabia fazer, com a massa ligeiramente adocicada com
rum e bem recheada de pinhões, seguindo a receita do famoso Pantagruel.
Depois de tudo arrumado
e limpo, saíamos todos de casa, íamos levar uma parte da ceia a uma família
pobre, passávamos rapidamente em casa do tio Alberto e da tia Matilde e
seguíamos para casa da avó Felisbela, onde se reuniam todos os primos e tios,
irmãos do meu pai. Os mais novos iam para uma sala e os mais velhos ficavam
noutra. Esqueci-me de referir que o aquecimento era feito pelo velho fogão de
lenha e braseiras, que contrastavam com a noite gelada que decorria lá fora. Já
ninguém queria comer, queríamos conversar, contar estórias e recordar os Natais
anteriores.
Jogávamos às damas e ao
rapa (Rapa, Tira, Deixa, Põe – jogo de origem judaica), apostando confeitos de
açúcar e pinhões, que íamos tirando das pinhas do pinheiro-manso, depois com as
cartas, jogávamos ao mafarrico, os mais crescidos faziam batota e o jogo sempre
terminava, numa grande algazarra. Por vezes os mais velhos vinham para a nossa
sala, porque era mais animada. Com a minha avó Felisbela poderia sempre surgir
um momento de cantoria, uma música de Natal ou uma música antiga, valia tudo e
em simultâneo entretinha um dos netos brincando à cama do gato.
Circulavam os figos
secos, guardados num saco enfarinhado, as passas ou os cachos de uvas ainda
resistentes, as nozes, avelãs e amêndoas, partidas na hora. Ocasionalmente íamos
dar “uma carreira” no sino, porque a igreja situava-se ao lado da casa da nossa
avó, e nesse dia o campanário abria-se para esse fim, tocar no sino. Deim,
deim, deim, dom, deim, deim, dom…
Os mais velhos, dos
mais novos, tinham direito a um cálice de vinho do Porto, Lacrima Christi, que
o nosso tio Manuel, o mais divertido, reservava para aquela noite especial, já
arrumado junto ao escano, e os cálices em filinha sobre a masseira. Os mais
novos apenas bebiam uma pinguinha no fundo do cálice ou uma jeropiga “batizada”.
Abria-se a garrafa com grande aparato, os brindes eram divertidos, e ruidosos,
porque todos nos excedíamos no discurso, na alegria e na gargalhada.
Nessa noite não havia
presentes e quem os trazia, era o Menino Jesus durante a noite e só se viam no
dia seguinte, coisas simples, onde se valorizava mais a surpresa, do que o
conteúdo. Quando a fogueira da aldeia já estava de bom tamanho, todos vestíamos
os casacões e as samarras para ir até junto dela, e sentir aquele calor
vibrante e o barulho do fogo a consumir a grande pira de lenha. Ali se reuniam
novamente outros familiares e amigos.
Eu olhava o céu desejando
muito ver uma estrela-cadente, como sinal de sorte e boa aventurança, e para
pedir um desejo. Era noite de Natal.
Publicado em NVR, 23|12|2024
VAI NASCER O MENINO
Voz: Graça Vilela (convidada)
22 dezembro, 2024
20 dezembro, 2024
NATAL
file:///E:/radio/audio/12a%20-Natal-de-Reinaldo-Ferreira%20-%20gra%C3%A7a-_1_.mp3
19 dezembro, 2024
18 dezembro, 2024
NATAL DE 1971
SERÁ QUE VALE TUDO, ANITA?
Será que vale tudo, Anita?
No dia 12, a Assembleia
da República discutiu restrições a professores brasileiros para leccionar em
escolas de Portugal. Será que perante o cenário actual das escolas portuguesas,
onde faltam professores, vale tudo?
Para além da formação
destes profissionais, e as suas habilitações, que para mim, são apenas um
acerto da legislação, há uma questão de fundo, que todos revelam inibição em
apresentar e discutir.
O CHEGA foi o único
partido que se posicionou contra, mas as suas alegações estão distantes do
essencial, e assim posso opinar sem que ninguém me pretenda associar a esse
partido.
O que considero
pertinente, ninguém refere.
O que aqui está
verdadeiramente em causa é a Língua Portuguesa.
Qualquer matemático, de
qualquer nacionalidade, poderá explicar o Teorema de Pitágoras, mas explicando
em Língua Portuguesa, a alunos jovens, com a sua formação ainda frágil, é
diferente, reforça o conhecimento da Língua.
Vou apenas recordar,
quando era jovem, era penalizada por ler banda desenhada brasileira, porque se
receava que afectaria a minha aprendizagem do Português de Portugal. Afectou,
mas afectou pouco, porque sempre tive professores sem “sotaque”, formados nas
Universidades Portuguesas e porque lia outros livros escritos em Português de
Portugal. Enquanto docente, sempre tive
que favorecer a aprendizagem da Língua Portuguesa apesar de leccionar Artes
Visuais. Falar e escrever correctamente a Língua Portuguesa, conhecer a cultura
portuguesa, constituíam exigências intrínsecas à docência e… admirem-se, houve
até um ministro que considerava que todos os professores eram professores de
Língua Portuguesa, sendo obrigatório apontar os erros verbais e de escrita dos
seus alunos e tomar nota nas avaliações. Onde ficaram estes ideais? Meteram-se na
gaveta, apenas porque agora dá jeito e estão à rasca pela falta de professores?
Os professores
brasileiros, apenas estão preocupados em sair do Brasil e arranjar emprego aqui
em Portugal – nada contra. Há brasileiros, muito dinâmicos e activos, aqui em
Portugal, que organizam petições, moldam opiniões e até se indignam e reclamam,
sobre a organização da nossa sociedade e sobre os nossos costumes, de forma tão
invasiva, que levam alguns portugueses a perder a cabeça e a reagir, questionando
porque não fazem isso no Brasil (na terra deles).
A qualidade da Escola Portuguesa
não lhes diz respeito, porque esta dinâmica serve apenas interesses meramente
laborais, articulados com a emigração. A qualidade da Escola Portuguesa, e a
sua estratégia pedagógica a curto e a longo prazo, é algo muito complexo e
importante, diz respeito em primeiro lugar a quem sabe - ministério da educação
e professores – depois a grupos que lhes estão ligados, alunos e pais, que se
devem remeter ao seu papel. Não convém “dar tiros nos pés”, caso contrário, “a
casa” vai definitivamente abaixo. Querem mais professores? Oiçam os professores
mais velhos, que eles apontarão soluções.
Tivemos um acordo
ortográfico. Será que não chega? A sociedade portuguesa quer os filhos a dizer:
“qui legau, eu vou com você! A genti vai procurando o papai nu ónibus. Mamãe
nois vai demorá? estou precisando ir no banhêro!”
Nas salas de aula, será
assim:
O professor de Matemática:
- Oi tudu beim? Como vai você? Podem
arrumá seu celulá, e vão prestandu atenção ná tela? U tiorema dji Pitágoras diz qui u quadrádu dá
hipotenusa é igual à somá dus quadrádus dus catétus. Nóis pode utilizá esse
teorema prá ir facilitando u cálculo dá diagonau dje um quadrádu e altura dje
um triângulu equiláteuo. Topam du jeitjinhu que eu estou falandu?
O professor de Educação Física
- Oi tudo legau? Tem genti qui ainda
está precisando ir no banhêro? Galera vamus começá a aula. Atenção, o esporte é
muito saudável, viu? Todos estão usandu
ténis? Estamos indo práa a pistá do atletismo, ao lado dá grama, tá? Está
chovendo? Na aula anterior quem foi goleiro? Tire dáí esses trecu, por favor!
O diretor de turma:
-Não conheçu seus pais, e esta moça é
quem mesmo? Mostre-me sua carteira dji identidadji. Veio dji treim? Aleijou-se?
Está precisando dji um esparadrapu?
- Quem foi dando cantadas às moças,
hoje di manhã?
- Seu Valter, não está nem aí para
nada, né! Tendji nada, qui papo é essi di provas na geladêra?! Não foi eu qui
djisse. Aja páciência! Mi poupe, depois eu tjiaviso. Foi muita briga prá poco
ziriguidum.
O professor de História ou outro
qualquer que use terno:
- Vão abrindo àu apostilás sobre u
planejamentu realizadu na aulá anteriô Num joguem fora a questão dá aula qui
foi já checada, né?. Usem u grampeadorrr prá juntá as folhá. Comu assim?
- Pois não? Estão escutando? Quem foi
Seu Marquês di Pombau?
- Fiquem ligados nu Classroom, vou
dar mais umás dicá pra ocês. Tira eu perto de ti. Qui treim é esse ná sua mesa?
Ocê num está enxergandu, nãu? Si eu diz, está dizidu! Etá Vige Mariá!
Será que vale mesmo tudo?
Publicado em NVR- 18|12|2024