https://www.youtube.com/watch?v=UXEw_b7F3mk
Hoje no Karranca às quartas.
Vila Real conseguiu uma
programação mensal, com concertos de órgão, de grande qualidade. Ao longo deste
ano civil tivemos um concerto por mês, com organistas de gabarito
internacional, oportunidade rara ao nível cultural. Os vila realenses andam
distraídos e não enchem a Sé. Sobram cadeiras vazias.
Deveriam melhorar a
divulgação destes eventos. É preciso encher a Sé. Só tenho encontrado
informação no Facebook no perfil “Órgão sinfónico da catedral de Vila Real”. Há
pessoas que não têm Facebook e tenho partilhado via mensagem esta informação.
Encontro no público, sempre as mesmas pessoas. É urgente divulgar e envolver os
jovens, nestes espectáculos raros e gratuitos. Ter o Conservatório de Música,
mesmo ao lado, dá que pensar. Onde estão os jovens instrumentistas?
Temos esta oportunidade
desde 2016 e não a estamos a valorizar e enriquecer. Um órgão Mascioni, com
quatro teclados e 33 registos para um total de 2.180 tubos, não é para qualquer
um, nem para qualquer espaço, e nós temos!
Sou roqueira como
disse, não me considero uma melómana e também não sou daquelas que dizem que só
trabalha ao som da música clássica; a minha “música” é mais pilares e vigas, rock
and roll e blues… mesmo assim, aprecio boa música e não desperdiço
oportunidades destas, até porque são únicas, cumprem-se horários, o alinhamento
nunca é pesado e durante esse tempo mergulho na sonoridade do órgão de tubos,
exaltada pela sonoridade do lugar, uma nave gótica, sóbria, de granito à vista,
datada originalmente de 1424. Ou seja, ainda no dia 14 Novembro usufruí da
sonoridade produzida pela organista italiana Federica Iannella, organista com
22 anos nesta vida, num espaço com 600 anos de história, orações e recolhimento.
Ainda teremos o
concerto do dia 12 de Dezembro com José de Eça (Portugal) tenor e Giampaolo di
Rosa.
Fiquem em casa, no sofá,
vendo a programação “maravilhosa” da televisão e depois digam que Vila Real não
tem oferta cultural. Por favor mudem de vida e de velhos hábitos. Isto não é só
encher a avenida para ver a Bárbara Bandeira e o Fernando Daniel, há mais
mundos para além deles.
Publicado em NVR 20|11|2024
Hoje foi dia de beijos e abraços, vários e apertados.
11 amigos a festejar a amizade, e tudo aquilo que nos une ainda hoje. Éramos o grupo de assalto à diversão da rua do Breiner e da Rua Montes Burgos, na cidade do Porto, há muitos anos. Jantares, festas de garagem, passeios, encontros no café e alguns, noites sem dormir debruçados no estirador. O Porto era nosso, na Ribeira, no Bateau, na Casa de Chá e no 1º do Hotel D. Henrique-~
Gostei de vos ver, as saudades nunca se matam, sentem-se, e nós continuaremos a senti-las. O que mais interessa é que cada um pertence às vivências dos outros e vive nos seus corações.
Tivemos uma sala por nossa conta, festejamos a vida, recordamos cenas, rimos e combinamos encontros futuros - tanto para partilhar em tão pouco tempo. Cada um teve o seu percurso de vida, todos bem-sucedidos, bem-dispostos e bem-resolvidos e agora é continuar a aproveitar a vida.
Gosto-vos tanto.
Uma imagem vale mais do que mil
palavras.
Esta
imagem, referenciada em muitos títulos, revela o espanto de alguns americanos e
do mundo e o sentimento de perda de algumas conquistas em benefício do Homem e
da democracia.
Desde
quarta, que me deu o súbito desejo de ver o canal Panda, pelos motivos óbvios.
Depois
regressei à realidade e de tudo o que vi e ouvi sobre o tema, retive a seguinte
frase: “(…) a democracia, o único sistema que permite hoje ao fascismo
atingir o poder sem golpes de Estado.(…)”[Carlos Esperança].
Parece-me
surreal, que as mulheres votem contra os direitos das mulheres, os negros votem
contra os negros, os latinos votem contra os latinos, os emigrantes votem
contra a emigração, os intelectuais votem contra a cultura, os tolerantes votem
contra a tolerância e os pobres votem contra os pobres… Foi assim na América, e se é assim… verei
mais vezes o canal Panda.
É
curioso também que, logo após a divulgação dos resultados desta eleição, e
consultando a plataforma Trends da Google, página que proporciona seguir a
tendência de pesquisa, por temas e países, e esta indique que a pesquisa mais
procurada “foi mudar-me para Portugal”. Será verdade? Vamos levar com o Camones?
Qual
será o verdadeiro significado desta pesquisa?
Portugal
é já um dos destinos de férias preferencial dos norte-americanos. Entre Janeiro e Junho de 2024, o país recebeu
mais de um milhão de turistas dos EUA, um crescimento de 15% face ao período
homólogo de 2023. Segundo o Relatório de Migração e Asilo de 2023, viviam em
Portugal mais de 14 mil norte-americanos (14.126), número que aumentou 44,2%
face à mesma contabilização relativa a 2022.
Preparem-se
que os Camones virão por aí. Teremos mais um empurrãozinho na especulação
imobiliária.
Trump
sai vitorioso e agora está mais bem preparado para cortar a direito e vingar-se
dos opositores. Temos também Elon Musk como figura importante neste xadrez,
pronto a avançar para a próxima presidência, apesar de ter nascido na África do
Sul, mas facilmente Trump mudará a lei que impede o acesso de Musk. Ele diz que
quer vender carros e foguetes, já é o homem mais rico do mundo, mas ele
pretende ser ainda mais rico.
Resumindo,
a política virou negócio incontrolável, cuja dimensão nos passa ao lado, com
todos os que irão sofrer com isso a apoiarem e votando contra os seus próprios
valores e princípios. O mundo saiu do seu eixo, e opinar é algo que nem faz
sentido.
Publicado em NVR 13|11|2024
"Vieira da Silva sempre evocou a importância da
biblioteca do avô materno, na casa onde viveu entre 1911 e 1926. Educada em
casa, num mundo de adultos, a jovem Maria Helena fazia da imaginação e dos
livros poderosos aliados na sua solidão e na descoberta do mundo. A biblioteca
terá sempre um lugar fundamental na vida e obra da artista, assim como o
carácter mágico e o mistério que a envolvem."
A desorganização do
Planeta Terra
É com surpresa,
consternação e receio, que temos acompanhado a tragédia de Valência. Após
alguns dias, o balanço é assustador, assim como as imagens, que tivemos
oportunidade de ver, quase em directo. Mais de 212 pessoas morreram e imensas
pessoas continuam desaparecidas, perdidas em toneladas de lamas, dejectos e
tudo o que aquelas chuvas repentinas alagaram e arrastaram consigo, automóveis,
árvores, pequenas estruturas e uma ponte.
O Planeta Terra tem
enviado avisos, cada vez mais frequentes para vários sítios e países; nada está
bem neste planeta, que entrou em fase de desorganização progressiva.
Arriscando mais uma
vez a ser politicamente incorrecta ou pouco assertiva, para alguns leitores, na
minha modesta opinião, não se influência o comportamento dum planeta com a
nossa atitude activa e preocupada sobre a separação de lixos domésticos. Ajuda
apenas, mas nada resolve. Mais uma vez vieram a terreiro alguns radicais, que
atribuem as culpas à minha geração dos anos 60 e 70 e lembrando como são
importantes as manifestações dos ambientalistas que atiram tinta para todo o
lado. Enfim!
É demasiado evidente e
todos temos consciência, que estes episódios dramáticos estão directamente
ligados com as alterações climáticas – aumento de temperatura, seca, chuvas
torrenciais, tufões e mais o que se verá, tudo é consequência de um planeta em
desequilíbrio e que já é muito difícil contrariar.
Contestar é a forma
mais fácil de divulgar esta preocupação, que afinal é de todos, difícil é alterar
práticas e estilos de vida. Ninguém quer regredir para o modelo de sociedade
rural do século XIX. Todos queremos o nosso banho de manhã, ter água
canalizada, despachar detritos pelas redes sanitárias, viver numa casa
confortável, de Verão refrescada com ar condicionado, e no Inverno aquecida e
com piso radiante. É isto que todos querem e os nossos jovens, que atiram tinta
danificando património, também querem e não passam sem o seu telemóvel com rede
5G. Todos queremos ir ao supermercado e comprar carne, peixe, pão, legumes,
numa embalagem de plástico higienizada. E todos nós ambicionamos fazer férias,
embarcando num voo de avião até um paraíso tropical. Depois separamos lixo,
alguns têm painéis solares e carros eléctricos, reciclamos alguns bens
domésticos, vendemos roupa para uma segunda mão e ficamos de consciência
tranquila, sim, porque pouco mais conseguimos fazer.
O problema é muito
mais complexo e consta de uma progressão tresloucada das economias mundiais,
desde a revolução industrial, e da transformação do próprio planeta, das suas
regiões, com características próprias, e que o Homem foi alterando em seu benefício,
especialmente a ocupação indevida do território. Não são só as ocupações dos
cursos de água, activos ou inactivos, pela construção urbana acelerada.
Poucos alertam para a
mudança nas plantações de produtos. Nunca se viu plantações de kiwis em
Trás-os-Montes, abacates, bananas e outros frutos tropicais no Algarve.
Agricultores e ambientalistas dividem-se quanto a esta questão – o uso indevido
dos solos nas culturas de regadio, a substituir as culturas de sequeiro. E como
os átomos não se vêem, seguimos em frente e só quando se transformam em
tragédia é que levamos com os átomos da desgraça na cabeça.
Foquei apenas uma
situação neste nosso país pequenino, mas de facto a acção galopante do Homem
verifica-se em todo o mundo. Refiro-me à construção de grandes cidades nos
países árabes, que têm transformado o deserto em oásis gigantescos de luxo e de
conquista à natureza. Pouca informação aqui chega sobre as ilhas artificiais,
que proliferam pelo mundo, a agricultura efectuada nos desertos (Califórnia,
Austrália, Arábia Saudita, Israel), florestação ou revegetação de desertos,
alterações na fauna autóctone, dessalinização da água do mar para criar
reservas de água, onde nunca as houve, controlando o ambiente e proporcionando
uma agricultura “sustentável” (palavra perigosíssima que alivia consciências). E que me dizem à semeadura de nuvens, que
inventaram para chover no deserto? - Emirados
Árabes, Omã e Arábia Saudita.
O Planeta Terra está
farto deste monstro chamado Homem. A Terra permite-nos viver cá, mas é como um
senhorio rigoroso, temos que zelar pela conservação, não podemos fazer obras,
nem mudar os móveis de sítio.
Publicado em Notícias de Vila Real 6/11/2024