25 dezembro, 2014
07 dezembro, 2014
Parada na linha do tempo
Fotografia: Manuel Cosentino.
Eras tu, sem seres, parada e demente na linha do tempo. Sem orientação, sem rumo, parada sem bagagem no apeadeiro da vida, dando-nos a grande lição da vida, a aguardar pacientemente a morte anunciada.
Fomos-te perdendo, anos antes, em cada olhar que se despedia de nós, como uma paisagem que se some no horizonte. Fingíamos não perceber e fazíamos contigo, planos para o futuro, sabendo que o futuro já tinha ficada para trás há muito. Não tínhamos lágrimas, apenas surpresa e ansiedade por aquilo que ainda te estaria reservado, apelando todos os dias para a nossa força interior, que muitas vezes claudicava vertiginosamente. O desespero de não se perceber a demência. O desespero de não termos armas para lutar por ti. O desespero de em cada noite te tornares ainda mais distante e desconhecida de nós.
Eras tu, sem seres, parada e demente na linha do tempo. Sem orientação, sem rumo, parada sem bagagem no apeadeiro da vida, dando-nos a grande lição da vida, a aguardar pacientemente a morte anunciada.
Fomos-te perdendo, anos antes, em cada olhar que se despedia de nós, como uma paisagem que se some no horizonte. Fingíamos não perceber e fazíamos contigo, planos para o futuro, sabendo que o futuro já tinha ficada para trás há muito. Não tínhamos lágrimas, apenas surpresa e ansiedade por aquilo que ainda te estaria reservado, apelando todos os dias para a nossa força interior, que muitas vezes claudicava vertiginosamente. O desespero de não se perceber a demência. O desespero de não termos armas para lutar por ti. O desespero de em cada noite te tornares ainda mais distante e desconhecida de nós.
O entusiasmo, a
lucidez, a autonomia e a perseverança que te caracterizavam, abandonaram-te tão
cedo, que as manhãs poderiam ser tardes, e as tardes, as noites, como se a
linha do tempo se tivesse subitamente tornado quebrada, por determinação de
ninguém.
Eras tu, sem seres,
apaticamente estacionada no tempo, e nós, plateia forçada dessa despedida
dolorosamente injusta.
Bj mãe
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